Quantas voltas o mundo teve que dar até eu estar destrancando a porta da casa dos pais dele?
Era uma construção confortável de dois andares, cercada por um jardim numa parte rebuscada da cidade. Parecia o recorte de um filme classificação livre.
Igualmente familiar do lado de dentro, encontrei as luzes apagadas e não sabia se devia sair acendendo tudo ou sei lá o que.
Mexi no primeiro interruptor que encontrei e acabei analisando a decoração à minha volta. A escada de mogno, o tapete persa e as fotos na parede do corredor. Imagens de uma criança que não dava indícios do que se tornaria.
O sorriso grande e inocente nas fotos mais antigas foi dando lugar a uma expressão mais dura conforme sua mãe parecia mais doente. Os anos passando e passando... até a foto mais recente. Segundo a data, um mês antes de eu conhecê-lo.
Subi as escadas hesitante, mas seguindo o caminho que Jack me disse para fazer.
No andar de cima, um corredor escuro tinha quatro portas. Eu deveria me acomodar na última. Fui até lá, empurrei a porta e logo fui dando de cara com posters, guitarras e uma cama de solteiro. O quarto de um adolescente.
Tentei não pensar muito. Encontrei toalhas limpas no banheiro dele e finalmente tomei o banho que eu tanto queria. Seria apenas algumas horas de sono e logo eu estaria a caminho de Chicago.
Meu celular estava sem bateria quando saí do banho. Meu carregador havia ficado na mala que foi para Chicago e eu estava basicamente incomunicável.
Claro que eu não sairia abrindo gavetas procurando por um carregador numa casa desconhecida. Deixei o aparelho morto sobre a cabeceira que exibia prêmios antigos da 5 Seconds Of Summer e finalmente deitei na cama.
Estava tão exausta que caí em um sono profundo assim que fechei os olhos, enrolada nos lençóis de um Luke que eu não conhecia. Estava envolta em uma história que eu não desejava conhecer, mas estava claramente sendo sugada para dentro.
Tudo parecia frágil demais para eu simplesmente sair correndo do jeito que eu queria.
Não sei quanto tempo depois, acordei com um barulho de gaveta sendo aberta. Me virei atordoada, tentando lembrar onde eu estava. Os posters, as guitarras. Quando lembrei, sentei na cama, colocando o cabelo atrás da orelha. Não tinha noção de hora e nem data.
Luke estava de costas, mexendo na gaveta. Suas roupas e seu cabelo estavam molhados. Provavelmente estava chovendo do lado de fora.
— Você ainda está aqui — ele disse.
— Jack disse que eu podia dormir aqui. Não se preocupe, eu vou embora antes do dia acabar — eu disse ainda com certo sono.
— Não tem problema. Eu só vim procurar uma roupa — a voz dele era arrastada.
— Como ela está?
Ele parou de mexer na gaveta.
— Na mesma.
Voltou a mexer na gaveta.
— E você? — perguntei.
Ele tirou a roupa que queria da gaveta e finalmente se virou para mim, mas não me olhava. Encarava a parede com olheiras fundas e o cabelo bagunçado.
— Preciso dormir.
Assenti.
— Ok. Eu só preciso carregar o meu celular antes de ir embora. Você trouxe o seu carregador?
— Não, mas deve ter algum sobrando por aí — respondeu monótono, ausente.
— Ok, eu vou... — sai da coberta e me levantei, pensei em não fazer isso, mas acabei me aproximando dele. — Eu sei que sou a última pessoa que você queria que estivesse contigo hoje, mas eu lembro bem que você ficou o meu lado quando eu precisei. Eu te devo isso.

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Sex - Luke Hemmings
FanfictionLuke não era viciado em sexo. Na verdade, era viciado em endorfina. Ele precisava de feniletilamina, um peptídeo que se ativa também com perigo, paixão, risco ou medo. Mas não, ele não queria nenhuma dessas coisas. E eu? Eu só tinha que fazer o meu...