Depois de sairmos da água, Luke não fez o que se esperaria dele. Sem piadas, sem intenções nas entrelinhas e nenhum convite indecente. Sentamos na areia lado a lado, observando a vista da praia e os três italianos que haviam voltado para a água.Dentro do meu peito havia algo tão quente quanto o calor do sol na minha pele, embora meu rosto se mantivesse sério.
Eu não queria que Luke visse, eu não queria que fosse óbvio.
A proximidade e o silêncio cúmplice entre nós eram alguns dos sentimentos mais fortes que já tinham passado por mim. Independente de onde íamos parar, não me parecia provável que um dia fôssemos perder isso.
Aí ele olhou para mim, abrindo um mínimo sorriso. Talvez Luke tenha escutado o meu pensamento ou talvez eu tenha delirado, mas aconteceu. E, mesmo que um dia eu esqueça do seu cabelo molhado e da pele corada, ou da barba por fazer e do azul cristal nos olhos dele, eu não vou esquecer da sensação.
Eu quase senti o gosto na ponta da minha língua. Quase conheci o cheiro e a textura. Quase vi a cor.
— O que é isso? — Luke perguntou com os olhos semicerrados.
— Isso o que?
— Isso... — ele balançou a cabeça, procurando as palavras — Essa coisa de às vezes você parar e agir como se estivesse provando alguma coisa.
Eu levantei as sobrancelhas. Não sabia que ele estava prestando atenção. Luke me pegou desprevenida. Eu ri de nervoso e gaguejei. Sacudi a cabeça pensando em dizer que não era nada, que ele estava vendo coisas.
Ninguém nunca tinha visto.
Mas aí a verdade se soltou da minha boca antes que eu pudesse inventar qualquer coisa.
— Meus sentidos são misturados.
Luke franziu o cenho.
— Que?
— O nome é sinestesia — eu limpei a garganta. — Eu sinto o cheiro de cores e vejo sons, e... coisas assim.
Ele pensou um pouco.
— Ah, eu já li sobre isso. Só não sabia que era tão literal e nem que você tinha. Como é? Eu quero dizer... como é sentir tudo isso?
Dei de ombros e desviei o rosto do olhar dele por um momento.
— É... normal. Eu não tenho com o que comparar. As coisas sempre tiveram cor, textura, cheiros e gostos.
— Tudo?
— Tudo tem alguma coisa.
Luke pareceu gostar do que ouviu.
— Qual o pior gosto que você já sentiu?
— A comida da minha mãe — respondi rápido e Luke revirou os olhos. Ele queria a resposta real.
Eu respirei fundo e travei o maxilar. Era estranho falar daquilo. A sensação voltava toda de uma vez e a cor também. A cor era o pior.
— O gosto do dia em que ela morreu.
Ele engoliu em seco. Acho que foi a primeira vez que vi Luke fazer isso.
Ainda não parecia real quando eu falava em voz alta. Na verdade, parecia que ela ainda estava viajando, como sempre fazia. A qualquer momento estaríamos as três em casa novamente, abrindo presentes e falando de roupas.
Mas tudo tinha mudado. Até mesmo eu e Anya. Eu nem sabia mais se chamava a minha casa de casa.
— Você quer falar sobre isso? — Ele perguntou.
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Sex - Luke Hemmings
FanficLuke não era viciado em sexo. Na verdade, era viciado em endorfina. Ele precisava de feniletilamina, um peptídeo que se ativa também com perigo, paixão, risco ou medo. Mas não, ele não queria nenhuma dessas coisas. E eu? Eu só tinha que fazer o meu...