"Loving was like driving a new Maserati down a dead-end street. Faster than the wind, passionate as a sin, ending so suddenly."
Los Angeles
Tem vezes que você sabe que passou do limite. Com Luke eu já havia avançado o sinal vermelho, estourado os radares e agora estava, inevitavelmente, encontrando o fim da linha.
Eu apertaria o freio? Eu colidiria?
Não.
Andando para fora da festa de Luke, eu virei a direção violentamente, me preparando para capotar e ver o mundo virar do avesso. Eu ia me ferir? Sim, mas ia sobreviver.
Minhas pernas ainda estavam bambas do que ele tinha feito comigo, meu coração permanecia acelerado, mas enquanto ele me lançava um olhar de longe, eu sabia que o nosso acordo estava selado.
Eu me desapaixonaria por ele.
Eu não esqueceria o seu gosto de cereja que ardia na ponta da língua. Ou a sensação na minha nuca quando ele sorria e as covinhas apareciam. Mas eu ia ressignificar todas essas coisas.
A rotina mataria o encanto e o vermelho vívido se tornaria opaco.
Luke fez um sinal com a cabeça e eu o imitei, dando uma última olhada em sua figura. Ele se recusava a ser meu, ele se recusava a me ter.
"Ok?"
"Ok."
E assim eu fui embora da festa.
[...]
Maya Tyler estava perseguindo Luke Hemmings, era o que dizia a primeira página do TMZ no dia seguinte.
Scott me ligou por FaceTime pela manhã, assim que a notícia começou a repercutir. Eu me apoiei na janela, admirando West Hollywood e me preparei para ouvir várias opções de plano de contingência, mas a ideia dele não era bem essa.
— Existe mesmo essa possibilidade? — Scott se chocou quando eu o disse sobre acompanhar Zach na tour com a 5SOS — Meu Deus, isso é uma novela! Eu devia mandar câmeras atrás de vocês, podia ser o próximo Keeping Up With The Kardashians!
Eu franzi o cenho. Não queria tratar daquele assunto às oito da manhã, mas ele tinha razão. Havia um apelo ali.
— Não existe publicidade ruim — Sean disse, entrando na chamada com um sorriso. — Vai ser ótimo pra trabalhar a sua rivalidade com o Luke e ainda mostrar a coleção.
— Mas não tem nada certo — alertei. — Ainda não falei com Zach.
Scott levantou a voz, sorrindo de orelha a orelha.
— Deixa que eu falo! Vamos tornar isso oficial. A YSL pode patrocinar a sua ida e aí vocês podem fazer um diário da turnê com os looks de cada show! Várias fotos no backstage, sensuais, em preto e branco...
Scott estava sonhando alto.
Enquanto ele falava, eu consegui visualizar tudo. Via o brilho, o couro, a atmosfera, eu e Zach.
Dei de ombros.
— ... ok.
Os três comemoram como em final de copa do mundo, mas ainda faltava a parte crucial: a resposta de Zach.
Ele teria que topar passar os próximos três meses comigo no seu encalço, fingindo ser dele. Eu não acreditava que poderia me apaixonar por ele como Luke queria, mas com certeza algo ia mudar e eu precisava que algo mudasse logo.
Tudo se encaixava. Ia dar certo.
Dali eu voltei para Chicago por uns dias. Somente até receber o ok de Zach e também para participar de alguns eventos em nome da YSL.
Logo eu estava fazendo minhas malas novamente, me despedindo de Anya — que começaria o primeiro semestre de faculdade, e me deparando com o fato de que a casa ficaria inteiramente vazia pela primeira vez.
Chicago começava a ter cheiro de passado e cor de saudade. Minhas lembranças de infância começavam a esfriar. Não parecia casa quando não havia família.
Meu pai nunca gostou da cidade, ele sempre insistiu em mudarmos para a casa de veraneio em Nova Iorque. Minha mãe nunca quis e por isso sempre ficamos no mesmo lugar.
Mas eu gostava de Chicago.
Gostava dos prédios altos, da correria e dos ares urbanos. Gostava da seriedade, da tradição e também da modernidade. Gostava de tudo isso e ainda mais das lembranças da minha adolescência na Randolph Street.
Amava a teatro com as minhas amigas após o colégio. Os shows com identidade falsa e os jantares bancados por nossas mesadas. Adorava o quanto eu adorava Dylan e achava que aquilo era amor.
Ele era amarelo, não era? Devia ter sido amor.
Na minha última tarde antes de embarcar para encontrar The Neighbourhood e a 5SOS, vesti a minha antiga blusa favorita do Franz Ferdinand e caminhei até a Randolph Street.
O fluxo sempre intenso de pessoas e carros era pacífico para mim. Observei os comércios novos e antigos, buscando memórias adormecidas e pessoas que eu não via mais.
Ao parar na antiga sorveteria que minha mãe sempre me levava com Anya, ouvi uma voz conhecida me chamar atrás do balcão.
— Maya?
Eu franzi o cenho, mas logo reconheci o rosto de Jane, uma das minhas melhores amigas do ensino médio. Eu não a via há muito tempo.
Ainda lembrava bem o motivo de termos nos afastado: eu.
Ela era uma boa garota e estar com ela fazia eu me sentir boa também. Mas depois de cometer o grandessíssimo erro de transar com o irmão do meu namorado, não tive coragem de contar para ela que eu não era tão boa assim.
Jane não merecia andar com uma pessoa tão baixa como eu e foi ali que eu comecei a me afastar de todo mundo.
Dylan descobriu, quebrou o nariz do próprio irmão e saiu do colégio para não ficar perto de mim. Eu me afastei de Jane, Alice e Alex. Tudo que eu achava que sabia sobre mim estava arruinado.
— Jane! — sorri para ela.
A ruiva baixinha saiu de trás do balcão e me envolveu em um abraço inesperado. Eu retribuí o aperto, quase sentindo como se estivéssemos de volta ao colegial.
— Eu não sabia que estava de volta aqui em Chicago! Vi que estava e Los Angeles esses dias — ela disse ao me soltar.
As bochechas rosadas dela eram grandes e inocentes. Não havia nada em Jane que não fosse bom.
— Bem... — coloquei o cabelo atrás da orelha. — Eu voltei, mas amanhã já estou partindo de novo.
Jane fez uma cara triste.
— Ah, tudo bem... é que a gente sente a sua falta, sabe? Sempre falávamos de você antes mesmo do seu nome começar a aparecer nas revistas de fofoca.
— Você viu aquilo? Não acredite em tudo que publicam! — eu ri, sem graça.
Ela balançou as mãos no ar, se apressando para esclarecer.
— Não! A gente sabe quem você é, não se preocupe. E se você estiver mesmo perseguindo Luke Hemmings, me leva contigo! Sempre foi meu sonho largar tudo e viver da minha obsessão por ele!
Eu caí na risada. Sentia falta do humor dela.
Jane me serviu um sorvete em seguida e eu saí da loja com a casquinha na mão. Prometi à ela que nos encontraríamos quando eu voltasse.
No caso, se eu voltasse.
Esse era um problema que eu deixaria a Maya do futuro resolver.
Só voltei para casa quando já era noite. Meu celular vibrou no bolso assim que fechei a porta.
Abri a conversa com Scott para ver o que era e me deparei com a resposta tardia de Luke para o TMZ, quase três semanas após a publicação da matéria que me difamou.
O sangue ferveu nas minhas veias.
"Tem sempre uma louca me perseguindo."
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Sex - Luke Hemmings
FanfictionLuke não era viciado em sexo. Na verdade, era viciado em endorfina. Ele precisava de feniletilamina, um peptídeo que se ativa também com perigo, paixão, risco ou medo. Mas não, ele não queria nenhuma dessas coisas. E eu? Eu só tinha que fazer o meu...