13. Play Me Like A Guitar

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Portland

Eu sabia exatamente o que eu tinha feito e, por isso, guardei um momento para apenas encarar a janela aberta por onde entrava a luz matinal.

Espiei pelo canto do olho o embrulho vermelho que continha o presente de Luke. Ele não me deixava abrir aquela porcaria e o pacote parecia ter olhos. Várias vezes eu me imaginava abrindo-o sorrateiramente e depois voltando a embrulhar como se nada tivesse acontecido.

Mas não o fiz nenhuma das vezes.

Ah, como era uma boa garota!

Jordan já tinha ido embora e eu estava ali só com a minha reflexão culpada. O lençol enrolado no meu corpo não era o suficiente para a temperatura que fazia, mas eu queria me punir. Eu merecia pegar um resfriado. Eu merecia até coisa pior.

Até desbloqueei Anya esperando que ela descontasse alguma raiva em mim por ignorá-la por tanto tempo.

"Por que fez isso comigo?" Foi o que ela perguntou ao telefone.

"Eu sou uma idiota. Me desculpe. Como você está?"

"Estou bem, mas você tem falado com a mamãe? Papai não vai voltar no fim da turnê, eles terminaram de novo."

Puta merda.

"De novo? O que ele fez?"

"Eles nem estavam se falando direito, ele só ligou e jogou a bomba."

Tirei o telefone do ouvido e o xinguei. Por que ele fazia isso? Por que ainda dava esperanças para ela sabendo que sempre vão terminar do mesmo jeito?

Era horrível assistir a eterna espera da minha mãe. Desde que eu nasci, ela esperava que ele arrumasse tempo para ser um pai e um marido, mas ele estava sempre tão ocupado sendo Steven Tyler que somente seus restos voltavam pra casa.

E restos não eram o suficiente.

Os términos, as suspeitas de traição, os perdões, os presentes, os choros.

Desliguei a chamada com Anya e liguei pra minha mãe, que estava em casa. Eu insisti, mas ela não atendeu pois sabia qual era o assunto.

Atirei o telefone em cima da cama ao me lembrar da hora. Eu não podia me dar ao luxo de tentar resolver o casamento alheio à distância. Eu precisava trabalhar e me concentrar para não entrar no buraco junto com a minha mãe, como acontecia todas as vezes.

Fiz um nota mental para falar com a psicóloga dela mais tarde. Eu amava a minha mãe e admirava muito quem ela era: um estilista de sucesso, uma profissional séria e reconhecida pelos seus próprios méritos. Mas eu também morria de medo de repetir os seus erros.

Todos eles relacionados ao meu pai. Todos seus traumas e inseguranças na mão de um homem que só enxergava a si mesmo.

Sem ânimo, apenas coloquei um roupão antes de ir até o outro lado do corredor para bater na porta de Luke.

Respirei fundo antes de bater na porta.

Ele já estava acordado.

- Bom dia - Ele me cumprimentou com um sorriso e uma xícara de café na mão.

O cheiro era maravilhoso, mas a companhia me lembrava de uma coisa que eu queria esquecer, uma sensação que não me deixava.

Desde horas antes, quando...

- Dia - peguei a xícara dele, dando um gole e pedindo passagem para ver o que mais tinha na mesa de café da manhã.

Ele raramente pedia café no quarto. Era vaidoso o suficiente para precisar se exibir em qualquer situação, mesmo num simples café no restaurante do hotel.

Sex - Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora