61. Have My Past

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Eu esperei.

Eu esperei porque eu sempre esperaria. Porque aqueles segundos enquanto ele me olhava com olhos de promessa eram maiores do que qualquer outra vontade que eu conhecia.

Mas Luke não apareceu para me levar à lugar algum.

Quando já se passavam quase duas horas desde a hora que ele disse que estaria em casa, eu soube. A verdade era que algo havia cutucado no fundo do meu peito a tarde toda.

Eu estava muito alerta e eu estava certa.

Sentada no sofá olhando para a porta. Esperançosa como uma menininha. Eu mesma teria pena de mim, embrulhada em meu vestidinho cor de vinho, esperando um pouco demais daquela noite amarga e sem cor.

Meu rosto se retorceu com a sensação do abandono.

Enviei uma única mensagem que nunca chegou e, quando meu dei conta, já estava subindo as escadas com meu salto alto nas mãos.

Ele simplesmente não havia voltado pra casa depois da visita à Liz. O plano inicial era que eu devia acompanhá-lo, mas ele me disse para ir escolher um vestido no shopping. Luke sumiu sem dar notícias justamente na noite em que havia me prometido tudo.

Como aquilo podia estar acontecendo?

Eu tinha um trabalho no centro de Sydney no dia seguinte. Eu cumpriria com o meu compromisso para evitar que a parte que dava certo na minha vida não passasse a dar errado. Era a única sorte que eu conseguia manter e eu não podia me dar ao luxo de jogar tudo para o ar. Nada fora da minha carreira estava sob meu controle.

Luke não ia me deixar por um fio. Eu não ia deixar ele fazer isso.

Ele também não apareceu na manhã seguinte. Nem depois do almoço, enquanto eu esperava um táxi na varanda.

Muitas horas e nenhuma mensagem.

Eu estava me sentindo tão humilhada que me recusei a deixar outras pessoas notarem a vergonha no meu rosto. A pessoa que ainda se sentava à mesa onde nada era servido.

Vesti a minha expressão mais neutra e decidi que eu não precisava me envolver em conversas moles. Ou ao menos fazer mais do que somente o meu trabalho naquela tarde em um estúdio no alto de uma torre no centro da cidade.

Passei séria pela portaria. Apertei friamente a mão da garota sorridente e de sotaque carregado que me levaria até a produção. Repeti os nomes dos produtores quando eles se apresentaram, somente para que eles acreditassem que eu prestava alguma atenção. O meu esforço era apenas para seguir as instruções do diretor criativo.

Nem mesmo o nome da marca me inspirou a me descolar da minha postura.

Eu já estava lá há duas boas horas quando uma peça mais espalhafatosa foi colocada no meu corpo. O maquiador se aproximou e começou a retocar os meus olhos. Eu ouvi as instruções do fotógrafo enquanto recusava um copo d'água e em seguida a garota da recepção me deu algum aviso.

Balancei a cabeça mesmo sem entender o que ela dizia e me posicionei no centro da luz quando a equipe se afastou do ângulo da câmera.

Aquilo no meu corpo era um vestido de noiva. Alças finas de brilhantes reluziam no canto do meu campo de visão. Devia ser lindo se eu tivesse mais disposta a admirá-lo.

Eu me imaginava fora do meu corpo, ouvindo as orientações, mas a minha mente estava descansando em outro lugar. Dissociar me impedia de chorar.

— Maya? — O fotógrafo estava sacudindo a mão na minha frente. Eu pisquei confusa.

— Oi!

— Você quer que a gente saia?

— Sair? Por que? — pisquei confusa e me voltei para a direção na qual o dedo do fotógrafo apontava.

Sex - Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora