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A visão era horrível. Os corpos empurravam-se freneticamente, esmagando os mais próximos ao vidro. Os rostos deformados, formavam caretas, graças ao vidro. Os dentes amarelos raspavam nos vidros, fazendo-os adotar posições arrepiantes. Os olhos vermelhos e inchados, fixados em nós, as suas presas. As mãos cobertas por sangue, que sujavam os vidros. Sem falar do óbvio aspeto de abandono que o hipermercado adotava. Quis voltar atrás, mas sabia que assim que eles pousavam o olhar em nós, não havia forma de escaparmos. Olhei para o Toni e para o Félix. Eles mantinham expressões sérias enquanto pensavam se deveríamos ir ou não. Percebi o Leonardo aproximar-se de mim. Comecei a sentir-me tensa, desviando o olhar, num tentativa de evitar brigas no meio daquela situação. Todos sabíamos que não tínhamos todo o tempo do mundo e que temos de agir o mais rapidamente possível.

- O que você quer fazer? - ele parecia tranquilo, mas sabia que no fundo, ele estava desesperado.

- Como assim? - olhei para ele, incrédula. No meio daquele grupo, com pessoas mais velhas que eu, porque ele estaria a pedir a minha opinião? Ainda mais depois do quanto que fui irresponsável a uns minutos atrás? - Porque me está a perguntar isso?

- Talvez porque esse plano foi seu? - ele falou com ironia. O nervosismo que se manifestava nas suas reações, era o que o tornava mais impaciente do que já era.

- Humm - mordi o lábio inferior e olhei para os infectados que se prensavam mais contra o vidro, indiferente a dor. Olhei para a porta e vi que tinha uma pega. Um plano começou a bolar dentro da minha cabeça e eu sorri.

- Porque está sorrindo? Já achou alguma coisa? - o Jakob olhava-me, igualmente nervoso. Eu olhei para ele com tranquilidade, já que iria dar-lhes a notícia que eles queriam.

- Tenho sim.

- Explica, por favor....mas rápido - a Addison implorou e eu concordei com a cabeça, ficando séria novamente.

- É simples. Estão a ver aquelas pegas na porta? - eu aponto para lá e todos olham, depois voltando a olhar para mim e concordando - Vamos dividir-nos em dois grupos. O primeiro grupo ficará na porta e o segundo a atacar os infectados.

- Não estou a entender nada - o Félix fraziu as sobrancelhas, brincando com a arma, numa tentativa de acalmar o seu nervosismo.

- O primeiro grupo irá segurar a porta e deixar alguns deles saírem, aos poucos. A partida, 15 a 20 deles. Depois que deixar esses infetados sair, vocês voltarão a fechar a porta. Enquanto isso, o segundo grupo irá matar esses infetados. Depois de um tempo, se estiverem muito cansados, poderemos fazer turnos e descansamos, com a ajuda daquelas cordas, prendemos as pegas para não deixa-los sair - sabia que isso seria perigoso, mas era melhor do que morrermos por abrir tudo de uma vez. Vejo todos a pensar um pouco, até concordarem com a cabeça.

- Não temos opção e os outros infetados já devem estar a voltar de qualquer jeito.

Concordamos e formamos os grupos. O primeiro grupo seria o Jakob, o Johnny, a Addison e o Félix. O Zion, o Ethan, o Leonardo, o Toni e eu ficaríamos no segundo grupo. Então, o primeiro grupo aproximou-se da porta, apoiando o seu peso contra a porta, enquanto o Johnny e o Jakob seguravam as pegas para mantê-las seguras. Todos do segundo grupo posicionaram e eu acenei para o primeiro grupo, sendo o aceno, retribuído. Então, o primeiro grupo afastou ligeiramente as portas. Naquele momento, vi que eles se assustaram com a força repentina dos corpos contra o vidro, mas rapidamente se recuperaram, observando a quantidade de infetados que saíam e rastejavam para nos segurarem.

Assim que bateu os 20 deles a sair, o grupo fechou a porta e nós começamos a nossa função, eliminá-los. Avançamos logo antes que eles partissem para cima do primeiro grupo. Eu agarrei a camisola de um deles, antes que esse infetado se aproximasse do Félix. Empurrei o infetado, jogando-o no chão com tudo. Percebi que o Félix sorriu, pisquei o olho para ele, antes de pegar o meu machado e cravar na sua cabeça. Todo o meu grupo, ficamos a proteger o outro, sempre impedindo que os infectados ficassem próximos demais. E em menos de 5 minutos, todos eles já estavam derrubados.

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