Marlon Shipka:
Ainda abraçados, ficamos ali por um tempo que parecia suspenso, ignorando a passagem dos minutos enquanto a chuva lá fora se intensificava. Cada gota que batia contra as janelas da pousada parecia ressoar dentro de nós, misturando-se ao ritmo constante de nossas respirações. Otto finalmente se afastou um pouco, mas manteve as mãos em meus ombros, os olhos fixos nos meus, como se quisesse se certificar de que eu realmente estava ali, seguro e intacto.
— Eu sei que você pode lidar com qualquer coisa, mas isso não impede que eu me preocupe. — Sua voz estava mais suave agora, mas ainda havia um resquício de tensão. — Quando não te vi por tanto tempo, minha mente imaginou o pior.
Acariciei sua bochecha com o polegar, sentindo a pele quente sob meu toque.
— Eu entendo. Não vou mais sair sem avisar, principalmente quando sei que isso te deixa assim. — Meu tom era firme, mas havia um calor na maneira como falei, um sinal de que eu estava consciente do que ele sentia.
Otto soltou um suspiro, finalmente permitindo-se relaxar por completo.
— Eu confio em você, sempre confiei. Só... não quero te perder. — Ele fechou os olhos por um instante, como se estivesse lidando com pensamentos difíceis de expressar. Quando os abriu novamente, o brilho em seus olhos estava mais calmo, como o mar após uma tempestade.
— Eu sei, e estou aqui — reiterei, minha voz quase um sussurro. — Agora vamos subir e deixar essa chuva lá fora. Você precisa descansar.
Ele assentiu, e, com um último olhar de cumplicidade, começamos a subir as escadas. A pousada era aconchegante, o som da madeira rangendo sob nossos pés e o calor das tochas nas paredes criavam uma sensação de segurança. Sabia que Otto estava esgotado, tanto física quanto emocionalmente, e eu queria garantir que ele tivesse um momento de paz.
Ao chegarmos ao quarto, Otto foi direto para a janela, observando a chuva torrencial que caía. Eu o segui e coloquei minha mão em sua cintura, puxando-o levemente para mais perto. A cena lá fora era caótica, mas ali dentro, o ambiente era tranquilo, envolto em uma aura de quietude. Era um contraste que parecia refletir nossas próprias emoções — a turbulência externa e a serenidade que tentávamos manter dentro de nós.
— Sabe, às vezes me pergunto como seria simplesmente fugir para um lugar onde nada disso importasse — Otto comentou, o olhar distante. — Sem responsabilidades, sem guerras ou conspirações. Apenas nós dois, vivendo uma vida simples.
— Pode parecer tentador, mas você sabe que, no fundo, nós não conseguiríamos ficar longe de tudo por muito tempo. Faz parte de quem somos — respondi com um sorriso leve.
Ele riu suavemente, assentindo. — Você tem razão. Mas sonhar com isso de vez em quando não faz mal.
Ficamos ali, lado a lado, observando a chuva, sem a necessidade de dizer mais nada. As palavras haviam cumprido seu papel, e o silêncio confortável que se instalou era tudo de que precisávamos. Com o tempo, o cansaço começou a pesar, e logo estávamos acomodados na cama, o som rítmico da chuva agora uma melodia distante, embalada pelo calor que compartilhávamos.
Otto repousou a cabeça no meu peito, e seus braços me envolveram de forma protetora, como se quisesse garantir que eu não desapareceria novamente. Eu passei a mão pelos seus cabelos, um gesto que sabia que o acalmava. Aos poucos, senti sua respiração se tornar mais lenta e ritmada, sinal de que o sono estava começando a tomar conta.
Mas antes que ele adormecesse por completo, murmurou algo quase inaudível:
— Obrigado por estar aqui.
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O bruxo imperador
FantasiMarlon Shipka é um bruxo poderoso de um clã do imperio de Summer, após ver seu amigo acender ao trono de Imperador decidiu fazer uma viajem para o império Otto para ajudar na recuperação do local. Lentamente foi restaurando o império e até fortalece...