Como eu ousava me expor ao sol e querer não me queimar nele?
Fogo se faz com vermelho e amarelo. Até uma criança sabe disso. Se eu tivesse ido embora antes, nunca teria visto outras cores em Luke.
Minha culpa só aumentava.
No dia seguinte, eu chorei de raiva. Não sabia se por mim ou por ele, mas sabia que era uma raiva amarga, de cegar os olhos.
Como eu ousava me apaixonar por Luke Hemmings?
Eu era tão inconsequente. E quando dizia que estava sendo responsável era quando estava fazendo mais merda. Definitivamente, eu não era o que eu pensava de mim.
O dia era quinze de julho quando Scott me chamou às pressas no escritório. Não havia nada programado então, obviamente, a urgência me assustou. Eu me enfiei em um jeans e busquei um par de óculos escuros, pois não estava suportando o sol. Não podia aguentar o quanto o calor e o brilho me lembravam dele: aquele que não queria lembrar de mim.
Mesmo na pressa, do tudo como mandava o figurino e, melhor ainda, como eu me sentia confortável. Não era segredo o quanto eu me identificava com as roupas da Heritage. Era um conforto no meio do desconhecido. Parecia quase feito para mim.
Quando cheguei na ampla sala cheia de croquis e janelas enormes, duas pessoas da equipe de marketing da YSL estavam com ele. Sarah e Sean, que sempre andavam juntos e tendo as ideias mais ousadas do setor.
Eu não era burra. No momento em que os três pares de olhos se cruzaram com os meus eu soube que eles queriam que eu fizesse algo que eu não gostaria de fazer. Eu só não sabia que era sobre Luke.
— Luke Hemmings vai dar uma festa na casa dele em Los Angeles e tá chamando Deus e o mundo pra festa.
Sarah, a baixinha de óculos, disse e olhou para Sean, que mexia nos dreads, fingindo distração enquanto encontrava uma forma de jogar a bomba. Estávamos os três esperando o mais alto terminar o teatro.
— Sean? — já era possível ouvir a expectativa na minha voz — Diga de uma vez.
Ele me deu um olhar culpado, mordendo o canto da boca antes de pronunciar suas primeiras palavras.
— Você provavelmente já sabe o que é — falou com cuidado.
Bufei e revirei os olhos. Eu já tinha concordado em fazer tanta coisa que estava fora do contrato nas últimas duas semanas que estava exausta.
— Vocês querem que eu vá até lá — joguei os braços.
Os três afirmaram com a cabeça e, antes que começassem a falar, eu os interrompi e me encostei em uma mesa.
— Eu não posso fazer isso. Vocês não entendem e eu não posso explicar — balancei a cabeça. — Mandem outra pessoa, cortem meu contrato, sei lá. Eu sei que não sou obrigada.
Eles franziram o cenho ante a minha imediata negativa.
— Não queremos te obrigar — Scott pareceu ofendido. — Mas essa é uma grande chance de exibir a coleção num espaço para o qual ela foi feito. É o cenário perfeito.
Foram essas e mais insistências.
— Não precisa ser eu. Liguem para Luke e peçam que ele mesmo vista as roupas — dei de ombros.
— Já tentamos — Sarah justificou. — Mas ele disse não.
— Vocês falaram com ele? Quando?
— Hoje cedo, antes de te chamar.
— E o que ele disse exatamente?
— Ele só disse que não e desligou o telefone.
Voltamos a nos entreolhar os quatro, os meus nervos já estavam no limite e Scott massageava as têmporas. Eu não queria ter que me indispor com eles.
— Por favor, Maya — Scott pediu. — Se você ao menos for, a gente promete cumprir com qualquer exigência que você tenha. Não quer falar com ele? Ótimo. Quer ficar só uma hora lá? Tudo bem também. Mas vá e deixe que te vejam e que te fotografem. Você pode entrar e ficar completamente muda, sem falar com ninguém. É só tomar um drink e andar pela casa, só isso. Por favor.
Eu encarava o chão, me imaginando naquela situação horrível da qual eu deveria me poupar. O quão mal eu me sentiria como um adereço no canto da sala de Luke.
Só tinha um jeito de me livrar daquela roubada, mas eu não conseguia dizer aquilo olhando nos olhos deles. Continuei com os olhos nas minhas botas.
— Gente, eu não posso fazer isso — respirei fundo. — Vai me fazer mal. Eu... eu gosto dele — puxei o ar novamente — E ele não gosta de mim.
Um silêncio tomou conta da sala. Nenhum dos três esperava aquela revelação quase íntima.
— Como assim você "gosta" dele? — Scott estava confuso — Você está apaixonada por ele?
Na voz do meu amigo, aquela parecia uma ideia louca, improvável, de outro mundo.
Bufei sonoramente e levantei o rosto, assentindo como se me rendesse. Scott tinha o rosto todo retorcido em estranheza.
— E ele não gosta de você? Ele é... louco? Você é uma das mulheres mais deslumbrantes que eu já vi na vida e esse idiota não gosta de você?
Não pude deixar de soltar um riso fraco. Assenti de novo, um pouco mais triste dessa vez pois percebi que eu já tinha dado tudo de mim para Luke. E tudo não havia sido suficiente. Tudo era muito pouco.
Quando não era pra ser, realmente não era.
— Ele odeia que eu esteja apaixonada por ele, mas eu não consigo simplesmente parar — soltei baixo.
Sarah juntou as sobrancelhas e Sean tinha o queixo caído esse tempo todo.
— É por isso que não posso ir. Ele disse que eu vou me arrepender se puser os pés lá — a frase saiu tão amarga da minha boca que meu rosto se retorceu — É por isso. Espero que entendam.
— Eu sinto muito, meu amor — Scott disse ao agachar na minha frente e pegar a minha mão.
Eu encarei seus olhos gentis por trás dos óculos de grau, me sentindo confortada pelo pesar genuíno dele.
— Está tudo bem — eu disse. — A culpa é toda minha e eu vou aprender a lidar com ela. Só que ainda é cedo demais.
Enquanto Scott me confortava, Sarah começou a cochichar algo com Sean. Os dois pareciam discutir entre si. Eu não me preocupei em saber qual era o assunto porque a minha mente estava me enfiando em um buraco escuro, me fazendo lembrar das coisas que eu devia esquecer. Mas a garota limpou a garganta alto, deu um passo à frente e me olhou como se tivesse inventado a eletricidade, me obrigando a despertar.
Ela se agachou ao lado de Scott, pegando a minha outra mão.
— Não há nada mais ofensivo para um homem egocêntrico do que ver uma mulher perder o interesse nele.
Eu franzi o cenho.
Sean se aproximou também e levantou as sobrancelhas para mim, falando com um pequeno sorriso no rosto:
— Tyler, vista a seu melhor vestido — ele disse. — Nós temos um plano.
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Sex - Luke Hemmings
Fiksi PenggemarLuke não era viciado em sexo. Na verdade, era viciado em endorfina. Ele precisava de feniletilamina, um peptídeo que se ativa também com perigo, paixão, risco ou medo. Mas não, ele não queria nenhuma dessas coisas. E eu? Eu só tinha que fazer o meu...