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Olhei para o seu rosto. Sentia-me culpada, apesar de eu e o Johnny não estarmos a fazer nada de mal. Os seus olhos demonstravam tanta coisa que nem eu conseguia avaliar o que ele sentia, nem mesmo avaliava o que eu sentia. Não queria machuca-lo, então aproximei-me, mas ele suspirou e afastou-se, seguindo para dentro da casa. Olhei para o Johnny e ele fez um sinal para segui-lo, que ele ficaria me esperando lá.

Sorri em agradecimento e corri atrás do Ethan. Vi que ele entrava no quarto dos garotos e eu segui-o. Todos já estavam acordados, na sala, ficando a olhar para mim enquanto eu corria para ir ter com o Ethan. Entrei no quarto e olhei para ele. Ele estava de costas e de cabeça baixa. Mordi o lábio inferior, enquanto me aproximava lentamente para perto dele.

- Ethan....eu posso explicar.... - eu ia colocar a minha mão nas suas costas, mas ele virou-se para mim. Ele não sorria como tem acontecido, sempre que ele me vê....ele estava com aquele olhar fechado e silencioso, como quando nos conhecemos. Perguntei-me mentalmente sobre o porquê de sentir aquela necessidade de me explicar para o Ethan, apesar de eu e o Johnny não estarmos a fazer nada.

- Não precisa explicar nada. Nós não temos nada para você precisar de me dar explicações - encolhi-me, afastando a minha mão de perto dele. Aquilo doeu bastante. Senti a minha garganta formar um nó forte, enquanto o meu coração era esmagado, como se não houvesse mais espaço para ele, dentro do meu corpo.

- Por favor, Ethan....

- Não S/n, está tudo bem. Só preciso de pensar, sozinho - olhei para ele, não queria ir.... não agora.

- Mas, eu....

- S/n, chega. Só vai - ele virou de costas para mim de novo. Eu não estava a entender o motivo disso, mas eu queria e tinha de respeita-lo. Por isso mesmo, eu fui embora, deixando-o no quarto. Ele precisava do seu tempo e se ele não me queria lá, tudo bem.

Fui para a sala, onde todos estavam a olhar para mim. Pareciam meio preocupados e meio curiosos. No entanto, eu não estava com vontade de lhes explicar fosse o que fosse. Apenas baixei a cabeça e sentei-me numa cadeira livre, em silêncio.

- S/n está tudo bem? - forcei o nó na minha garganta, para conseguir falar.

- Sim. Estou ótima - olho para a Addison e dou um sorriso, para mostrar-lhe que estava "bem". Mas, a verdade, é que esse sorriso foi bem forçado. O silêncio tomou a sala toda, enquanto eu me mantinha presa nos meus pensamentos. O que eu fiz de errado?

- S/n... - olhei para o lado e o Zion tinha uma barrita de Snickers. Não via chocolate a muito tempo, então não evitei de sorrir. Mas dessa vez, um sorriso verdadeiro. Peguei o chocolate e abri-o, partindo-o ao meio e dando uma metade ao Zion enquanto ficava com o outro pedaço. Ele acabou por sorrir também, comendo aquele pequeno pedaço, mas que sabia tão bem, ao ponto de fazer as minhas papilas gustativas delirarem.

- Obrigada.

- Denada - ele segurou a minha mão e fez um curto carinho, amigável. Senti-me confortável e pude esquecer a situação com o Ethan, por um tempo. Vi que a Addison levantou-se e saiu da sala. Não percebi direito para onde ela foi, mas preferi não pensar muito nisso, também.

- Bem, nós temos de falar sobre como vamos sair daqui - o Toni começou, apoiando os seus cotovelos na mesa, enquanto encarava cada um de nós, com seriedade. Ele tinha razão. Nós combinamos de voltar, no máximo, após 5 horas, mas acabamos por ficar aqui. O resto do grupo deve estar preocupado e não podemos prolongar a nossa estadia, por mais tempo. Eles estavam nos esperando e por agora, apenas iremos sair daqui e voltar para a paróquia com a comida que pegamos aqui. Depois pensaríamos sobre a hipótese de voltar a tentar a nossa sorte, no hipermercado.

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