Capítulo Trinta e Oito

18 102 1
                                    

Marlon Shipka:

Otto me acompanhou em silêncio até o escritório, um lugar onde muitas decisões difíceis já haviam sido tomadas. As paredes, forradas de estantes repletas de livros antigos e mapas detalhados do império, pareciam testemunhas silenciosas das complexas estratégias que ali nasciam. Quando chegamos, fechei a porta com calma, girando a chave suavemente. O som do trinco se encaixando ecoou no ambiente, como um prenúncio da seriedade da conversa que teríamos.

Otto se aproximou da mesa central e ficou parado por um momento, com o olhar fixo em um ponto invisível. Sabia que ele estava ponderando cada detalhe, cada possibilidade, porque assim era Otto — meticuloso e prudente. Eu me aproximei, sentindo o peso da responsabilidade que recaía sobre nós. Estávamos lidando com algo muito maior do que apenas uma criança perdida; estávamos enfrentando uma ameaça que podia desestabilizar todo o império.

— Theorban não é só um conde falido com desejos megalomaníacos — comecei, rompendo o silêncio. — Ele tem aliados perigosos, como Lídia mencionou, e se está manipulando pessoas com magia, isso significa que ele está disposto a qualquer coisa para alcançar seus objetivos.

Otto assentiu lentamente, os olhos fixos em mim enquanto suas mãos se apoiavam na mesa de madeira polida.

— Concordo. Já ouvimos falar sobre os gigantes renegados e as fadas exiladas, mas o que mais me preocupa é Matteo Shipka. Se ele realmente foi trazido de volta à vida, isso muda completamente o jogo. Ressurreição não é uma magia comum. Há um custo, um preço que Theorban deve estar pagando, e precisamos descobrir qual é antes que ele cause ainda mais danos.

A menção de Matteo fez minha mente girar. Ele era uma lenda, alguém que havia desaparecido há décadas e cuja morte havia marcado o fim de uma era sombria. Se Theorban encontrou uma maneira de ressuscitá-lo, então estávamos lidando com uma ameaça muito além do que imaginávamos.

— Não podemos subestimá-lo — acrescentei, sentindo a urgência aumentar. — Precisamos reforçar a segurança no palácio e garantir que Lídia esteja protegida. Mas, além disso, temos que encontrar uma forma de chegar até Theorban antes que ele avance ainda mais em seus planos. Ele vai querer Lídia de volta, e provavelmente tentará usar a força para isso.

Otto assentiu novamente, mas desta vez sua expressão endureceu, como a de um comandante que já se preparava para a guerra.

— Já coloquei meus espiões em movimento. Quero informações detalhadas sobre cada movimento nas fronteiras do império, especialmente nas áreas onde Theorban costumava operar. Se ele ressuscitou Matteo, então não vai demorar para ele reunir um exército de renegados e criaturas corrompidas. Precisamos estar prontos para o pior.

— E quanto a Lídia? — perguntei, a preocupação evidente na minha voz. — Ela é o centro de tudo isso, e qualquer movimento errado pode colocá-la em perigo.

Otto respirou fundo, como se buscasse forças nas profundezas de sua alma.

— Vamos manter Lídia o mais distante possível das decisões estratégicas. Ela não precisa carregar o peso disso agora. Mas precisamos estar cientes de que ela pode ser uma peça-chave, tanto para nós quanto para Theorban. Devemos tratá-la com cuidado, mas também nos preparar para o caso de ele tentar algo diretamente contra o palácio.

A tensão no ambiente era palpável, como uma tempestade se formando à distância. Eu sabia que cada passo daqui em diante precisava ser dado com precisão cirúrgica. Não havia margem para erros.

— Vou reunir nossos aliados de confiança e começar a planejar nossas ações — declarei, sentindo a adrenalina correr em minhas veias. — Precisamos de um plano que seja tanto defensivo quanto ofensivo. Não podemos esperar que Theorban faça o primeiro movimento.

O bruxo imperadorOnde histórias criam vida. Descubra agora