55. Grey Luke

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Sydney

Ben e Andy não conseguiram voltar pra casa. Eu não consegui ir embora. Ninguém se moveu naquele pedaço de terra no fim do mundo.

Eu andei pela casa observando a tempestade pela janela e interagindo superficialmente com Jack. Ajudei no preparo do jantar e jogamos FIFA sem o seu irmão dar um indício de vida.

Quando Jack subiu, eu liguei para Anya. Ela estava preocupada. "O que você está fazendo, Maya? Não me leve a mal, eu amo o Luke, mas não gosto dele com você."

Eu soube ali que tinha ficado com a pior versão dele.

Me imaginei sendo outra pessoa, vendo-o de fora, me divertindo com seu humor despreocupado e sentindo somente a superfície dos seus flertes. Sem drama, sem sonhos vermelhos ou memórias grudadas no tecido da minha mente.

Depois que me deitei para dormir no quarto de Ben, me encontrei com o dia em que Luke me mostrou como seria se eu fosse dele. Acho que ele falava uma coisa e eu entendia outra. Parecia ter acontecido há eras. Antes da queda. Depois da queda a vida era outra. E agora, bem... eu não sabia o que era agora.

Acordei suando perto das cinco da manhã. Vestia as roupas de uma ex de Jack e tinha o coque desfeito pelo sonho. Embora eu já não me sentisse apaixonada por Luke, era impossível me livrar da angústia de estar naquelas memórias.

Coloquei os pés descalços no chão frio e olhei pela janela os borrões de uma cidade que eu não conhecia. Nada tinha forma.

Eu precisava de um copo d'água. Saí do quarto tentando não fazer barulho, praticamente na ponta do pé e tateando as paredes enquanto meus olhos não se ajustavam à escuridão.

Com as janelas bem fechadas, a tempestade lá fora parecia apenas um sopro. Eu me perguntava se pela manhã as estradas e os aeroportos estariam abertos. Queria ir embora, precisava ir embora. Não tinha motivo para ficar.

Acabei esbarrando em um aparador no corredor, bati com o quadril na ponta do móvel e senti a ardência imediatamente.

— Ai! — soltei sem conseguir me impedir.

Cobri o local com a mão e curvei o corpo para frente. Que droga. Mais um pouco e eu estaria na ponta do corredor, onde havia um banheiro e eu poderia cuidar disso.

Mas uma porta se abriu e a luz do corredor foi acesa.

— O que aconteceu? — Luke perguntou com a voz sonolenta, mas ele claramente já estava acordado.

Eu afastei as mechas soltas do meu rosto para visualizá-lo.

— Nada, eu só esbarrei no móvel — apontei para onde o aparador fez um pequeno rasgo na minha pele.

— Está sangrando — ele disse indo até mim, mas não parou — Tem um kit de primeiros socorros no banheiro — continuou caminhando até o banheiro no começo do corredor.

Eu o acompanhei, sentindo a ferida arder mais.

Luke acendeu a luz e pegou uma maleta no gabinete para procurar um antisséptico, gase e um band-aid. Quando eu ia estender a mão para pegar os itens dele, ele sentou na tampa do vaso sanitário e disse para eu me aproximar.

— Vem aqui.

Me aproximei.

O rosto de Luke estava na altura do meu estômago, então ele inclinou a cabeça para o lado afim de avaliar o machucado melhor.

A ferida estava logo acima do cós do short. Ele, então, puxou o short um pouco para baixo. Talvez um pouco demais. E depois colocou o antisséptico na gase e começou a limpar a área, pressionando gentilmente.

Sex - Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora