🔅 metamorfose reversa 🔅

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Por duras falas dissestes a mim o que todos queriam dizer e por doces lembranças morro apartando-me de tuas memórias, meu corpo é sem dúvida metamorfose entre morte e vida.

— Ela vai ficar bem? —, Mia perguntou com cara de preocupada enquanto enrolava a faixa na mão de Juliana naquela sala fria da enfermaria do colégio.

— Tenho certeza que sim. —, Nequaat respondeu pensativa. — Acho que temos um problema maior agora.

— Bom, cuidaremos dela. — Megumi interviu enquanto tentava subir na maca para se sentar. Ela era mais pequena do que gostaria de ser.— Acho que podem resolver este problema sem se preocupar.

— Tudo bem. Fiquem de olho, qualquer diferença no comportamento de Juliana tentem me encontrar o mais depressa possível. Este é um momento crucial para esta pequena bruxinha, ela está enfim despertando seus poderes. —, Nequaat disse fazendo um cafuné nos fios ondulados e castanhos de Juliana.

Nequaat parecia tão imponente, seu cajado carregava tanto poder, sua capa dourada contrastando com sua pele preta e seus olhos dotados de sabedoria. Em silêncio deixou o recinto deixando as duas ainda inexperientes bruxas cuidando da amiga. Megumi não sabia exatamente o que era ter seus poderes despertos, mas não havia que ela temesse mais no mundo do que isso.

— O que vamos fazer agora? —, Mia perguntou tentando quebrar o gelo de toda a situação.

— Não sei... Ryoko não está aqui... Adessa não está aqui e Vick não está aqui... Eu não sirvo pra nada... Já você eu não sei. —, respondeu pensativa.

— Não diga isso. Eu tenho certeza que...—, Mia tentava buscar palavras intrusas, mas decidiu que apenas aquele silêncio ensurdecedor era basto.

O frio da noite e o medo do desconhecido, reflexões. Na noite em que as estrelas caíram do céu, a lua tornou-se sangue e a Deusa tornou-se lenda, os espíritos solitários enfim partiram.

— Não pode haver nada pior do que a solidão. —, Megumi disse enquanto balançava seus pés que não conseguiam tocar a superfície do chão pois a maca era mais alta que sua formação. Mia tentou disfarçar, mas olhava com pena para o semblante tristonho da menina bem a sua frente. — O mundo é uma grande estufa de pessoas solitárias e a vida é um ensaio para o fracasso —, Megumi disse.

— Eu também me sinto assim as vezes. —, Mia se aproximou cautelosamente. — Sinto como se uma nuvem de negatividade pousasse sobre minha cabeça e então tantos pensamentos ruins tomam conta de mim. Meus sonhos se tornam sem sentido e minhas necessidades parecem fúteis. Eu só enxergo a minha ruína e pra quer que eu vá eu vejo coisas tristes.

— Por que somos jovens tão tristes? Por que a vida é tão injusta com nossos sentimentos? —, lágrimas negras corriam como um riacho dos olhos de Megumi.

— Estou sentindo sua energia. —, lentamente Mia pousa sua mão sobre a mão fria de Megumi. — Vai ficar tudo bem com ela. —, sorriu de uma maneira triste.

Questões lúgubres, rebanho sem pastor, denominações caídas e texto sem interpretação.

... Mas

Eclipsia andava de um lado para o outro naquela pequena e escura sala e o cheiro de mofo fazia seu nariz pinicar. Nequaat e Isobella tentavam de todas as formas acalmar a bruxa que estava impaciente depois que as duas tudo o que sabiam contaram a ela.

— ... Mas o pior nem mesmo é o fato de ter passado tantos anos enterrada e sim tudo que eu perdi todo este tempo. Quanto conhecimento eu poderia ter adquirido. —, reclamava ela.

—Se você soubesse um terço das coisas que os humanos fizeram neste tempo e continuam fazendo iria desejar dormir pro resto da vida querida. —, Isobella disse num suspiro profundo.

Witchcraft: A Saga De AshântiOnde histórias criam vida. Descubra agora