30. Attention

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Olhando para trás, posso dizer precisamente que foi ali que tive um estalo. Sob o azul da projeção do universo, enquanto Luke me perguntava sobre as estrelas, eu quis beijá-lo.

Quis pedi-lo para fazer algo que me tirasse de órbita e acalmasse aquela curiosidade que eu tinha sobre ele. Aquela sensação que crescia estivesse ele perto ou longe. Luke Hemmings era o problema e o remédio. Só ele poderia trazer de novo a paz que tinha me tirado. Quem sabe assim eu pararia de sentir falta dele.

Eu me senti muito esperta quando comecei a desenvolver a ideia na minha cabeça.

— No que está pensando? — ele perguntou, talvez notando o tanto que eu o encarava.

Eu pensei. Precisava elaborar uma abordagem antes, então preferi mentir.

— Na... minha mãe.

Era uma boa mentira. Tinha timing.

Ele assentiu, sério.

— Vocês eram próximas?

Eu franzi o cenho.

Nunca tinha pensado muito naquilo. Eu me sentia espiritualmente próxima dela, mas fisicamente não fazíamos nada juntas, não seguíamos os mesmos caminhos e não tínhamos assuntos em comum. Mas eu sabia sua cor favorita e quais filmes a faziam chorar. Éramos mãe e filha, então toda a informação emocional no meu cérebro passava por ela.

Será que o último sentimento forte que ela teve antes de morrer foi raiva de mim?

Era muita coisa para assimilar naquele momento.

— Depende — respondi honestamente — O que você chama de proximidade?

Foi a vez de Luke demorar a responder.

— Conexão — ele respondeu reflexivo — Quando ela supera o tempo e a distância.

— Acho sim, éramos próximas — ponderei.

Eu achei que aquele assunto fosse acabar e eu poderia inventar um tema que pendesse mais para o que eu queria pedir a ele. Mas Luke fez outra pergunta.

— Como seus pais se conheceram?

Eu voltei os olhos para a projeção e balancei a cabeça.

Talvez ele estivesse achando que eu queria falar sobre aquilo, mas ele mesmo deveria estar zero interessado no assunto.

— Você não quer ouvir isso...

— Acho que eu quero sim — Ele respondeu prontamente e parecia um ponto final.

Espiei seu rosto por dois segundos antes de pensar por onde começar. Eu cruzei os braços, adquirindo uma postura fechada, e encostei a cabeça no colchão, respirando um pouco antes de começar.

— Ela era designer. Desenhava peças de alfaiataria para uma marca grande, mas aí um dia, sem mais nem menos, pediu demissão porque achava o trabalho chato demais. Foi quando ela aceitou ser figurinista da Aerosmith. — Eu poderia ter parado nesse ponto, mas optei por continuar. Queria contar tudo logo — Meu pai já tinha a minha irmã Liv lá no final dos anos 80 e estava solteiro, então eles acabaram se apaixonando. Quando minha mãe decidiu começar o próprio ateliê, a distância foi esfriando a relação deles e começaram a terminar e reatar diversas vezes, durante mais de uma década. Numa dessas vezes, ele conheceu uma modelo húngara chamada Carolyn Simon. E, no espaço de um ano, eles se apaixonaram, começaram a namorar, ela ficou grávida e morreu durante o parto.

Luke virou o rosto rapidamente na minha direção.

— E o bebê?

Olhei para ele pois queria ver a sua expressão quando descobrisse. Dei de ombros.

Sex - Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora