Narrador:
A luz encantada brilhou um pouco mais intensamente, despertando Lídia suavemente de seu sono. Ainda com os olhos pesados, ela seguiu sua rotina quase mecânica: lavou o rosto com a água fria de um pequeno balde ao lado da cama, sentindo o frescor despertar cada parte de si. Sem demora, pegou a velha vassoura que estava encostada no canto da parede e, com passos suaves, saiu da cabana silenciosa.
De pé na soleira da porta, Lídia respirou fundo, espreguiçando-se enquanto sentia o aroma da madrugada. O ar fresco contrastava com a escuridão que envolvia tudo ao seu redor. Com os olhos ainda entreabertos, ela aproveitou o breve momento de paz antes de começar a tarefa diária. Quando os abriu novamente, já com um brilho determinado, segurou a vassoura com firmeza e começou a dançar com ela, como se fosse uma extensão de seu próprio corpo. Movia-se com uma precisão graciosa, fazendo a poeira se erguer suavemente ao ritmo de seus movimentos. Tomava o máximo cuidado para não desordenar os papéis meticulosamente espalhados pelo chão — os planos complexos e enigmáticos de seu tio, que pareciam um enigma constante em sua vida.
A cabana era simples, quase rústica, mas havia uma pureza em sua simplicidade. As roupas de Lídia, brancas e antiquadas, eram impecáveis, refletindo uma disciplina que contrastava com sua juventude. Sua cintura, esguia e reta, lembrava a tensão de um arco prestes a disparar. Apesar de estar envolvida na tarefa mais humilde, seu semblante mostrava uma serenidade quase sagrada. O movimento da vassoura em suas mãos era delicado, quase coreografado, guiado não pela força bruta, mas pela precisão suave dos pulsos. O chão, antes coberto por uma fina camada de poeira e detritos, logo ficou limpo, como se fosse acariciado pela brisa.
Lídia era uma menina de apenas dez anos, mas carregava em seus olhos cinzentos, que brilhavam intensamente sempre que seu poder se manifestava, uma sabedoria inquietante. Seus cabelos, brancos como a lua cheia, contrastavam com sua juventude e transmitiam a carga dos segredos que carregava. Ela era a aprendiz de seu tio, um homem enigmático e rigoroso, que a guiava nos mistérios da magia. Apesar de todo o seu esforço, Lídia sabia que seu progresso era lento — três anos se passaram desde que começou a estudar e, ainda assim, ela só conseguira acessar um terço da magia primordial que existia dentro de si. Seu tio não a deixava esquecer que aqueles que vieram antes dela já haviam ultrapassado esse estágio bem antes dos quinze anos, alcançando posições elevadas e prestígio. Mas para Lídia, o futuro ainda parecia distante e nebuloso, envolto em suspiros e expectativas frustradas.
Seu progresso limitado a tornava alvo de desprezo, uma "mediocridade" nas palavras duras de seu tio. Ele não hesitou em utilizá-la em um ritual sombrio para trazer Matteo Shipka de volta dos mortos, uma experiência que quase a destruiu. Por três dias, Lídia esteve à beira da morte, consumida por febre, enquanto os sussurros dos mortos infestavam sua mente, atormentando-a com pesadelos terríveis. Gritos abafados de desespero ainda ecoavam dentro dela, mesmo depois que o pior havia passado.
A vida naquela casa isolada era um ciclo interminável de práticas e obrigações, sempre sob o olhar severo de seu tio. Lídia se lembrava com amargura das vezes em que ficou dias sem comer, punida por um feitiço malfeito ou por pronunciar incorretamente uma palavra mágica. O sorriso cruel em seus lábios quando a castigava era um lembrete constante do perigo que ele representava.
Ela sabia, no fundo de seu ser, que foi ele quem tirou a vida de seus pais assim que descobriu o potencial da magia primordial que ela possuía. A magia primordial, uma das forças mais antigas e temidas do mundo, havia moldado lendas e tragédias ao longo das eras. Em livros antigos, estava escrito que aqueles que nasciam com essa dádiva eram explorados como meros instrumentos, suas vontades esmagadas por familiares e conhecidos que os tratavam como objetos, sem direito a escolhas ou sonhos.
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O bruxo imperador
FantasyMarlon Shipka é um bruxo poderoso de um clã do imperio de Summer, após ver seu amigo acender ao trono de Imperador decidiu fazer uma viajem para o império Otto para ajudar na recuperação do local. Lentamente foi restaurando o império e até fortalece...