Não havia palavras para aquilo.A dor se enterrou; queimou; rasgou; ele roeu; ele rangeu; quebrou; ele escravizou; ele se contorceu; ele consumiu. Seus ossos se transformaram em dentes; seu corpo estava tentando comer a si mesmo.
E então parou.
Foi tão repentino que por um momento - apenas uma fração de segundo - Sirius pensou que ele tinha morrido. Era impossível que ele fosse capaz de sentir seus membros se movendo, seu coração batendo, seus pulmões se expandindo enquanto ele ofegava por ar, quando apenas um momento antes a única coisa que ele sentia era uma dor terrível e fervorosa.
"Jure sua fidelidade!"
A voz afiada de sua mãe o puxou de volta para seu corpo, e Sirius respirou fundo. Ele estava bem, ele estava bem; a maldição na verdade não danificou o corpo, apenas alvejou a mente.
"Não," ele engasgou, tentando se levantar - quando ele caiu de joelhos?
"Crucio!"
Ele desmoronou, apenas vagamente consciente da forma como sua cabeça bateu contra o chão de madeira. Não era nada comparado à agonia que o devorava; uma alfinetada quando todos os nervos de seu corpo foram espetados por facas em brasa. Ele não conseguia se ouvir gritando - não conseguia ouvir nada, exceto seu próprio batimento cardíaco traiçoeiro, batendo contra a gaiola de seu peito enquanto tentava escapar de seu corpo.
E então parou, de novo, e ele estava no chão, eviscerado como um peixe.
"Jure, Sirius."
Ela estava de pé acima dele; ela estava tão longe.
"Mãe..." ele engasgou, a voz atada com lágrimas, mas não foi sua mãe quem levantou a varinha desta vez.
"Crucio!"
A dor de seu pai era mais fria, travando seus músculos, congelando a medula em seus ossos. Uivava como uma tempestade de inverno através de seu corpo, devastando tudo em seu caminho.
"Está na hora de você aprender o seu lugar, garoto!"
"Não, por favor, pai não..."
"Crucio!"
Eles não estavam parando, não estava acabando, eles iam matá-lo, ele estava morrendo, doeu, doeu, doeu.
"Crucio!"
Doeu mais do que quebrar o tornozelo, mais do que a poção de animago, mais do que os cortes nas pernas. Sirius nunca tinha imaginado a capacidade de dor de seu próprio corpo.
"Jura, Sirius!"
Ele não podia fazer isso - ele tinha que dizer sim - mas não diria, a tinta e a cobra - o sangue do lado de fora, as espirais retorcidas, a víbora, o veneno...
"Jure por ele! Faça-se digno desta família!"
Ele nunca diria sim - ele não diria, ele não diria. Seus pensamentos se afastaram dele, desconexos, e Sirius os seguiu, procurando por algo - qualquer coisa - para se segurar.Uma memória veio à tona: um livro da biblioteca. Sua pesquisa, todos aqueles anos atrás. Relatos de magos infligidos com licantropia comparam a dor da transformação à maldição Cruciatus. Remus, gritando, corpo se quebrando, corpo se contorcendo, corpo se despedaçando até sua voz ser um uivo - e a lua - e eles estavam correndo -
"Crucio!"
Era isso que Remus sentia, todo mês? A dor como um animal de nidificação, ocupando todo o espaço em seu peito?
VOCÊ ESTÁ LENDO
All the Young Dudes - perspectiva do Sirius
FanficEssa é a tradução da fanfic " All the Young Dudes - Sirius's Perspective " All the Young Dudes acontece de 1971 a 1995, e é narrada na perspectiva do Remus. Mas essa é All the Young Dudes, só que na perspectiva do Sirius Essa fanfic NÃO é minha To...