45 - O ápice da atração humana

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Eu acordo e não consigo acreditar

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Eu acordo e não consigo acreditar. Dormi numa cama confortável ao lado de Ten, que está com todo o cobertor para ele. Por um motivo muito óbvio, isso não me irrita. Eu deixo, acho que ele merece.

Meu movimento ao acordar o faz acordar também, tanto que seu corpo gira e ele fica de frente para mim. Eu gosto do fato de ele estar de costas quando eu acordo, porque minha primeira e única vontade é abraça-lo por trás. E mesmo que tenhamos nos beijado bastante ontem à noite — ou hoje, tanto faz —, ainda me sinto machucado.

— Você tá bem? — quer saber.

— Uhum. Está tudo bem — respiro fundo.

Tento me espreguiçar, mas paro no instante seguinte ao sentir meus músculos destruídos. Minhas pernas estão um caco, assim como minhas costas. Eu não sei quem eu sou hoje, porque o Taeyong está a desgraça em pessoa.

— Ten, os policiais vieram?

— Pouco depois de você cair no sono — senta-se na cama.

— E o que disseram?

— Sei lá, não lembro. Devem estar por aí — seus olhos ainda estão entreabertos, então eu entendo o porquê de ele estar parecendo confuso. Mal acordou.

— Seu corpo também está doendo?

— Imensamente.

Sento-me na cama também.

— Vira para mim — peço, então deslizo meu corpo até chegar perto dele. Seguro seu rosto e analiso. — Melhorou, mas ainda está horrível.

— Só cirurgia, né? — ele sorri daquele jeito provocativo e eu penso em como isso ilumina o meu dia.

— Haha — reviro os olhos. — Sabe que eu estava brincando naquele dia, né?

— Tem certeza? Eu estou realmente pensando em fazer uma cirurgia.

— Onde? — arregalo os olhos.

— Aqui, olha — ele aponta rapidamente para alguma parte do seu rosto. Não identifico.

— Onde?

— Chega perto para ver — ele desliza mais o corpo na minha direção e aproxima o rosto do meu.

— Hm?

— Aqui — ele aponta para a própria boca e depois me dá um beijo rápido. Idiota. Ele se afasta sorrindo pela brincadeira besta que fez.

— Ai, que susto! — espalmo a mão direita no peito. — Pensei que você realmente queria fazer uma cirurgia plástica.

— Ah, eu não preciso disso — dá de ombros.

— Tá se achando demais, viu Ten? — dou uma empurrada de leve nos seus ombros enquanto ele ri.

Saio da cama com muita preguiça. Ten vem comigo. Ambos paramos no banheiro e decidimos escovar dentes juntos. Estou sonhando com o café da manhã, porque estou morto de fome outra vez. Acredito que quando ficamos muito tempo sem comer, a fome acumula. Por mais que eu coma, sempre vou ficar querendo mais. Não sei se é uma teoria muito válida, mas é a única que penso.

Eu olho para Ten pelo espelho, distraído, coçando o bumbum enquanto escova os dentes. Eu sorrio no meio do processo e não sei bem o porquê. É bem bobo isso, mas hoje me sinto melhor. Sinto-me melhor que ontem ou anteontem.

— Para de coçar a bunda — eu reclamo, mesmo com a boca cheia de espuma. — Vou cuspir em você se continuar.

— Faça no meu lugar, então — sua reclamação em forma de convite me faz rir.

Chego perto o suficiente para agarrar sua cintura. Ele ri, mas mesmo assim não paro. Desço a mão até sua bunda e coço onde ele estava coçando. É engraçado, porque ele não fica parado, começa a rir que nem idiota.

— Você quer que eu ajude ou não? — largo a escova na boca para usar minha outra mão ao fazer isso também.

— Não… — seu rosto está vermelho de vergonha e ele tenta se escorar na parede branca do banheiro. Ele também larga a escova dentro da boca e usa as mãos para cobrir o rosto.

— O que foi? — meu tom é de preocupado, mas eu continuo provocando seu bumbum. Acho que ele se sente tímido com isso. Dou umas apertadinhas para ele perder a paciência comigo. Eu amo quando ele perde a paciência.

— Taeyong… — afasta o dedo indicador do médio, deixando um espaço para seus olhos, já que ambas mãos ainda estão no seu rosto.

— Hm? — chego mais perto dele.

— Devido as recentes atividades que fizemos num hotel… e dado ao fato de eu estar praticamente no ápice da atração humana… atualmente me vejo impossibilitado de receber carinho ou contato na bunda vindo de você sem sentir nem que seja um tiquinho… de tesão — depois de dizer, cobre o rosto de novo.

Eu solto seu corpo no mesmo instante, envergonhado também. Sei que somos adultos e essas coisas são comuns, mas neste momento me sinto até um adolescente bobinho que não entende das coisas. Ten me abraça por cima dos ombros em seguida, e então esconde o rosto no meu peito. Acabo sorrindo com isso e penso aqui comigo… o Ten é caidinho por mim também. Então eu confio nele.

— Você tá sujando minha camisa com pasta de dente?

— Com certeza.

— Te odeio, Ten.

— Também.

Eu rio conosco e, antes mesmo de eu perguntar algo, escutamos três batidas violentas na porta. Assusto-me, porém sou rápido em me afastar de Ten. Ambos cuspimos a espuma do creme dental e largamos nossas escovas de qualquer jeito sobre a pia. Ten termina primeiro, então vai lá abrir a porta. Eu estou secando ainda minha boca, mas escuto as vozes.

Saio do banheiro às pressas. A primeira coisa que vejo é o símbolo da polícia no fardamento de alguns homens parados à porta. Mas um deles não tem. E quando vejo quem é, vindo na minha direção, automaticamente começo a chorar. Corro até alcançar os braços dele e choro como se tivesse sete anos de novo.

— Você tá bem, filho? — meu pai pergunta.

Choro contra o paletó cinza que está usando. Aperto-o bem forte.

— Eu tô, pai. Eu tô bem, sim.

Aperto os olhos para me livrar das lágrimas, mas não tenho êxito. Por cima dos ombros do meu pai, enxergo Ten sorrindo para mim sem mostrar os dentes, perto dos policiais. Faz sinal de legal com as mãos para mim e eu me sinto bem. Ele está brilhando, embora o rosto ainda pareça dolorido, e o olho roxo chame atenção. Mas não importa, porque ele realmente está feliz em me ver bem. Era tudo que eu queria. Então, estou feliz com isso, mesmo que eu esteja chorando e minhas mãos estejam tremendo compulsivamente. Tudo acabou bem. Exatamente acabou bem.

CRAZY TAXI (BY MISTAKE) ✘ tae.tenOnde histórias criam vida. Descubra agora