47. Science

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Paris

O universo não funciona em cima do que entendemos como tempo, por isso cientistas dizem que a única diferença entre passado e futuro é o calor. Eles ainda não conseguem entender com tanta clareza todos os porquês, sendo assim, a única certeza desse fato é que a energia se dissipa em calor e isso define a passagem de tempo.

Então, o calor é sempre uma marca de algo que já aconteceu.

Naquela tarde em Paris, o que eu percebia sobre Luke começava a parecer o calor que havia sobrado da energia do que já havíamos passado.

Eu senti a temperatura quando descemos do avião e a mão dele tocou na minha ao pegar a mala. Senti também quando ficamos muito próximos no elevador, mas nada mais. Estava ali porque a nossa conexão era física, química. Forte. Mas eu começava a entender o lugar que ele preferia ocupar.

Fazia sol e eu admirava a cidade por trás dos meus óculos escuros, na calçada do hotel. Havia algum problema com nossas reservas, então resolvemos ficar por ali até tudo ser resolvido.

Zach, que mexia no celular, levantou a câmera na minha direção.

— Não sorria — ele disse.

Eu levantei o dedo do meio.

— Perfeito — ele riu.

Aquela foto seria postada por ele, assim como eu já havia postado uma foto dele no meu perfil mais cedo. Era o nosso trabalho e a gente se divertia com isso.

Quando o problema com as nossas reservas foi resolvido, já estava escurecendo e eu só queria um banho. Ao chegar no meu quarto, tirei dez segundos para encarar a vista da sacada, linda. Tudo que eu imaginava de Paris estava ali e, felizmente, ficaríamos alguns dias na cidade.

O horizonte azul escuro, a arquitetura e as luzes acesas eram o cenário perfeito. Para quê? Para qualquer coisa. Era apenas perfeito.

Deixei a cortina aberta e fui para o banho. Demorei o tempo que precisei, acho que até mesmo tirei um cochilo na banheira.

Saí enrolada no roupão, apreciando o cheiro do amaciante no tecido, e liguei a música na TV antes de retornar para a minha parte favorita do quarto: a sacada.

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A brisa fresca atingiu meu rosto, me provocando um delicioso arrepio. Eu apoiei as mãos na grade e olhei para o lado esquerdo, logo percebendo que eu não era a única nas sacadas.

Não deu tempo de elaborar qualquer teoria, eu apenas assimilei.

A metros de mim, uma garota estava sentada no colo de Luke. Seu corpo estava coberto por um roupão igual ao meu, mas a cadência com a qual ela se mexia não deixava dúvida.

Luke a segurava pelo pescoço e pelo quadril. Ela não gemia, mas a respiração era pesada e os corpos deles se chocando ia criando um ruído.

Era tão inesperado que sequer tinha cor, mas tinha um cheiro sofisticado e silencioso.

O par de olhos azuis logo me encontrou por cima do ombro dela. Parecia fora de órbita e atento. Parecia desejoso e indiferente. Parecia todas as coisas, nada que eu pudesse definir com clareza.

Essa expressão nebulosa não se alterou entre o momento em que ele a olhava e o momento em que me viu.

Eu apenas o encarava de volta como se não houvesse nada de errado naquilo, até mesmo porque meus olhos pareciam bem-vindos.

Ele me olhando. Eu olhando ele.

A garota começou a sentar com mais força, o barulho se intensificando, meu coração batendo em um ritmo descompassado, como se fosse eu ali.

Porque eu lembrava bem e simplesmente não conseguia parar de olhar.

Um lado do roupão caiu do ombro dela, logo fazendo o outro ir junto. Luke começou a dominar os movimentos da garota, exercendo força.

Senti meu cenho franzir e meu estômago apertar. Forte, muito forte. Eu conseguia imaginar o quão forte era o aperto dele.

A aflição que meu rosto devia estar exibindo não era algo ruim. Longe disso.

Luke, então, a ergueu da cadeira e a deitou sobre a mesa à sua frente, sem sair dela. O roupão da garota já estava no chão, mas o dele continuava no lugar. O corpo dela estava completamente exposto na luz baixa da sacada e nenhum dos dois parecia se importar com isso. Nem eu.

Com a mão direita, ele cobriu a boca dela, que começava a emitir sons altos demais para um momento tão íntimo. Com a esquerda, manteve seu quadril no lugar.

Então, ainda olhando nos meus olhos, Luke fez com ela o que não havia feito comigo.

Ele a fodeu numa perfeita demonstração de sua própria filosofia. Era do jeito que ele gostava. A tal noite que começava e terminava no ápice.

Olhando no brilho azul cristal dos olhos dele, Luke também me fazia acreditar que nada seria melhor do que aquilo. Era difícil crer o contrário.

Minha boca estava entreaberta, ofegante. Meus dedos apertavam a grade com força e o ponto entre as minhas pernas concentrava todo o calor que tinha sobrado da energia de tudo que eu já tinha feito com ele.

Uma sensação que só existia porque ele existia.

Eu pisquei novamente somente quando ele gozou. O suor descia do seu rosto, passando pelo seu peito e abdômen, e morria no meu lugar favorito, abaixo de seu umbigo.

Luke ajeitou a postura e passou a mão no cabelo, jogando-o para trás. A sombra de um sorriso apareceu no canto de seu rosto.

Travesso, sedutor, despreocupado. Eu sentia o calor da sua energia e a dopamina de seu sorriso. Luke tornava a ciência um tanto mágica.

Eu mordi o lábio para — inesperadamente — não sorrir também.

Sex - Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora