Capítulo 116: Verão de 1977 (Parte 3)

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Sirius acordou na manhã seguinte com Remus Lupin ao seu lado, quente e sólido, o braço ainda em volta da cintura. Ele abriu os olhos e o outro garoto já estava acordado, sorrindo o tipo de sorriso suave e descuidado que fez o coração de Sirius apertar como um punho.

Eu poderia ficar aqui para sempre, ele pensou.

"Bom dia."

"Bom dia."

"Porra, minha boca está seca."

"Sim, a minha também." Remus passou a língua pelos dentes, o que fez coisas muito interessantes com os batimentos cardíacos de Sirius. "Eu poderia ir buscar na água da bomba?"

"Sim, nós dois iremos. Acha que mais alguém está acordado?"

Remus inclinou a cabeça, ouvindo – então balançou a cabeça negativamente. Sirius bocejou, levando um momento para se esticar antes de começar a cavar no fundo da cama para tentar encontrar as várias peças de roupa descartadas. Lá fora, o sol brilhava alegremente, forçando-os a semicerrar os olhos enquanto saíam da barraca. Sirius bocejou novamente, piscando enquanto esperava seus olhos se ajustarem.

Foi um dia idílico; céu azul brilhante, grama verde macia, brisa suave que cheirava a mar. No alto, os pardais esvoaçavam entre os galhos das árvores, seu chilrear e o sussurro silencioso da vegetação rasteira os únicos sons que filtravam o silêncio pacífico da manhã. Os dois garotos caminharam lado a lado na direção da bomba d'água, e Sirius percebeu que não conseguia parar de sorrir.

Eles entraram no chuveiro para lavar o rosto antes de encher seus cantis, junto com os outros que trouxeram. Sirius estudou a loja próxima, uma pequena cabana de madeira com um toldo listrado azul e branco desbotado.

"A loja vende doces de padaria", disse ele, acenando para a placa de quadro-negro na frente, "Vamos pegar alguns para o café da manhã, voltar para o acampamento e sermos recebidos como heróis?"

"Boa ideia," disse Remus, sorrindo.

Eles compraram talvez alguns doces a mais do que o necessário, mas Sirius tinha visto Remus comer – e não havia como dizer o quanto os outros estariam famintos. Melhor prevenir do que remediar, ele imaginou.

Seus amigos ainda estavam mortos para o mundo quando voltaram, então os dois garotos deixaram a maioria dos doces para trás e levaram seu próprio café da manhã para a praia. Sentaram-se lado a lado, os dedos dos pés cravados na areia aquecida pelo sol, comendo em silêncio. Sirius tentou não olhar enquanto Remus lambia a graxa de seus dedos, depois.

"Eu poderia me acostumar com isso", ele suspirou, feliz, esfregando as migalhas de suas mãos em seu jeans. A areia era uma lousa lisa e em branco, lavada durante a noite pela maré. "Nunca estive em ferias adequadas antes."

"Nem eu."

Remus estava inquieto ao lado dele, mexendo na grama esparsa que brotava teimosamente da areia.

"Ei," Sirius o cutucou, "O que foi, Moony? Eu disse para não se preocupar."

"Desculpa."

"O que foi?"

"Eu só estava imaginando uma coisa. É estúpido, não se preocupe."

Sirius voltou-se para o mar, esperando. A brisa brincava com seu cabelo, enviando alguns fios dançando em seu rosto. Depois de um momento, Remus suspirou.

"Por que eu?" ele murmurou, quase um sussurro.

"Hum?"

"... Por que eu, em primeiro lugar? Por que não James, ou... literalmente qualquer outra pessoa? É só porque... é porque eu deixei você? Você só seguiu o caminho que tinha menos resistência?"

All the Young Dudes - perspectiva do SiriusOnde histórias criam vida. Descubra agora