Sex - Luke Hemmings

52. Going Home

Barcelona

Eu tinha algo brilhante para Luke. Um presente iridescente forjado de todos os meus medos e todas as minhas coragens. Tudo que ele não merecia e nem queria. Algo que insistia em existir. Mas até onde algo assim pode resistir?

Antes de fazer as minhas malas, eu as desfiz. Haviam lembranças demais ali e eu precisava seguir sem nada dele.

Retirei o blazer do cabide, o presente inconveniente do fundo da minha mala, um anel de cruz e o vestido que ele me deu em Vegas. Atirei no lixo o perfume que ele já tinha dito que gostava e tudo que eu tinha de merch da 5 Seconds Of Summer.

Não escrevi bilhete como na primeira vez. Não havia nada a dizer.

Zach estava no térreo, pedindo um táxi para mim. Ele já havia insistido para eu ficar, tentado de todo jeito. Calum e Michael também.

Mas nada me faria ficar.

Ashton foi o único que apoiou a minha decisão. Ele me enviou uma mensagem que dizia "Infelizmente, nada de bom sairia disso. E pensar que eu já achei que vocês fossem perfeitos um para o outro... talvez essas coisas só funcionem em livros. Acho que precisamos reconhecer que ele nunca vai mudar."

Eu cheguei a descer do elevador. Eu cheguei a me despedir de Zach e Lyla. Eu cheguei a entrar no táxi.

Mas aí a porta do outro lado do carro se abriu.

Além do vidro, vi Ashton correndo do hall do hotel para a calçada, parecia apavorado. Ele falou algo com Zach e Lyla e os dois fizeram a mesma cara, mas nenhum deles o impediu.

De repente, Luke estava dentro do táxi.

Meu primeiro impulso foi vociferar.

— Que porra você está fazendo? — atirei contra ele.

— Eu preciso ir para o aeroporto — ele disse mais para o taxista do que para mim.

Notei a linha de suor na sua têmpora e sua perna tremendo. Ele estava esmagando o celular nas próprias mãos. Nervoso a ponto de explodir e me ignorando a todo custo.

Alguma parte de mim queria mesmo que ele explodisse mesmo, só para que eu pudesse gritar mais com ele.

— Você não pode pegar outro táxi? — eu tentei.

Luke respirou fundo com os olhos fixados no nada à sua frente.

— Por favor — ele disse entredentes, segurando algo em sua voz — Eu preciso ir para o aeroporto.

O taxista deu partida no carro enquanto eu disparava novamente para o babaca.

— Você não está cansado de ficar na porra do meu caminho? Meu Deus, eu só preciso respirar...

Ele soltou um riso cheio de sarcasmo e finalmente olhou na minha direção. Em volta dos seus olhos havia uma vermelhidão.

— Se você estiver pensando que eu estou aqui pra te acompanhar ou pra te impedir de ir para onde quer que você vá, você não poderia estar mais enganada. Eu preferia estar em qualquer outro lugar no mundo, com qualquer outra pessoa.

— Então o que você está fazendo dentro do meu táxi, porra?

— Finja que eu não estou aqui.

Eu franzi o cenho, pronta para atacá-lo novamente, mas me dei conta de uma coisa: Luke não tinha cor nenhuma. Nenhum brilho, nenhum reflexo.

Ele estava apagado e com os olhos cinzas, como se fosse sumir a qualquer momento. Era quase possível fingir que ele não estava ali mesmo.

Algo estava acontecendo e não tinha nada a ver comigo. Isso me trouxe ainda mais para a realidade. Havia tanta coisa sobre ele que eu não sabia.