Capítulo Vinte

146 86 93
                                    

Marlon Shipka:

Terça-feira finalmente chegou, trazendo consigo uma mensagem de Otto que surgiu assim que peguei o livro em minhas mãos.

Oi, bom dia. Como você dormiu esta noite?

Olhei para aquelas palavras e um sorriso tímido surgiu em meu rosto. Era estranho, mas reconfortante ver que Otto estava agora se comportando como um verdadeiro cavaleiro, preocupado com meu bem-estar.

Oi! Até que foi gratificante. Muitas coisas aconteceram no meu dia e, acredite ou não, parece que alguém se apaixonou pela minha beleza.

Enquanto escrevia a resposta, levantei-me da cama e fui até a mala para pegar minhas coisas e me arrumar. O dia prometia ser agitado, e eu queria estar preparado para tudo. Quando voltei ao quarto, uma nova mensagem piscava na página do livro.

Em menos de um três? Não se deixe enganar. Ele pode estar querendo se aproveitar de você. Eu deveria ter cancelado meus compromissos e insistido em ir com você.

A mensagem de Otto transbordava preocupação e um toque de frustração. Eu podia sentir o carinho e a preocupação em cada palavra, e isso me tocava profundamente. Senti um calor no peito, um misto de gratidão e inquietação, enquanto tentava processar a inquietação de Otto e o desejo dele de estar ao meu lado.

Pensei um pouco sobre isso e percebi que não daria certo por duas razões. Primeiro, Otto se afastou de mim e só agora começou a se comunicar através de um livro mágico para dizer algo. E, segundo, o mundo contemporâneo provavelmente não seria do agrado dele.

Está ficando com ciúmes, vossa alteza?

Escrevi, não conseguindo conter um sorriso ao imaginar a reação de Otto ao ler minha mensagem.

Ok, saudades de você e da sua vergonha na cara.

Finalizei a mensagem desenhando um coração, só para atiçar o imperador das rosas. Fechei o livro e olhei para o teto. Era estranho voltar para esse mundo depois de tanto tempo. Já não sou mais a pessoa que era quando morava aqui; agora, sou alguém completamente diferente. A sensação de estranhamento e a consciência das mudanças que vivi me envolviam, tornando a experiência de retorno ainda mais profunda e complexa.

Coloquei o livro de lado e me levantei, estalando os dedos para mudar minhas roupas para algo mais casual. O chefe me forneceu essas roupas para que eu pudesse me misturar com as pessoas deste mundo. Com um encantamento apropriado, elas se ajustaram perfeitamente ao meu tamanho.

Desci para a cozinha e comecei a usar um pouco de magia para organizar as coisas. Pelo que soube ontem, as meninas são do outro mundo e ajudam quando o chefe viaja para o outro lado.

Com tudo pronto, ouvi passos e me virei a tempo de ver o chefe aparecendo, disfarçado com uma aparência mais comum. Ele piscou os olhos para mim, com um sorriso divertido.

— Bom dia — disse ele, acenando com a cabeça. — Você acordou muito cedo e ainda usou magia para limpar o lugar. Lembre-se, as pessoas normais deste mundo não utilizam magia.

Sorrí sem graça para ele, que balançou a cabeça em negação enquanto ria.

— Estou desacostumado com as coisas por aqui — falei, coçando a nuca. — Quando morava aqui, a magia era algo tão raro para mim que mal conseguia usá-la. Agora, parece que a utilizo o tempo todo.

Ele riu, e com um brilho nos olhos, pediu minha ajuda para testar uma receita que estava ansioso para experimentar há algum tempo. O convite trouxe uma sensação de leveza e familiaridade, um pequeno alívio em meio às mudanças que eu estava enfrentando.

O bruxo imperadorOnde histórias criam vida. Descubra agora