Maya tens um relógio em tuas mãos, recortes. Passa o tempo e passa as horas e nelas nada passa ou existe.
Inventei uma palavra quando sonhei e depois a perdi em um livro qualquer da minha estante. Maya sobre meu côncavo posou dando de sonhos variáveis, surtos de hipomania e delírios esquizofrênicos. Maya e eu estamos juntas em um santuário e a ela canto em adoração a todo seu Brahman. Ela mostrou-me um espelho ilusório e através dele cheguei ao meu estado mais elevado: o estado da verdade mútua e imutável. Maya e eu caminhamos de mãos dadas pelo mundo dos sonhos e cumprimentar o surrealismo de todas as cousas. Tudo isso é real ou é irreal?
Maya me fez sonhar que toquei o belo ser de ser Shakti e que juntas rodamos a roda do destino, a teia universal. Tive nas minhas mãos a oportunidade de ser uma tecelã imprevisível e moldar o meu destino assim como uma pequena aranha molda a sua grande teia durante a noite. Irrefutável, dei a todos os seres sonhos e quando para minha volta olhei, um grande filtro dos sonhos, canção de ninar e belo luar. Minhas pálpebras se abriram e sobre mim o teto do meu quarto, tudo havia sido apenas mais um sonho, desta vez, um sonho de uma noite de inverno.⊰᯽⊱┈──╌❊╌──┈⊰᯽⊱
Megumi acordou meio zonza com a luz radiante do sol queimando a sua cara e fragilizando seus olhos. O cheiro da grama tão próximo de suas narinas e um sentimento de que ela não passava de um expoente de todo o restante grupo por ainda não saber nada sobre as suas habilidades. Ryoko estava sentada bem a sua frente lapidando uma galho com seu canivete.
— Eu dormi por quanto tempo? —, pergunto se levantando de maneira desajeitada e desconfortável. Seus braços estavam fracos e tremiam com vara fina de bambu.
— Faz seis horas que eu te encontrei. —, Ryoko respondeu com a boca entreaberta mastigando a ponta o pendão de capim que estava na sua boca.
— Estou escutando a natureza respirar. Olha como as árvores se mexem de um jeito tão suave quando o vento as balança. É uma dança tão cheia de leveza e beleza. A dança dos corpos verdes. Eu posso sentir as árvores respirando e suas raízes se alimentando da seiva cheia de vitaminas que vem da terra, floema. É lindo como a natureza sabe ficar em harmonia de uma forma tão instintiva. Eu posso sentir as qualidades hermafroditas da natureza. Eu sinto a natureza conversar com ela mesma e suas diversas vozes: a gota de água pingando pingada no lago bem a nossa frente, aves canárias a festejar pela copa das árvores e os vários tons de soprano e contralto de todas as formas de vida que nos cercam. Eu sinto e vejo todas estas coisas, mas eu não sinto a mim mesma. Eu não sinto a minha natureza dialogar com a mãe natureza e também não sinto nada dentro de mim.
Borboletas tão belas de todas as cores a espalhar o pólen da vida; uma permuta sensual entre duas formas de vida diferentes; o céu azul e andorinhas por ela a patinar e o verde cheio de esperança da vegetação. Um olhar sereno sobre a flora e uma caricata representação de um quadro romancista, belas pinturas de primavera. De repente frio e neve se fizeram, um círculo de calafrios e a hipotermia na pele sentida. Choque de realidade.
— Por que está tão frio. —, Megumi perguntou olhando para seu peito que estava rasgado e pela neve o sangue caía.
— Por que estamos no inverno. —, Ryoko respondeu abocanhando a cabeça de um peixe enquanto segurava um corpo que se debatia agonizando, tristes murmúrios.
Megumi se levantou afundando os braços pela neve. Ela estava petrificada e congelada. — Está esfriando. —, ele disse ao sentir o fluxo de sangue nas suas veias diminuir. O queixo batia de frio e sua garganta estava ardendo.
— Te encontrei afogando no lago recém congelado. Você estava correndo como uma fera selvagem e desvairada sobre o Sol da meia-noite.
— Toda esta situação suscita várias perguntas na minha cabeça. Uma agonia sucinta despertou em mim sonhos que me devoram. Já amanhã? —, perguntou olhando para os galhos secos e nas árvores cobertas por uma espessa camada de neve e que na agonia da morte choravam gotas de incertezas acima da sua cabeça.
— Já se olharmos do ponto de vista de ontem. —, Ryoko respondeu.
— Você já havia me dito que não temia o bosque e que se sentia em casa dentro dele. Como é possível? Eu não me sinto em casa nem mesmo dentro do meu grande quarto no colégio. Eu queria que nós duas dormíssemos no mesmo quarto e que tudo o que aconteceu entre nós, todo aquele afastamento, não fosse real. Você me desculpa por ter soltado a sua mão no meio do furacão? —, arrependida perguntou, mas Ryoko havia desaparecido.
Megumi se apoiou a uma árvore próxima para não cair de surpresa, mas estava com o tronco oco e se quebrou a derrubando. Assustada e morta de frio a menina começou a correr com passos dificultados devido ao excesso de neve. Suas pernas afundavam mais e mais a cada passo e ela precisa exercer muita força para o próximo passo. O Bosque dos Sonhos nunca havia sido tão silencioso e o silêncio nunca foi tão amedrontador. Tudo era seco, infértil e visceral. Gama cinza de possibilidades, raras e tênues cores entre o branco e a perseguição. Não havia ninguém de fato tentando a devorar, mas ela sentia que precisava fugir e fugiu dando de cara com uma paisagem destruída e cheia de folhas murchas. Correu em espanto até que entrou por uma caverna naturalmente escura, mas que iluminada pela criatura mais bela que Megumi já havia visto em toda vida.
— Kyuubi no Kitsune... —, admirou estupefata.
Os olhos em chamas, sutileza da alma, melodia que transcende. Que experiência única e inexplicável, não haveria palavras para que eu pudesse explicar. Sublime e divino, mas ao mesmo tempo infernal. Uma viagem de muitos anos feita em apenas um segundo. Lendário poema, legendária figura. Os olhos em chamas e o cair das folhas de Cerejeira, Sakura. Questões de perigo e repletas de pontilhismos. Uma rosa em chamas, o olhar através do buraco da fechadura, maçaneta que trava, pés e m cacos de vidro e o sangue. Labaredas de fogo tão altas como as Sequoias da Califórnia.
— É preciso olhar através da semiótica aplicada na sua formação.
Tão solene e perene estava Inari Ōkami bem atrás de Megumi. Seu kimono vermelho tingido a sangue, acompanhada de duas belas raposas brancas e em uma de suas mãos segurava sua wagasa e na outra a máscara que Megumi tanto temia.
— Ponha você mesma, Megumi. —, disse a divindade entregando a máscara a menina.
Enfeitiçada pela benção a menina sem nenhuma paranoia juntou sua a face a da máscara sagrada e um brilho lápis-lazúli se fez em gradiente pelo universo. Megumi gritou como se sua pele estivesse sendo descolada de seu corpo. Cedeu caindo no chão firme das quadras de educação física. Gritos em lágrimas e respiração ofegante. Nada via, mas todas as meninas estavam caídas junto dela e a medida que ela gritava e grunhia em gemidos elas também faziam o mesmo. Um murmurinho, um coro de cantarolar, zumbido e gemidos de prazer. O choro de um bebe, espasmos de orgasmos e delírios. Todas elas estavam caídas a ter espasmos pelo chão e seguir os movimentos rítmicos do corpo de Megumi. Se agruparam formando a anatomia de uma grande vulva e juntas deliravam de prazer. Acima delas estavam nuas as professoras que se masturbando cantavam uma canção a todas as deusas da terra. Em ciranda elas giravam e em roda rodavam. Seus corpos, os mais diversos: gordos, magros, altos e baixos. Suas peles de todos os tons de branco, preto, marrom, amarelo, rosa e vermelho. Todos os cabelos, todas as formas corporais e um grande estopim.
Megumi gritou tão alto que pode sentir todo o chão tremer e rachaduras pelo solo criar. Destas rachaduras brotaram pequenos brotos de lindas tulipas e delas todas as criaturas do mundo nasciam. Todas as coisas mágicas, místicas e animais. Seu corpo foi elevado num estado de potência inimaginável e de suas mãos o fogo nascia.
— Estou sendo arrebatada para o inferno das minhas delícias e meu corpo em deturpação agora é totalmente consumido pelas chamas. Ah como é divino estar queimando! Eu quero queimar até me tornar cinzas. Eu quero ter minha carne em cremação e quero a inflamação da minha pele despelando por causa da essência dolorosa do calor da vida.
A menina flutuou acima de todas as outras que dançavam freneticamente de baixo dela. Estavam em transe. Seus corpos não mediam espaço, não tinham leis e regras. Possuídas por todas as deusas em um ápice de pureza espiritual. Suas faces resplandeciam o semblante do respirar em paz e seus pés se moviam com uma precisão fantástica.
— Dae Motrona! — Isobella proclamou em exclamação ajoelhando-se exatamente no centro da nossa dança eufórica. — Dê nos força para enfrentar aquele que nos ameaça e busca corromper a nossa alma.
Corpos nus a deslizar suavemente pelo ambiente, a verdadeira valsa das flores. Um ballet de cores sombrias e frias. Sobrecarga variável de euforias, a manifestação do corpo se entregando ao ritualístico. Através da noite e diante das fogueiras dançando vestidas de céu, sem barreiras. Folhas bailando, o arrepio descendo o rio. Livres no movimento do vento, elas são o pólen, o verde, a seiva sagrada, acalento. Elas dançam no ritmo do mar a dança do fogo.
— Da árvore anciã somos as folhas mais altas. —, Diana gritou em e
histeria.
— Evoco as forças da terra, lua, céu e sol. Eu chamo os espíritos daqueles que já se foram e dos ainda virão. Deusa da criação e Deus que fertiliza, a nós nos traga nossa intercessora, Mãe Suspiriorum. — Isobella em evocação entoou a súplica milenar.
Um impacto fez o chão tremer e o corpo de Megumi cair em graça desfalecido nos braços de Nequaat. Suspiros. Todas suspirando pesadamente e a ofegante sensação de estarem sendo possuídas. Suspiros da profundeza. Imagens fantasmagóricas e reflexivas: uma mãe urso amamentando sua cria, uma mulher grávida nua a se banhar numa banheira cheia de leite e rosas, uma senhora e comer um bebe vivo, uma matilha que segue a alcateia de mulheres selvagens lideradas pelo instinto da intuição, o sangue que da vagina escorre sobre o solo, um botão de rosa vermelha sendo cortado por uma tesoura, a parafina da vela se derretendo e uma mão a desenhar runas antigas pela parede branca com o sangue de uma ovelha ainda viva.
— Levana! Levana! Levana! Levana! Levana!
Todos entoavam cada vez mais alto em coro.
— Aaaaaaaaah. —, Lilly gritou se descabelando e todas rapidamente se afastaram caladas, algumas, ao fundo ainda gemiam em devoção.
— Mãe Suspiriorum! — Isobella exclamou se curvando em adoração.
— Minhas filhas por que se lamentam tanto? —, falou através da boca de Lilly que estava de olhos cerrados em dor. — O que os homens fizeram com vocês? O que homens fizeram com vocês. —, em dor chorou. — O que os homens fizeram com vocês? Eles vos prederam em cárcere e cativeiro e da sua intimidade violentaram. Seus corpos com socos e chutes eles feriram e tentaram suas vozes calar. Minhas filhas eu sinto tanto por vê-las a lamentar! O que os homens te fizeram? Inventaram uma história para lhes culpar de todos os erros do mundo e disseram que vocês vieram da costela de um deles. O que os homens lhes fizeram? Tentaram diminuir suas capacidades subestimando suas existências e as reduzido ao mais frágil. O que os homens fizeram as vocês minhas filhas? Tentaram lhes proibir de serem livres, cidadãs e humanas e as resumiram na função de companheirismo. Tão atormentadas e sem qualquer tipi de prosperidade, tão lesadas e redimidas. Oh minhas filhas, eu me encho de dor ao vê-las tão humilhadas e desgastadas. Quanto sofrimento atroz e quanta miséria vocês tem passado.
— Nossa querida mãezinha, Mãe Suspiriorum. —, em suspiros Isobella falava. — Rogai por nós suas filhas lhe suplicamos.
— Vocês tem meu aval para fazer tudo o que precisam fazer se em meu nome for. —, falou ela se aproximando para secar as lágrimas de Isobella.
— Desperte em nós, se possível, as nossas capacidades e capacitações. Nos torne cheias de vigor e vitalidade. Lute conosco essa batalha.
— Estarei com vós, minhas filhas, onde quer quem forem. —, ergueu a mão em bençãos totais.
Em um grande suspiro todas elas retomaram a dança frenética e por assim dançaram até que não houvesse mais nada pra dançar. Movimentos, acentos e lentos os passos de dor, cansaço e na intenção da tensão o apogeu da liberdade. Abra seus braços e grite liberdade mulher! Livrem-se das amarras que lhes prendem e voem como as borboletas para sentir a glória do Sol. Perto da hora morta caíram todas pelo chão cedendo, menos Lilly que continuou áurea a levitar. Sua respiração aumentavam cada vez mais e logo estava respirando como um coelho assustado. Quando no ápice seu pulmão chegou caiu sobre todas as outras desfalecendo.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Witchcraft: A Saga De Ashânti
FantasíaSete jovens intimamente conectadas pela magia, com as mesmas dores e alegrias viverão uma desventura em busca de salvar as bruxas que ainda existem na terra. Juliana a curiosa, Sol a destemida, Vick a pacificadora, Adessa a ambiciosa, Ryoko a valent...