Capítulo Dezoito

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Marlon Shipka:

Olhei pela janela do quarto que me foi cedido, observando o primeiro brilho do sol despontar no horizonte. Uma onda de excitação me invadiu, fazendo meu coração acelerar. Pulei da cama com a energia de quem mal pode esperar pelo dia, sentindo a adrenalina correr nas veias. Fui direto ao banheiro, onde me arrumei apressadamente, com mãos trêmulas de antecipação.

A pressa era tanta que nem me dei conta de que havia deixado de lado o livro de capa marrom, repousado na mesinha ao lado da cama. Seu desenho delicado de uma rosa entrelaçada em um coração parecia chamar por mim, mas meu entusiasmo pelo que estava por vir me fez ignorá-lo completamente. O que o dia me reservava parecia muito mais urgente e cheio de promessas do que qualquer segredo que aquele livro pudesse conter.

Desci para a cozinha, o ambiente ainda silencioso e calmo, e comecei a usar um pouco de magia para cuidar das tarefas matinais. O que descobri na noite anterior ainda ressoava em minha mente: as meninas, aparentemente, eram de outro mundo e desempenhavam um papel crucial quando ele cruzava para o "outro lado".

Com tudo organizado, ouvi passos suaves se aproximando. Virei-me a tempo de ver o chefe surgir na entrada, sua aparência em parte comum, mas com algo sutilmente diferente, como se uma aura de mistério o envolvesse. Ele piscou os olhos, como se precisasse ajustar-se à realidade do momento.

— Bom dia. — Ele me cumprimentou com um aceno casual. — Você acordou bem cedo e, pelo visto, usou magia para dar conta de tudo por aqui.

Sorri, um pouco constrangido, enquanto ele balançava a cabeça com um sorriso divertido.

— Bem, ainda são apenas oito e meia da manhã — ele continuou, com um olhar que misturava surpresa e aprovação. — As lojas onde compro meus ingredientes nem abriram ainda. Mas, ouvi um zumbido vindo do seu quarto. — Sua expressão tornou-se curiosa. — Você trouxe algo do outro mundo que tenha magia própria?

Suas palavras me deixaram alerta, e sem hesitar, voltei ao meu quarto. O som estava lá, um zumbido suave, vindo do livro que eu havia encontrado naquela manhã. Quando o abri, as palavras surgiram magicamente na página, formando uma mensagem na letra inconfundível de Otto.

"Espero que esteja bem em sua viagem. Estou desejando que tenha uma boa estadia no lugar onde está hospedado."

A mensagem era cordial, mas ao mesmo tempo, havia algo mais nas entrelinhas. O que veio a seguir me surpreendeu ainda mais:

"Enviei Drake ao seu quarto para colocar o livro em sua mala. Pelo que posso perceber, este é um livro mágico, provavelmente conectado a outro por feitiços de ligação. Magia desse tipo é rara e poderosa, geralmente só confiada àqueles em quem se pode realmente confiar ou que são capazes de cuidar dela com verdadeira devoção."

Permaneci imóvel por um momento, absorvendo o que lia. Então, com um suspiro, procurei uma caneta e comecei a escrever minha resposta, deixando que as palavras fluíssem sem filtro.

"Então você enviou Drake ao meu quarto para esconder este livro na minha mala. Isso realmente é algo audacioso, Otto, e um tanto invasivo. Mas vou te perdoar desta vez... talvez."

Com a caneta ainda em mãos, fechei o livro com um pequeno sorriso, sentindo uma mistura de irritação e diversão. Otto, sempre com suas surpresas, parecia nunca deixar de provocar minhas emoções de forma inesperada.

Esperei, ansioso, por alguma resposta que pudesse surgir no livro, mas a página permaneceu em silêncio, as palavras de Otto já dissipadas. Ao olhar para o relógio na parede, percebi que as lojas onde compraria os ingredientes finalmente deveriam estar abrindo. Com um leve suspiro, coloquei o livro de volta no quarto, mas não sem antes lançar um feitiço de proteção sobre ele, garantindo que apenas eu pudesse abri-lo.

O bruxo imperadorOnde histórias criam vida. Descubra agora