18. Perséfone

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Encarei minha mão envolvida na dele enquanto atravessávamos o jardim. Era uma sensação nova, que não se decidia entre prisão ou liberdade.

Eu estava indo com ele ou ele estava me levando?

Não importava, a eletricidade que corria solta por toda a minha superfície se certificava de manter nossas mãos atadas. E, o tempo todo, eu me sentia capaz de ceder com a força do contato.

Contudo, eu sabia que aquela reação não vinha de ambos os lados. Era apenas o efeito dele.

Luke, suas palavras, seus trejeitos e filosofias.

Seguimos entre os corpos que dançavam livres e eu me concentrei em não perder nenhum dos degraus da escada mármore.

Na entrada principal, olhei para a vista lá embaixo. Vi rostos conhecidos e muitos outros novos. Quis, por um segundo, saber a motivação de cada um ao comparecer à festa. Seria uma noite que algum deles jamais esqueceria? Havia algo diferente no ar, mas não me importei com isso por muito tempo, afinal, Luke brilhava no canto da minha vista como um farol.

A atenção era sempre dele.

Quando finalmente entramos na mansão, Luke se virou para mim. O amplo hall era compartilhado por outras trinta - talvez mais - pessoas.

Um garçom parou na nossa frente e ele me entregou uma taça com o líquido brilhante.

- Beba - ele pediu, sua voz superando a música alta no fundo.

Enquanto eu levava a taça até a boca, ele observou o meu movimento abertamente. Seus olhos presos nos meus lábios e meus lábios envolvidos no champagne.

- Satisfeito? - Perguntei.

Ele balançou a cabeça.

- Ainda não - Indicou as escadas que levavam ao segundo andar - Vamos subir.

Franzi o cenho.

- O que há lá em cima?

Ele inclinou a cabeça para o lado.

- Por que não vem descobrir?

Os olhos dele reluziam como os de uma criança travessa prestes a aprontar.

Assim, Luke soltou a minha mão e seguiu para as escadas. Eu não vi outra opção, senão seguí-lo.

Quando pisei no primeiro degrau, ele já havia sumido da minha vista. Eu cheguei a hesitar quando cheguei no topo da escada e olhei para baixo, temerosa de estar sendo vigiada do primeiro andar.

Diante de mim, se estendia um corredor que atravessava todo o lugar. Eu não sabia se Luke havia ido pela direita ou pela esquerda, mas ambos os caminhos estavam escuros, eu conseguia ver os padrões no chão somente por conta da iluminação externa que escapava de um vitral ou outro.

Dei passos hesitantes para a extensão do corredor à direita, contando quantas portas haviam e receosa de ter que abrir alguma delas.

A primeira estava aberta.

Olhei para dentro e parecia um escritório antigo, onde pessoas importantes haviam tomado decisões históricas - como burlar a lei seca em 1929 ou esconder um affair entre o presidente e uma figura famosa. Apenas decisões ambíguas.

Havia uma infinidade de livros na estante que tomava toda a parede ao fundo. Dei um passo para dentro somente para garantir que Luke não estava lá, mas acabei indo verificar o livro que estava sobre a lustrosa mesa de mogno.

Na página aberta das folhas conservadas estava a imagem de Perséfone, a deusa do submundo.

Uma ninfa, filha do mais poderoso dos Deuses, responsável pelas estações, pelas flores e frutos que, um dia, foi raptada por Hades. Alguns diriam que, na verdade, ela desceu ao submundo porque se sentiu atraída, porque estava curiosa com os encantos sombrios que vinham dali.

Sex - Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora