Numa destas noites quentes do meio do ano em que Juliana se encontrava completamente confusa e pensativa mediante a todos os acontecimentos recentes, um sonho lhe trouxe o ópio à mente. Condecorada de estrelas a ela veio a personificação inclassificável da alegoria da vida. A luz que iluminava a estrelas parecia vir do oriente e repentinamente uma porta apareceu no meio dos vários nadas em que sua presença se encontrava. Tudo era extremamente mórbido até que um som desconhecido, que reverberava aumentando de volume, e uma fosforescência dominante preencheram o ar. Por uma átimo tudo era exatamente como Juliana imaginava. A temperatura ali estava destoando totalmente do restante do ambiente e Juliana caminhava em diversas vertigens. Medos abstratos que eu não seria capaz de mensurar, os tons eram escuros como numa pintura de Caravaggio. A pigmentação da sua pele trocava tão rapidamente de tom numa demonstração mágica e mística da beleza cromática. A luz naturalista, rósea, iluminação que vem da Lua e que estava a nivelar o real e o irreal contornando as bordas do céu. Dramas clérigos e sentimentos ricos ao notar uma mítica tenda habitando no meio do nada. A menina em passos flutuantes se aproximou ouvindo sintonias desentonadas, cotejo e procissão. Uma presença lhe causou hiperventilação e uma súbita vontade de voar lhe acometeu. Se deparou com ela na calmaria fantasmagórica de um sono infinito, a inominável olhou para ela, gélida sobre os raios de uma lua fria em meio ao calor do deserto e assim ficaram até que as estrelas se esvaíssem do céu rosado. Juliana estava atônita, mas não fugia das sombras longas projetadas pela lua. Ventava tão forte ali que seu cabelo perdeu a forma e definição. Uma penumbra cinzenta tomava conta do ambiente agora e uma horda pesadelar de demônios percorria em parâmetros distorcidos tão rapidamente rumo a extinção que quase era impossível notar a movimentação.
A criatura irrequieta era humanoide e de uma caracterização caricata e totalmente diferente e se estendia oblonga e horizontal. Seu corpo não tinha definição, só posso dizer que era cheio de características enervantes que retorcidas davam a ela a facilidade de se transformar em uma nova forma a cada novo segundo. Epistêmica, emblemática, rosto trívio como a lixívia. Mãos formigando, pernas bambas e o coração a palpitar rapidamente de ansiedade. Nenhuma outra coisa parecia como ela e nada poderia parecer. Nenhuma coisa que já existiu ou viria a existir poderia ser equivalente àquela coisa que estava bem à e na sua frente. Aquilo permanecia exaurindo em sua monotonia cravejada de arrebites numa vigília silenciosa e erma. Um mundo alvorescente repleto de léguas alvescentes a praguejar em rosnados.- Olá? -, Juliana perguntou estendendo a mão para cutucar a forma delineada contra o éter luminoso.
- Olá. -, o inefável respondeu desinteressada em um tom bronco.
Estava parada a contemplar uma imensidão da qual a menina não era capaz de enxergar.
- Não quero aperrear, mas o que você está fazendo parado aí? -, extravasando em curiosidades e cismas ergueu mais uma pergunta enchendo a criatura de incômodo.
- Eu estou em vigilância. -, respondeu em estado de meditação. - Tentando entender o vazio ilimitado de uma fulgurância uniforme. -, figurava sobre um terreno cavernoso e resistia pacificamente ao terrível vendaval noturno e ao arranhar hostil das correntes rodopiantes.
A sua voz era às vezes leve como a pluma de uma ave plumosa que branda decai sobre a relva fina e às vezes adotava uma aspereza como a do chão em concreto puro e bruto. Parecia conhecer todas as teses do mundo e ter a antítese para cada uma delas. Sua postura ereta dava a entender que se tratava de alguém ponderado e naturalmente líder.
- Você sabe que lugar é este? -, tentava criar um assunto, mas a coisa parecia estar a ignorando permanecendo quieta em seu mundo de luz arcana e névoa de alumbramento.
- É o infinito. -, duramente respondeu o ser raquítico envolto em vapores brilhantes. - Estamos no cume do mais ilimitado limite, no infinito subterrâneo da refulgência.

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Witchcraft: A Saga De Ashânti
FantasiSete jovens intimamente conectadas pela magia, com as mesmas dores e alegrias viverão uma desventura em busca de salvar as bruxas que ainda existem na terra. Juliana a curiosa, Sol a destemida, Vick a pacificadora, Adessa a ambiciosa, Ryoko a valent...