Esta é uma página encontrada por Ryoko, pelas gavetas abandonadas de Endora, que houvera sido arrancada de uma espécie de caderno sem pautas e linhas, provavelmente diário, feito de folhas recicláveis. Levando em consideração o conteúdo contido aqui, sem nenhuma análise, percebesse uma importante contribuição pro fatos desta narrativa. Não se tem exatamente ideia precisa da data em que foi escrito, mas ousamos a dizer que talvez tenha sido escrito entre 1997 e 1998.
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Eu diria que estou realmente sozinha, pronta pra ser esculhambada a qualquer momento. Hoje é uma noite de belo arranjos em neve alva, não tem ninguém nas ruas, estou na abstinência. Eu sei que há uma sabotagem, não sei de onde ela vem, não vou arriscar um palpite, mas tudo parece uma farsa. Fraquejar não é uma opção, e eu acredito muito em mim, mas tudo está implodindo na minha cabeça e eu me pego pensando: No que isso vai remeter?
Vontade de fugir desse drama, esquema complicado. Noite passada recebi uma detenção do conselho superior de bruxaria; malditas, elas querem que eu termine escorraçada, minguando como uma mendiga a recolher esmolas nas vielas sujas de Paris. É uma sabotagem? Fanáticas!
Às vezes sinto minha segurança se indo como espumas ao vento, mas logo me recomponho. É um vício, preciso destacar isso sempre, é um vício; a maturação da minha independência é quase inexistente, preciso continuar. Hilário, estou eletrizada. Hoje é a minha primeira noite que passo sem usar, me faz de gato e sapato, fico nervosa e minha pele se estraga por completo. Fico pensando... É que na verdade é que elas estão esperando meu primeiro erro pra me arrancar a cabeça, mas elas não mexem comigo agora, sabem que podem perder a razão. Ofensa contínua. Devo admitir que eu não sou nenhuma benta. Creio que elas não irão conseguir assim tão facilmente me derrubar, mas quando elas me pegarem, isso é, se pegarem, a tríade de mães: Suspiriorum, Lacrymarum, Tenebrarum, eu estarei duplamente, diria que triplamente, encrencada. É difícil complicado respirar neste dias, eu estou com medo. Falo com tranquilidade que eu nunca tive medo; arranquei a cabeça de um ogro, matei três orcs e vesti a pele de um lobo, mas agora, não sei porquê, mas eu estou sentindo que vou acabar capotando; devo verificar por onde estou pisando, campo minado, preciso ser cautelosa, frágeis ovos, deveras cuidadosa, ou vou acabar esculachada no fim das contas; vítima do ódio imoral. Darão todos eles aleluias quando eu cair. Que é o que todos querem desde que eu me entendo por gente. E essa não é uma paranóia ou uma mania de perseguição. Isso é um implementar vingativo e nada me foi comunicado. Estou sendo imparcial, já que isso se trata de mim sendo descoberta; isso me desconcerta, me tira o foco. Seria uma prévia pro meu declínio?
É difícil, não tenho manuais, não me ensinaram com parábolas, não me encaminharam epístolas recheadas de conselhos; se tudo for pra ser será e sendo assim vai ser consumado.
Não vou descartar as possibilidades de tudo dar errado, afinal é o que eu mais devo esperar, e se tudo sair fora do controle e der tudo errado, pelo menos será uma retrospectiva interessante, talvez eu esteja em um livro no futuro; vou sobressair, talvez não ilesa, mas pelo menos viva.
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Witchcraft: A Saga De Ashânti
FantasíaSete jovens intimamente conectadas pela magia, com as mesmas dores e alegrias viverão uma desventura em busca de salvar as bruxas que ainda existem na terra. Juliana a curiosa, Sol a destemida, Vick a pacificadora, Adessa a ambiciosa, Ryoko a valent...