Capítulo Cinquenta e Três

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Marlon Shipka:

Refiz as malas com cuidado, dobrando cada peça de roupa, enquanto a tensão do momento ainda pairava no ar. Quando voltei para o quarto, encontrei Otto vestindo algo inesperado: uma combinação casual de jeans e uma camisa simples, um contraste marcante com sua habitual elegância formal. No entanto, apesar da mudança de vestimenta, sua expressão estava tão concentrada quanto sempre. Ele andava de um lado para o outro, examinando alguns papéis com o cenho franzido, como se estivesse resolvendo enigmas complexos.

Parei à porta, observando-o por um momento. Com um sorriso suave, decidi intervir.

— Você sabe que estamos prestes a começar nossa lua de mel, certo? — comentei, tentando manter o tom leve, mas firme. — Nada de trabalho! O Drake já disse que pode cuidar das coisas por uma semana.

Estalei os dedos e, com um gesto rápido, fiz os papéis voarem das mãos dele até mim. Analisei o conteúdo por um instante e não consegui evitar uma risada.

— Como puxar assunto com os sogros? — li em voz alta, quase incrédulo. — Como puxar qualquer assunto sem saber o que dizer? Otto, isso é...

Ele me interrompeu, erguendo as mãos em um gesto defensivo, mas o brilho nervoso em seus olhos revelava mais do que ele gostaria de admitir.

— Em minha defesa, vou conhecer seus pais pela primeira vez... e, para piorar, ainda vou conhecer um mundo completamente novo para mim.

A sinceridade em sua voz fez meu coração suavizar. Sabia que por trás de toda a confiança e liderança que ele exibia para o mundo, existia alguém que se importava profundamente com cada detalhe, especialmente quando se tratava de algo que envolvia nossas vidas juntos. Eu me aproximei, envolvendo-o em um abraço e sentindo a tensão em seus ombros diminuir um pouco.

— Você não precisa se preocupar tanto — murmurei contra o peito dele. — Meus pais já vão adorar você pelo simples fato de que você me faz feliz... E quanto ao resto? Nós vamos descobrir juntos, um passo de cada vez.

Otto soltou um suspiro, finalmente relaxando em meus braços, e naquele momento soube que, independentemente das incertezas e desafios, teríamos cada um para apoiar o outro em qualquer jornada que viesse a seguir.

Me aproximei devagar, sentindo cada passo me aproximar daquele momento íntimo. Quando finalmente estava a poucos centímetros de distância, estendi os braços e envolvi seu pescoço com um gesto suave, quase instintivo. Nossos olhares se encontraram, e ali, naquele instante, tudo ao redor pareceu se dissipar, deixando apenas nós dois no centro de um mundo próprio.

Os olhos de Otto, geralmente tão calculistas e analíticos, mostravam um brilho vulnerável e sincero, como se buscassem em mim a segurança e o apoio que ele não podia expressar em palavras.

— Está tudo bem — sussurrei, sentindo a tensão dele se dissolver gradualmente enquanto meus dedos deslizavam pela base de sua nuca. — Não precisa carregar o peso de tudo sozinho. Estamos juntos nisso.

Pude ver como essas palavras tocaram algo profundo dentro dele. O leve tremor em sua respiração e a forma como ele se inclinou um pouco mais para mim mostravam que, apesar de toda a fachada de controle, ele permitia se render, ainda que por um breve momento, à sensação de ser cuidado e acolhido.

Continuei olhando em seus olhos, deixando que o silêncio falasse por nós, sentindo o calor reconfortante de estarmos tão próximos, sem a necessidade de mais palavras.

— Se quiser, podemos levar as crianças com a gente para te ajudarem com tudo — brinquei com um sorriso travesso, tentando aliviar o clima. — Meus pais adoraram a Alice e o Denis. Imagino que, assim que conhecerem a Lídia, vão se encantar com ela também.

O bruxo imperadorOnde histórias criam vida. Descubra agora