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✰*ૢ✧ ᴺᵒᵗᵃˢ ᵈᵉ ᴬᵘᵗᵒʳ : ✰*ૢ✧

Este capítulo contém conteúdo sensível. Pessoas que se sintam desconfortáveis, peço que não leiam ou passem a frente todas as vezes em que se sinta desconfortável. Obrigada. (Não acredito que acabei de falar isso 😂)

✰*ૢ✧ Capítulo : ✰*ૢ✧

O nervosismo percorreu o meu corpo. Pude finalmente sentir o grande impacto do que queria dizer com "diferente". O ar estava mais pesado e emanava cheiro a podridão. Os grunhidos da escola do lado, que antes se faziam presentes a toda a hora em alto e bom som, agora estava mergulhado num profundo silêncio. As paredes, antes rachadas e com manchas de bolor, agora tinham pequenos buracos e manchas de sangue seco mas bem escuro. Algumas árvores estavam tortas e no pátio, alguns cadáveres mantinham-se imóveis, adormecidos pelo grande e barulhento silêncio. Alguns pequenos parasitas como ratos e moscas, rondavam o pátio.

O meu estômago revirou novamente quando percebi bem a estrutura de um corpo completamente esmagado por uma pedra. O sabor amargo voltou a fazer-se presente na minha boca, mas fui capaz de me segurar. Eu tinha a certeza que algo não estava certo e que aquilo claramente não foi causado por algum zumbi. Levantei-me lentamente e olhei as pegadas vermelhas, no chão, que desapareciam ao longo do caminho, até parar perto do portão. O sentido das pegadas era de dentro do colégio para fora e o facto das pegadas serem bem retas, demonstrava que claramente não foi um infetado.

Comecei a andar na frente, na direção do interior do colégio. Ouvi os restantes a dizerem para eu parar, mas eu não o fiz, apenas continuando a entrar, acabando que os garotos seguiram-me para ver como a escola estava, como eles falavam. Segui em passos lentos, arrepiando-me ao ver o estado do interior da escola. Só na entrada, havia diversos corpos de infetados espalhados pelo chão. A bancada estava com um corpo lá, ainda seguro na bancada graças a uma faca de cozinha coberta de sangue. O cheiro a podridão era quase insuportável, fazendo-nos procurar algum ar puro através das janelas quebradas, onde se faziam presentes nos estilhaços de vidro perto das aberturas onde um dia foram janelas.

Quanto mais observava o local, mais ganhava certezas que alguém tinha estado aqui. Subimos para o primeiro andar. Lá, a situação estava mais arrepiante, já que havia mais corpos e mais sangue, lá também. As janelas estavam tapadas apenas com as tábuas de madeira, enquanto os pedaços de vidro quebrado estavam espalhados pelo chão. Todo o colégio estava mergulhado num silêncio perturbador e cortante. A tensão aumentava a medida que seguiamos para a sala 1C onde costumávamos fazer as nossas reuniões. Abri a porta lentamente e vi tudo o que não queria ver. Havia corpos pútridos encima das mesas caídas. O armário de materiais da sala, estava tombado no chão, com os materiais espalhados pelo chão. Havia dois corpos abandonados, que balançavam o seu corpo, seguro a uma corda a volta dos seus pescoços, presa ao teto. Tudo o que tínhamos na sala estava rasgado ou manchado com sangue. O facto daqueles corpos já estarem em decomposição tornava o cheiro mais insuportável em relação ao que estava nos corredores.

Saímos da sala e eu fiz questão de deixar a porta aberta para ver se o cheiro sumia graças ao vento gélido que se atrevia a passar entre as tábuas de madeira, nas janelas. Continuamos a andar até chegarmos a sala onde guardavamos os mantimentos, desde comida a roupas. Senti-me hesitante, de alguma forma. Aquela situação era arrepiante e eu não estava a gostar minimamente do rumo a que isso provavelmente iria. Sabia que voltarmos seria uma má ideia, mas nunca pensei em arrepender-me tanto.

A minha respiração estava baixa e podia facilmente ser confundida com os sopros que o vento lançava para dentro da escola, numa tentativa de nos aliviar do cheiro horrível a podridão. Abri a porta lentamente e estava tudo como imaginei. Toda a comida, armas e roupa que tínhamos guardado, fora levada, agravando a minha suspeita de ter sido uma pessoa. Olhava o interior da sala, menos afetada que as restantes. O cheiro de podridão lá era quase inexistente, por isso que era tão agradável e fazia com que fosse finalmente capaz de conseguir inspirar fundo sem sentir o meu estômago a contorcer-se de nojo. Olhei para quem me acompanhava e estava claro que eles também concordavam com a hipótese de ter sido alguém. No entanto, o medo que essa suspeita fosse real é que me deixava tensa....o que essa pessoa iria querer de uma escola abandonada e já quase para cair aos pedaços? O que essa pessoa teria achado de interessante ali para levá-lo a sequer entrar ali?

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