• capitulo secreto •

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A esconjurar as tentações, deflorei pétalas
Sensibilidade obtusa e entorpecida,
sempre absurda

Sombra que a árvore frondejava
Objetos dispersos por toda relva,
estúpida

A evasiva embusteira releva
Frios os rios, cavados em cravos
Do sertão ao cerrado reações cruentas
Indiferente, fitando os olhos ofensores
emperrada em golfadas de ódio, rasgos de demência

Mãos soerguidas, olhos entrefechados, num alheamento de enfado ou displicência

Trevo de quatro folhas
Concentrando todas as minhas derradeiras energias para um arranque selvagem
Ronronar majoritário de ódio, perca da afetividade
E me correspondo, experiência
Esta não é uma história de passividade e depreciação
Esta é uma interrogação
sem respostas a convocar

Caminhando por entre as copas frondosas ia o assolapado com sua regata cavada e na outra segurava um livro fútil, que ele fingia ler pra parecer desconstruído; olhos verdes de esmeralda tropical, evocando em seu rosto o sorriso mais aterrador; rosto que não denotava nenhuma perturbação. Tudo estava numa calma acintosa naquela estrada que era tomada por túnel de árvores, anel verde, copas a mil.
Nessa manhã luminosa a mata resplandecia com uma orgia de desabrocho em sua pompa auriverde, parece que o sol tinha baixado sobre a selva fulva.
O intelectual semicerrou os olhos descuriosos, num descuido e se pôs a imaginar coisas que não valem a pena ser descritas, mas foi desperto pela uma voz sumida do vento, cisma transitória, insistência muda, decadência mediana. Olhou para retaguarda e quando tornou a levar os olhos para o futuro levou uma apunhalada que lhe acertou diretamente o peitoral, que se pôs a jorrar sangue. Gritos excessivos, dedos mirrados, cruéis intensões da ira de uma trapaceira.

— Acéfalo retardado. —, disse ela enxotando a cabeça do corpo. — Eu deveria expurgar seus pecados de traição antes de assistir você ser devorado pelas incontáveis feras da noite? Achou mesmo que ia participar da delação premiada contra mim e que tudo ia estar como nada nunca esteve? Está profundamente enganado, seu bocó. -, ódio, fúria e purpurina. Endora era de fato elegante até esfaqueando um mero cafajeste ordinário. O fim de um aliado qualquer, erro desmotivado.

Quedaram-se os olhos esmorecidos para um repouso eterno. Nas franjas da grama verde o vermelho cobre a poluir, o chorar de duas cores que não se unem, profecias desconexas.

— Verme. —, falou a revolta Endora depois de escorraçar seu traidor parceiro, Manuel.

Abandonou o corpo que rapidamente serviu de alimentação para os felinos famintos que habitavam a Floresta dos Maias. Ninguém o acudiu, ninguém o procurou, ninguém se preocupou.

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Naquela manhã, uma praia linda, feliz dia de muito sol. Em seu redor havia canoas, casas e o mar parecia multicolor, devido a uma sombra que o atingia, mas tinha essencialmente as cores verde e azul. Marinheiros chegando de uma longa missão, aldeões a pescar, crianças os pés a molhar; banho de ondas. O mar estava gelado e sentia-se a sua presença devido ao arrebentar ondulado. A areia era suave e parecia o ouro puro e polido, canoas coloridas, em fila, que pareciam pessoas, porque observavam o mar. Céu quase limpo, com nuvens quase invisíveis, paz interiorana. Vick se aproximou segurando um espetinho de churrasco.

— Ver churrasco me fez saudades de casa. —, Sol falou pegando um pouco da areia escorregadia em sua mão. Os grãos caiam pela fresta dos dedos, lacunas.

Witchcraft: A Saga De AshântiOnde histórias criam vida. Descubra agora