Eu era incapaz de esconder o motivo pelo qual era tão difícil ir. Luke sabia disso. Todo mundo sabia.
O que não quer dizer que estivesse certo o feitiço que ele tinha sobre mim. Eu me confortava na certeza de que só estava no começo da minha vida e um dia, com sorte, isso ia se dissolver nos anos e virar história. Um história distante dos meus vinte e poucos anos. Um dia eu não ia acordar sufocada pela primeira coisa que me vinha à mente todas as manhãs: ele.
Despertei e, além da fina linha dourada cruzando o teto, via os olhos dele — que não estavam ali, mas estavam. Tão enigmáticos quanto os reais, que descansavam no cômodo ao lado.
— Por que você me diz pra ficar quando sabe que eu não tenho forças pra ir?— eu disse para o nada.
Minha voz era um sussurro rouco. Uma súplica para o ar. Encarei os olhos que eu queria conseguir ler, mas também tinha medo de entrar na mente dele. Medo de ter medo, medo de gostar, medo de não conseguir sair.
Mas eu já não conseguia sair, certo?
Eu tava presa a ele. Presa nele. Presa com ele. Já na chuva, já molhada. Secar não fazia sentido.
Levantei e sentei na cama, limpando a tímida lágrima que escorreu pela minha bochecha.
Ele me machucava por querer. Me prendia por querer. Ninguém estava feliz e, mesmo assim, eu não conseguia lembrar como era a vida antes dele. Com ele eu vi tudo de mais intenso. Novo, incrível, ruim e terrível.
Dois toques na porta. Respirei fundo pois sabia que era ele. Jack teria se anunciado em voz alta e me deixado saber que estava tudo bem. Mas Luke vinha espreitando no silêncio, se esgueirando no próprio mistério.
— Pode entrar.
Ele entrou, vagou um momento pelo quarto e encostou na parede oposta, olhando para longe. Seu maxilar travou e o Pomo de Adão subiu e desceu. Demorou, mas ele me olhou de volta. Os olhos travados nos meus.
— Você realmente quer ir embora? — a pergunta dele soou desafiadora, como se ele já tivesse uma carta coringa na mão. Ele estava me desafiando a ter uma boa desculpa, mas eu não precisava de uma boa desculpa.
— Eu tenho que ir.
— Não foi isso que eu perguntei.
Eu não ia entrar num jogo com ele. Ele queria a resposta, ele a teria.
— Você sabe que o que eu quero fazer é diferente do que eu devo.
— Você quer ficar? — o tom dele me desafiava.
— De alguma forma... sim — respondi.
Não foi como um peso saindo das minhas costas, foi como uma lâmina deslizando na minha garganta.
Luke não reagiu à resposta. Não era surpresa.
— Por que? — ele perguntou.
Eu o encarei de volta, tentando entender o que ele não entendia. Mas aquele era Luke, não era? Claro que ele faria uma pergunta dessas.
Eu soltei um riso fraco e olhei pra longe. Ele sabia o porquê, mas queria me ouvir falar. Ele tinha prazer em me ver desmontar. Luke continuou esperando a resposta, paciente, presente. Havia uma agitação em mim que não chegava até ele. Como? Como aquilo tudo só podia existir em mim?
Suspirei e deixei minha voz sair bem baixa:
— Porque eu sou irracionalmente apaixonada por você — travei meus olhos nos dele de novo.
— O que te fez irracionalmente apaixonada por mim? — ele repetia as minhas palavras complemente sem emoção, apenas sério, confortável em si mesmo.
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Sex - Luke Hemmings
FanfictionLuke não era viciado em sexo. Na verdade, era viciado em endorfina. Ele precisava de feniletilamina, um peptídeo que se ativa também com perigo, paixão, risco ou medo. Mas não, ele não queria nenhuma dessas coisas. E eu? Eu só tinha que fazer o meu...