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Acabei por sair da sala, não muito tempo após toda aquela animação. Ainda estava a raciocinar o facto de me terem escolhido para um cargo como aqueles. Eles falam que eu tenho tudo para ser líder, mas eu não me sinto assim tão confiante acerca disso, mas eu agora não quero pensar nisso. Ainda tenho muito que pensar, na realidade. Tenho que conversar com muita gente. Com Emília, Leonardo, Thomas, Judy, Faustine, Lawrence, Félix e-

Antes que pudesse terminar a minha lista mental, eu sinto alguém puxar-me. O aperto não foi necessariamente forte, mas foi o suficiente para sentir uma rápida ardência no meu pulso. Quem quer que me agarrou, pareceu que no primeiro segundo apenas queria que eu tivesse bem a consciência bem da sua presença, para depois me levar para uma sala a parte. Eu estou muito confusa, já que eu não faço a mínima ideia de quem me está a levar, para onde e porquê. Não tardou muito para entrar numa das muitas salas daquela paróquia. O som discreto da porta a fechar contrastou com a intensidade com que aquela pessoa necessitava falar comigo. Encaro as costas daquela pessoa, até que ela se virasse de frente para mim, o que me deixa realmente confusa, é a pessoa que me levou até aqui.

- Harry? - arqueio a sobrancelha. O Harry suspira e aproxima-se lentamente de mim. Começo a ficar nervosa pela sua aproximação, mas logo relaxo ao ver que ele apenas quer falar. Ele toca levemente na minha bochecha, acariciando-a.

- S/n...na reunião....

- Shi - eu coloco os meus dedos a frente dos lábios dele, que me olha com confusão - Eu não quero que haja problemas para você. Prefiro levar com todas as culpas do que puxar você comigo e você correr grandes riscos de levar uma punição.

- Não era preciso....se algo fosse para realmente acontecer, eu quero que sejamos punidos juntos. Pelo menos, assim terei a certeza que você não ficará sozinha - ele abraça-me. Não sei o que me deixou mais intrigada, se foi a sua atitude ou o que ele falou.

- Harry....

- Eu quero ficar com você, S/n - arregalo os meus olhos, demonstrando que não estou a entender o que ele quer dizer - Você é uma pessoa com que me apeguei bastante desde que essa epidemia começou. Você também sempre me atraiu de certa forma....a sua força e inteligência claramente eram chamativas, mas o que eu sempre apreciei em você, é a forma como você reage. Você reage de uma forma tão.....incrível que eu não consigo não ficar fascinado com cada atitude sua. Você é uma pessoa que eu gostaria de conhecer ainda melhor, aumentar os nossos laços e tentar novas coisas....apenas nós dois - sinto as minhas bochechas queimar violentamente com tudo o que ele falou, mas deixo que ele termine - Se nós não estivéssemos nessa desgraça de epidemia, eu iria convidar você para sair, umas quantas vezes.....mas agora, fica mais complicado. Mas, nós até temos a sorte de conseguirmos ter uma área limpa de infetados....o que acha, se um dia fôssemos dar um passeio por aqui? Apenas nós dois...para esfriar a cabeça de todos esses problemas - ele dá aquele sorriso maravilhoso dele, que fez com que borboletas na minha barriga se agitassem velozmente e o meu coração batesse, agitado.

- Eu adoraria - dou um sorriso fofo e ele sorri de volta, acariciando o meu rosto antes de depositar um beijo na minha bochecha, que fez com que as minhas bochechas queimassem ainda mais.

- Então, quando se sentir mal...venha ter comigo e poderemos aproveitar - ele pisca o olho para mim, antes de sair. Eu começo a sentir-me confusa e nervosa? Que sentimentos são aqueles? E porque eu sinto por várias pessoas? Por algum motivo, eu sinto que isto é muito errado. Suspiro e sai-o da sala. Tenho de falar ainda com umas quantas pessoas antes de puder ter mais um descanso.

Os tempos têm passado corridos e mal dá para eu continuar a contar quanto tempo passou desde o desastre no hipermercado. As coisas têm ficado mais suaves a medida que o tempo passou. O Faustine e o Lawrence continuam a reagir de forma estranha comigo, as pessoas já aceitaram a presença do Thomas e da Judy, que agora são tratados de igual forma e ajudam bastante no quesito das patrulhas e saídas para aumentar o nosso território. Conseguimos limpar completamente o hipermercado com muito esforço por parte de todos, agora apenas falta-nos retirar os corpos de lá, mas, assim como havia pensado, o hipermercado foi o nosso jackpot, já que agora não temos de sair da barreira para irmos pegar comida. Eu sei o quanto que isso é errado...estarmos a deixar que os membros do nosso grupo fiquem presos dentro desta falsa rede protetora... é como se os tivesse a treinar para um suicídio. Porém, nós às vezes saímos das barreiras, apenas para deixar bem claro a nossa posição e que nunca estaremos completamente a salvo, num mundo como estes, tal como para aplicar as técnicas que aprendemos nos treinos. Hoje estamos a sair para além da barreira, apenas para ver como serão os nossos desafios futuros. Estamos a pensar em fazer um mapa, onde dirá zonas onde haverá mais infetados e menos. Todos ainda têm algum receio e não são capazes de enfrentar os infetados depois do que passaram no hipermercado.

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