Capítulo 117: Verão de 1977 (Parte 4)

3.3K 237 541
                                    


Nos anos que se seguiram, Sirius relembraria aquela semana na Cornualha com frequência. Ele pensava nisso quando estava sozinho, ou com medo, ou tão cansado que mal conseguia levantar a varinha. Quando ele se perguntava se tudo valia a pena, pelo que eles estavam lutando – esses eram os momentos em que ele fechava os olhos, lembrando os dias na grama verde e na areia quente, vagando pela aldeia caiada, o sorvete derretendo em suas línguas e dedos. Ele pensava em noites em uma barraca com Remus, jovens e alegres e loucos um pelo outro, e lembrava a si mesmo que no final de tudo, eles teriam aqueles dias novamente.

Na época, é claro, ele não tinha ideia de quão raro seria esse tipo de felicidade crua e não filtrada. Na época, ele pensou que duraria para sempre, não conseguia se imaginar olhando para Remus – joelho no fundo do oceano, jeans enrolados, cheirando a água salgada – e sentindo qualquer coisa além de um amor tão doce que fez sua mandíbula doer. Nesses momentos, ele se transformava em Padfoot, que estava muito melhor equipado para lidar com a alegria cegante; que poderia latir e correr e perseguir os gravetos que Remus jogava, pensando em nada além de meu meu meu meu meu meu.

Claro, ele não poderia se transformar perto dos outros. Mas tudo bem, já que os dois garotos se viram passando um pouco mais de tempo sozinhos do que esperavam, devido em grande parte ao fato de que eles não eram o único casal na viagem.

Peter e Dorcas foram pelo menos discretos sobre isso (o que se deveu principalmente a Dorcas, que parecia achar os amassos públicos desagradáveis, a menos que ela estivesse bêbada). Mas James e Lily eram uma história completamente diferente; parecia que agora as comportas haviam se aberto, não havia como detê-los.

"Vocês deveriam ser monitores!" Mary gritou na terceira noite da viagem, quando quase tropeçou nos dois deitados na horizontal em frente à fogueira.

"Ah, como se eu não tivesse te pego uma centena de vezes em minhas rondas!" Lily riu, soltando-se dos braços de James e endireitando sua camisa. "E você, Black, pare de nos olhar desse jeito."

"O que?" Sirius perguntou, inocentemente.

Ele tinha acabado de voltar do bloco do chuveiro com a tigela grande que eles usavam para lavar a louça, uma tarefa que até então ele se encarregava de todas as noites. Os outros pareciam um pouco surpresos com isso, mas ele sempre achou o trabalho relaxante, desde jovem e sua mãe o obrigou a fazê-lo no lugar de Monstro como punição (é claro, ele nunca a deixou perceber que ele realmente gostava da tarefa).

"Não me atraia para suas aventuras sórdidas", disse ele empertigado, enquanto pousava a vasilha, "Eu fui um perfeito cavalheiro durante toda a viajem."

"Eu não estou convencida de que você não tenha se esgueirado com alguma garota trouxa na vila," Marlene brincou. Ela estava esticada no chão, tomando banho de sol em cima de uma das toalhas de praia em sua calcinha. Sirius aproveitou a oportunidade para acariciá-la com um pano de prato úmido, fazendo-a gritar e se encolher.

"Como você ousa!" Ele fungou, "Estou na cama cedo todas as noites, não é, Moony?"

Remus, que estava mastigando um punhado de bolachas, começou imediatamente a engasgar, vomitando migalhas enquanto tossia. James teve que se inclinar e dar um tapa nas costas dele, e Sirius pressionou um punho em sua boca para não rir.

Ninguém pareceu achar o comentário estranho, embora Remus olhou para Sirius depois que ele terminou de tossir - na verdade, nenhum de seus amigos parecia suspeitar de nada. James estava desconfiado sobre o fato de que eles estavam compartilhando uma barraca, embora por razões muito diferentes.

"Vocês não vão começar a brigar de novo, não é?" Ele perguntou, uma vez que ele se acalmou o suficiente sobre o Evento Lily Evans para realmente prestar atenção ao seu redor novamente, "Vocês sabem que sempre costumam deixar um ao outro maluco quando estão próximos..."

All the Young Dudes - perspectiva do SiriusOnde histórias criam vida. Descubra agora