Narrador:
Marlon sentia como se estivesse despencando em um abismo sem fim, mergulhando cada vez mais fundo em uma escuridão densa e sufocante. A sensação de queda era acompanhada por algo ainda mais aterrador: uma presença fria e implacável que se infiltrava em cada fibra de sua alma, invadindo seus pensamentos, suas memórias e até mesmo suas emoções mais íntimas. Era como se sombras vivas se enroscassem ao redor de seu ser, tentando arrastá-lo para as trevas, sussurrando promessas de desespero e dor. Marlon lutava, mas quanto mais resistia, mais a escuridão parecia se fortalecer, envolvendo-o em um abraço gelado que ameaçava consumi-lo por completo. A sensação de ser puxado para um lugar de onde não haveria retorno era avassaladora, e, no fundo, um medo primal começava a tomar conta, fazendo seu coração disparar em um ritmo frenético, como se estivesse à beira de um colapso.
Ele viu, como flashes de luz ofuscantes no meio da escuridão, as memórias de cada uma de suas vidas passadas emergirem de forma caótica, como se estivessem sendo arrancadas à força de dentro dele. Uma enxurrada de imagens, sensações e fragmentos de momentos vividos invadiram sua mente, sobrepondo-se umas às outras. Ele se viu revivendo as dores, as alegrias e os arrependimentos de cada existência, uma após a outra, como se estivesse percorrendo um caminho doloroso através de tudo o que foi e tudo o que perdeu. Em cada cena que se revelava, ele reconhecia o olhar de quem foi, as escolhas que fez e os corações que partiu ou que o partiram. Era como se as sombras ao seu redor estivessem alimentando-se dessas lembranças, tentando distorcê-las, corrompê-las, enquanto o arrastavam para mais fundo nas trevas. Era um desfile cruel de quem ele havia sido em cada vida, revelando o ciclo interminável de esperanças destruídas e amores desfeitos, deixando-o à beira da ruína enquanto tudo o que ele já foi se desenrolava diante de seus olhos como um pesadelo interminável.
— Ainda quero entender como, depois de tudo isso, você ainda deseja viver sem se render e se tornar parte de mim? — A voz de Marlun ecoou, fria e implacável, vindo de todos os cantos ao redor de Marlon, como se a própria escuridão estivesse sussurrando em seu ouvido. — Cada pequena dor, cada ferida não cicatrizada, cada mágoa que te despedaçou, e mesmo assim você insiste em seguir, em lutar para viver... Por quê? Como ainda pode ter essa esperança tola?
A voz de Marlun carregava um tom que misturava desprezo e curiosidade genuína, uma voz que conhecia os segredos mais sombrios do coração de Marlon, como se estivesse tentando arrancar até o último vestígio de resistência.
Marlon respirou fundo, seus punhos cerrados, o peito arfando com o esforço de manter-se firme diante da presença esmagadora ao seu redor. As sombras pareciam mais densas, como se quisessem se enroscar em torno dele, sufocá-lo, mas ele se recusava a ceder. Seus olhos brilharam com determinação enquanto encarava a escuridão ao redor.
— Não vou desistir — ele murmurou, a voz rouca, mas firme. Mesmo que estivesse cercado pela escuridão, mesmo que sua alma estivesse sendo dilacerada por aquelas memórias e feridas, havia uma chama em seu interior que se recusava a se apagar. Era a sua própria essência, a vontade de viver, de lutar, de não se submeter àquilo que tentava corrompê-lo.
— Vou resistir... porque a vida, apesar de toda a dor, ainda vale a pena ser vivida. E eu não sou uma simples marionete das sombras.
A resposta de Marlon cortou o silêncio como uma lâmina. As trevas ao redor dele vacilaram por um breve momento, como se Marlun tivesse sido surpreendido pela firmeza na voz de Marlon. O confronto entre luz e sombra, entre o desejo de viver e a tentação de sucumbir, continuava, mas Marlon se mantinha firme, decidido a não se render, a manter-se fiel ao que ainda o fazia humano.
— Deveria apenas desistir de tudo — Marlun sussurrou, a voz carregada de um veneno sutil, repleta de uma escuridão que parecia querer se entranhar em cada parte do ser de Marlon. Em um instante, a figura de Marlun se materializou diante dele, emergindo das sombras como um pesadelo encarnado. Seus olhos eram abismos sem fim, que refletiam nada além de desespero e escuridão.
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O bruxo imperador
FantasíaMarlon Shipka é um bruxo poderoso de um clã do imperio de Summer, após ver seu amigo acender ao trono de Imperador decidiu fazer uma viajem para o império Otto para ajudar na recuperação do local. Lentamente foi restaurando o império e até fortalece...