Capítulo Trinta e Três(início da 2°parte)

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Marlon Shipka:

Os dias seguintes se arrastaram em uma névoa de desconforto e exaustão. Eu me lancei numa busca incessante, tentando encontrar qualquer pista, qualquer indício ligado àquela figura maldita que um dia foi meu primo Matteo. Contudo, cada tentativa parecia terminar em becos sem saída. A frustração crescia a cada momento, e o cansaço começava a pesar em meus ombros.

Mas na noite anterior, uma ideia finalmente brilhou em meio à escuridão. Decidimos investigar uma antiga vila, conhecida no passado por estar profundamente envolvida com a chamada "magia do outro lado", uma prática proibida e temida. Anos atrás, a vila foi abandonada, seus habitantes fugindo do estigma e dos perigos associados à necromancia. O último feiticeiro necromante que morou ali deixou para trás um rastro de destruição, e com ele, a vila praticamente se esvaziou. Acreditamos que, se ainda restasse algum vestígio de magia necromante, poderíamos encontrá-lo nas ruínas daquela casa.

Badu, Lila, Lopes e Guilherme se juntaram a mim nessa jornada, já que eram os únicos que não estavam em serviço de patrulha na capital. Otto tentou insistir em vir também, mas o convenci a ficar e cuidar da segurança do império e do nosso povo. Não podíamos deixar tudo desprotegido.

Seguimos para a vila em uma carruagem, e usando um portal para encurtar o caminho, logo chegamos ao nosso destino. Ao entrar na vila, a recepção foi mista. Havia cerca de cento e dez moradores, e enquanto alguns nos observaram com curiosidade, outros pareciam ansiosos e inquietos, como se a presença de forasteiros trouxesse de volta velhas memórias que eles prefeririam esquecer.

Eu sabia que, desde que o último necromante deixou este lugar, o medo e o preconceito haviam expulsado muitos dos antigos moradores. Alguns abandonaram suas casas com pressa, determinados a nunca mais se associar a essa história sombria. Quando Badu parou a carruagem na entrada da vila, descemos e seguimos a pé em direção à casa do feiticeiro. O caminho era estreito e tortuoso, com áreas onde a vegetação selvagem praticamente engoliu o que restava da estrada. Era impossível para a carruagem passar por ali, mesmo que tivéssemos o melhor dispositivo contra os encantamentos de proteção.

A casa em si estava no fim de uma estrada sinuosa, rodeada por uma vegetação que cresceu descontroladamente ao longo dos anos. O lugar estava em ruínas, com paredes rachadas e partes do teto desabando. A natureza reivindicou o que restou, com trepadeiras e arbustos dominando cada canto. No entanto, apesar da decadência, algo me dizia que ali ainda havia poder.

Ao entrar, encontramos o que esperávamos: o compartimento secreto do necromante, protegido por camadas de feitiços antigos. Era impressionante como, apesar do estado deplorável da casa, os livros necromantes, poções e instrumentos de magia permaneciam intactos, preservados pela magia que selava aquele espaço. As energias que emanavam dali eram densas e sufocantes, como se o próprio ar estivesse impregnado de sombras e murmúrios de espíritos inquietos.

Respirei fundo, tentando afastar a sensação opressiva. Badu, Lila, Lopes e Guilherme estavam alertas, com os olhos atentos a qualquer sinal de perigo. Sabíamos que mexer com esse tipo de magia envolvia riscos, mas também era nossa melhor chance de entender quem estava por trás da ressurreição de Matteo e o que mais poderia estar em jogo.

— Vamos começar a procurar — falei, quebrando o silêncio. — Cuidado com armadilhas. Necromantes costumam proteger suas relíquias com feitiços traiçoeiros.

Todos assentiram e começamos a explorar o local. Eu mal podia imaginar o que encontraríamos, mas uma coisa era certa: aquela vila abandonada guardava segredos que poderiam mudar o rumo dos acontecimentos.

Em um canto escuro da sala, uma mesa empoeirada chamou minha atenção. Sobre ela, um pergaminho envelhecido estava parcialmente enrolado, mas o brilho suave de runas mágicas indicava que continha algo importante. Me aproximei com cautela e, ao desdobrar o pergaminho, percebi que se tratava de uma anotação. Antes que eu pudesse começar a ler, Guilherme, sempre curioso, olhou por cima do meu ombro e murmurou:

O bruxo imperadorOnde histórias criam vida. Descubra agora