Capítulo Trinta e Quatro

87 75 0
                                    

Marlon Shipka:

Entramos no quarto, o ambiente ainda carregado de uma leve tensão. Coloquei Alice cuidadosamente na cama, tentando transmitir o máximo de calma possível. Denis se sentou ao lado dela, o olhar cheio de carinho, mas não pude deixar de notar as orelhas de fera surgirem em sua cabeça e o rabinho de animal mexendo nervosamente. Era evidente que ele também estava com medo, mesmo que estivesse tentando ser forte para a amiga.

— Alice, olha para isso — chamei sua atenção suavemente. Murmurei um feitiço, e minhas mãos começaram a brilhar. No ar, um bonequinho de luz surgiu, começando a cantar uma melodia infantil, uma música que eu adorava ouvir na minha infância.

Aos poucos, o choro de Alice foi cessando. A melodia suave encheu o ambiente, espalhando uma calma acolhedora pelo quarto. A menina, ainda com lágrimas nas bochechas, olhou para a luz com olhos curiosos e encantados.

— Eu sempre estarei aqui para proteger vocês — disse com suavidade, enquanto enxugava as marcas de lágrimas no rosto dela. Alice, ainda com a voz embargada, respondeu:

— Eu vou sempre ficar ao lado de você, princesa.

Os olhos de Alice brilharam ao ver um dos bonequinhos de luz voar até a palma de sua mão. Ela o segurou com cuidado, sentindo o calor reconfortante da pequena criatura. Um sorriso orgulhoso surgiu em meu rosto ao vê-la finalmente se acalmar. Girei os dedos e, com um estalar suave, um papel apareceu entre nós.

— Surpresa! — anunciei, segurando o papel diante dela. — Eu queria contar isso em outro momento, mas acho que agora é a hora perfeita. — Coloquei o papel em suas pequenas mãos e continuei: — Aqui diz que você e o Denis são oficialmente meus filhos.

Os olhos de Alice se arregalaram, e antes que eu pudesse reagir, ela pulou em meus braços, a alegria voltando a preencher seu rosto. Denis, com um brilho tímido nos olhos, puxou a manga da minha calça e me abraçou apertado. Eu ri com o entusiasmo dos dois, sentindo meu coração se aquecer com a cena.

— Agora, vocês podem dizer que são meus filhos e que não precisam temer nada — falei, dando um tapinha carinhoso nas cabeças deles. A risada alegre de Alice preencheu o quarto, e Denis, apesar de silencioso, mexia a cauda animadamente, mostrando o quanto estava feliz.

Mas, por trás da minha felicidade, havia uma ponta de ansiedade. Como Otto reagiria a essa revelação? Fiz tudo em segredo, nos momentos livres, porque queria ter certeza de que estava tomando a decisão certa. Mas, vendo a felicidade dessas crianças, soube que não havia como me arrepender.

O que realmente importava era o bem-estar delas. Elas passaram por dias sombrios, marcados pelo medo do mundo ao seu redor. Agora, finalmente podiam sentir o calor de uma família, algo que antes parecia distante e inalcançável. Eu queria que elas soubessem que, independentemente do que acontecesse, nunca estariam sozinhas novamente.

Otto, que estava observando tudo em silêncio, finalmente se aproximou. Senti seus braços ao nosso redor, envolvendo-nos com um abraço caloroso.

— Alice, Denis, vocês não precisam mais se preocupar em estarem sozinhos ou com medo. Este castelo é o lar de vocês agora. Desde que vocês e o Marlon entraram na minha vida, meus dias ficaram mais cheios de cor e meu coração, repleto de amor. Obrigado por estarem comigo.

Olhei para Otto e vi em seus olhos uma resolução firme, como se aquelas palavras fossem a mais pura verdade de sua alma. Não havia dúvidas em seu olhar, apenas amor e a certeza de que ele faria de tudo para proteger nossa nova família.

— No futuro, vocês nunca mais estarão sozinhos como antes. Eu prometo. — Minha voz saiu baixa, mas carregada de sinceridade. — Eu juro que nunca vou deixar vocês.

O bruxo imperadorOnde histórias criam vida. Descubra agora