bem vinda ao lar

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Da égua que sorve a água pensando sorver a lua.
De te pensar me deito nas aguadas
E acredito luzir e estar atada
Ao fulgor do costado de um negro cavalo de cem luas.
De te sonhar, Sem Nome, tenho nada
Mas acredito em mim o ouro e o mundo.
De te amar, possuída de ossos e de abismos
Acredito ter carne e vadiar
Ao redor dos teus cimos. De nunca te tocar
Tocando os outros
Acredito ter mãos, acredito ter boca
Quando só tenho patas e focinho.
Do muito desejar altura e eternidade

Me vem a fantasia de que Existo e Sou.
Quando sou nada: égua fantasmagórica
Sorvendo a lua n'água

– Hilda Hilst, no livro "Sobre a tua grande face". São Paulo: Massao Ohno, 1986.

— Precisa estar atenta ao meu sinal. —, falou exprimindo muita confiança. — Não pode dar mole. Entendeu.

— Sim. —, ela estava um pouco aflita, é claro. — Vou ficar atenta. Assim que ouvir o sinal, saio do gazebo e fugimos pelos fundos. —, tudo já estava resolvido e decorado. 

— Lembra que trancar quarto dele, quando perceber que ele tá mesmo dormindo. —, o homem falou amarrando o cadarço desamarrado. — Mas olha, menina... precisa ter certeza que ela tá enfeitiçado... sei lá, hipnotizado.

— Ah, Sr. Cáspio tenho medo de falhar. —, disse com um semblante preocupado. — Toda vez que uso meus poderes eu fico assim... frágil... vou acabar estragando tudo.

— Se ficar pensando assim, negativamente  vai ficar ansiosa e aí sim vai dar tudo errado. —, ele parecia certo de tudo. — Por mim cê usava esse teu poder aí agora e a gente saia andando sem nenhum impedimento...

— Não sei, não é bem assim... —, respondeu. — Se não me concentrar posso botar tudo a perder... e sua situação me deixa nervosa, querendo ou não...

Depois de despedir de Mia, Sr. Cáspio resolveu dar uma volta pela mansão, pra dar uma conferida em seu plano. Muito embora estivesse confiante de que tudo ia dar certo, sempre era bom ter um segundo plano. O gazebo estava estrategicamente posicionado no centro do jardim. Dele até o portão não era um longo caminho, se Mia fosse rápida e cautelosa o suficiente... 

— Que grata surpresa! —, Sr. Tadeus falou surgindo de repente do meio das rosas. — O que faz aqui no meu jardim? —, perguntou com um sorriso malicioso. 

— Ah! — O rapaz deu um pulo surpreso. — Eu estava dando uma volta... como disse naquele dia, eu acho que as suas flores são muito cativantes. —, falou tentando disfarçar o mal estar. 

— Te olhando assim, parado e com o sol reluzindo na tua pele morena recoberta por essa camada provocativa pelos grossos, consigo ver a imagem de um garanhão. De um shire. —, quase podia sair baba de sua boca. — Tu tens a força e imponência de um cavalo da raça shire. 

— Tenho? —, perguntou um pouco confuso. 

— Você é um cavalo homem! — Deu um sorriso  cheio de satisfação. — Anda como um cavalo, tens este pescoço grosso e transa como uma fera sedenta por prazer. —, se aproximou deitando sua cabeça no peitoral de Sr. Cáspio ao mesmo tempo que em levava sua mão para apertar o volume exuberante que o rapaz exibia na calça jeans apertada. — Me usa de novo, eu imploro! Eu estou desesperado pela sua ira sexual, me viciou... É como um vício. Eu só penso em você... —, disse lambendo o peito suado do rapaz. — hmm, salgadinho...

Completamente intrigado com a cena, e sentindo um tipo diferente de repulsa, Sr. Cáspio empurra o velho para longe, repelindo-o.

— Por que me negas? —, encheu os olhos de lágrimas sem entender o que estava acontecendo. — Não te peço que me ames, mas imploro-te que me use como se eu não fosse nada! Do mesmo jeito você fez antes, homem! —, qualquer um podia perceber que aquele senhor estava quase enlouquecendo de tanta vontade. — Toma! Faz o que quiser comigo...

Witchcraft: A Saga De AshântiOnde histórias criam vida. Descubra agora