꧁ Devaneios Passados ꧂

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Trago na mente um curto interlúdio
Trago nas mãos sonhos perdidos
Carrego nos olhos uma vaga miragem
Junto a mim devaneios proibidos
Buscando uníssona sinfonias saudosas ouvir

Oásis, refúgio, devaneios passados

Nesse bosque secreto, não vou me iludir

O que terá além das paredes do jardim?

O que será de mim?

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— Pater noster, qui es in cælis: sanctificétur nomen tuum;
advéniat regnum tuum; fiat volúntas tua sicut in cælo, et in terra. Panem nostrum cotidiánum da nobis hódie; et dimítte nobis débita nostra,
sicut et nos dimíttimus debitóribus nostris; et ne nos indúcas in tentatiónem; sed líbera nos a malo.
Amen.

— Ave Maria, gratia plena Dominus tecum Benedicta tu in mulieribus Et benedictus fructus ventris tui, Iesus

— Sancta Maria, Mater Dei, Ora pro nobis peccatoribus Nunc et in hora mortis nostrae Amen.

A procissão seguiu fervorosa enquanto Vick, desesperada suplicava por ajuda, mas as pessoas não podiam ouvi-la. O sangue coalhado escorria pelas vielas. Tentava erguer a mulher que caída sobre duras rochas estava, e depois com muito esforço colocá-la sobre seus ombros infantis, mas ela era muito pesada. Seguia assim numa labuta e tentava, mas após algumas frustradas tentativas acabaram caindo.

— Vitória minha filha, vá embora enquanto ainda é tempo..., — a mulher falava quase sussurrando, pois já não tinha mais forças, —... não suportaria saber que você teve o direito de viver arrancado de suas mãos dessa forma. Fuja imediatamente daqui!

—Não mamãe! Jamais abandonaria a senhora aqui sozinha. Não quero nunca te perder. —, respondeu debulhando lágrimas pelo chão frio, na penumbra noite, calada e densa.

— Aprecio seu amor e bravura, mas você precisa ficar viva, então corra minha filha! Eles estão chegando. Tome isto e lembre-se que eu te amo muito. Amo-te mais do que amo a mim mesma. Lembre-se sempre do meu amor. —, agonizando em dor e desesperança a desolada mulher tira um anel de um dos bolsos de seu casaco e o entrega a inocente menina. Terrível dor não pôde suportar cedendo lassa nos braços da própria filha.

—Mamãe? —, sacudia o corpo na tentativa de reanimá-lo. —Por favor mamãe? Oh mãe? Não... O que eu vou fazer? —, pensou ela. — Mamãe?

Passos são ouvidos ecoando. Eram eles. Usavam o medonho capuz e carregavam armas pesadas. Noite sombria. Não havia iluminação e a pouca luz vinha das velas que os fiéis deixavam pelo chão para iluminar o caminho da próxima procissão, que estava por vir logo atrás.

O coro sacro agora distante levava consigo toda a fé de Vick. Solidão e desespero. Deu um último beijo em sua mãe e disse: —Te amo mamãe e me perdoa por deixar seu corpo aqui. Jamais vou te esquecer.

Witchcraft: A Saga De AshântiOnde histórias criam vida. Descubra agora