Capítulo 65: Quarto Ano: Janeiro

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Quarta-feira, 8 de janeiro de 1975

Como Dumbledore havia previsto, o assassinato da família Fraser foi estampado na primeira página das notícias no boxing day, acompanhado por uma série de reportagens e artigos discutindo a guerra crescente. Era impossível evitar o assunto pelo resto das férias de Natal.

Foi a primeira vez que qualquer um deles viu a marca negra, embora certamente não seria a última. Nenhum dos garotos tinha como saber como chegariam a temer aquela grande caveira negra, com sua boca escancarada e uma serpente sinistra contorcida. Na época, só lembrava Sirius de tantas heranças de família - o símbolo era distintamente Sonserino. No momento em que eles voltaram para Hogwarts, ele explodiu todos os símbolos de cobra delicadamente esculpidos de seu baú.

"Cuidado, cara," James avisou, enquanto a fumaça do feitiço explosiva permeava a sala, "Você pode estar arruinando uma herança de família ai." (Ele definitivamente estava).

"Eu não ligo," Sirius murmurou, atirando sua varinha na madeira queimada novamente, transformando o artesanato artístico em algo feio e deformado, "É meu, e eu não quero que nada meu tenha essa marca maldita."

Mesmo que Dumbledore tenha dito que não havia evidência de que os Blacks estivessem envolvidos no ataque, Sirius sabia. Ele sabia que eles estavam envolvidos com Voldemort; ele sabia que eles estavam envolvidos em magia negra; ele sabia as coisas que eles pensavam sobre os trouxas. As coisas que eles ensinaram a ele sobre trouxas.

A pior parte era que todo mundo sabia disso também. Ele podia senti-los pensando nisso, os olhos rastejando como besouros sobre sua pele quando ele andava pelos corredores. Não importa o quanto ele tentasse se distanciar, não havia como escapar de seu próprio sobrenome - ele se agarrava como um punho, como uma mandíbula, como uma contusão. Seus sonhos eram cheios de cobras.

Fazia tanto tempo que Sirius não via sua família - seus pais não escreviam, e mesmo que eles se cruzassem nos corredores, Reg não falava mais com ele - que ele conseguiu... não esquecer , exatamente, mas ignorar, pelo menos, a confusão emaranhada de seu relacionamento. A raiva que ele sentia com tanta frequência em relação a eles havia diminuído, o ressentimento aliviado, um pouco, pela distância.

Mas quando Sirius olhou para a primeira página daquele jornal, ele não conseguiu evitar ser engolido pelo ódio.

Eu odeio eles, ele pensou, olhando para aquela cobra preta se contorcendo no céu.

Eu odeio eles, quando ele embarcou no trem de volta para Hogwarts, vasculhando a estação em busca de seus pais, imaginando se ele seria capaz de dizer - se a violência marcaria seus rostos.

Eu odeio eles, quando ele cuspiu pasta de dente na pia e olhou para o espelho para ver o cabelo de sua mãe, os olhos de seu pai. Eles estavam nele, presos em seu sangue puro e nobre. Sirius nunca sentiu uma vontade tão irracional de se abrir.

Claro, não havia muito que ele pudesse fazer com esse ódio reacendido - seus pais não estavam em Hogwarts, nem Voldemort, nem nenhum dos bruxos das trevas espalhando violência e medo fora das paredes isoladas do castelo.

Mas havia Sonserinos.

Mesmo antes do feriado, Sirius tinha gostado de defender os alunos mais jovens - os vulneráveis ​​que valentões como Mulciber provocavam. Ele e James tinham lançado sua cota de feitiços defensivos para afugentar grupos de Sonserinos que atacavam estudantes nascidos trouxas solitários. Mas depois das férias, Sirius retomou essa cruzada com uma paixão recém-descoberta. Sem nem perceber, ele se viu passando cada vez mais tempo vagando pelos corredores, meio que esperando encontrar algum pobre primeiro ano sendo perseguido apenas para que ele tivesse uma liberação para a raiva que ameaçava sufocá-lo.

All the Young Dudes - perspectiva do SiriusOnde histórias criam vida. Descubra agora