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Como se diz, o tempo sempre passa a correr. Quando dei por mim, já era o dia que iríamos partir. Milagrosamente, eu consegui melhorar bastante, ao ponto de estar quase no meu 100%, mas isso não mudou o facto de eu ter de ir no meio e não puder fazer esforços. Enquanto eu recuperava, todos fizeram os ajustes necessários para conseguirmos sair e fazer tudo o que tínhamos para fazer, sem corrermos riscos desnecessários.

Eu estava a pegar no machado que iria levar, enquanto olhava discretamente as pessoas que iriam ficar. Eu entendia que essa missão era difícil e talvez eles estejam inseguros, também não os culparia, mas talvez fosse bom que eles pudessem ajudar-nos. Talvez fosse mais seguro ainda. No entanto, não irei obriga-los a ir. Eles poderiam escolher o que queriam fazer, são os seus direitos.

- Estão prontos? - a Emilia aproximou-se do grupo. Por mais que ela não fosse, ela era uma ótima líder e é ótima em comandar essa "missão".

- Estamos sim - todos sorriram e viraram-se para a Emilia. Nós tínhamos nossas armas e uma mochila com suprimentos, caso algo acontecesse e não desse para voltar.

- Tomem cuidado - a Hailey olhou para nós receosa, mas parecia que sua preocupação estava mais focada em mim, no Zion, no Félix e no Ethan. Também não a culpava. Ela não conhecia ninguém desse novo grupo e a sua timidez impedia que ela tivesse mais intimidade com pessoas que ela não conhece tão bem. Por isso que ela falava mais comigo, com a Scarlett, o Jay ou o Lawrence.

- Nós iremos ter - dei um sorriso para ela, aproximando-me dela e dando-lhe um abraço, que ela retribuiu. Depois de uns segundos afastei-me ligeiramente e segurei as suas mãos com cuidado - Se algo acontecer, quero que você apoie todos os que precisarem, ok? - eu vi os seus olhos brilharem e depois ela deu um curto sorriso, concordando com a cabeça.

- Não iremos demorar - o Toni aproximou-se da Emília e deu um abraço na mesma - Toma conta de todo mundo.

- Eu irei - ela sorriu para o Toni, depois fazendo o mesmo para cada um de nós, que iríamos.

- Ok, o melhor é irmos - o Ethan olhou cada um de nós, para saber se já poderíamos ir.

- Sim - concordei com a cabeça e aproximei-me dele.

Todos começamos a ir. Fomos até a entrada, andando pelos corredores da paróquia, até sentir o Ethan a segurar a minha mão. Eu parei e olhei para ele. Como éramos os últimos, os restantes não perceberam e nós ficamos para trás. Quando já não dava para nós avistar, o Ethan olhou no seu rosto, segurando a minha mão com um pouquinho de força. Ele que iria começar com o plano, por ele ser o mais rápido do grupo, no momento. Talvez fosse por isso que ele estava nervoso.

- Ethan? Está tudo bem?

- S/n, eu não sei se vou conseguir....

- Ethan, não fales isso. Eu sei que você consegue. Eu acredito em você - retribui o aperto na sua mão, enquanto olhava no fundo dos seus olhos.

- Por favor, deixa eu terminar - os seus olhos brilhavam com intensidade enquanto ele me olhava com doçura e receio ao mesmo tempo. O que ele me queria falar para estar deste jeito?

- ....

- Eu não sei se vou conseguir e por isso que quero falar tudo de uma vez.

- Falar o quê, Ethan?

- Eu não consigo te tirar da minha cabeça por nada. Por mais que me esforce, tudo o que eu penso sempre acaba em você e eu acho que vou dar em doido se não conseguir falar tudo o que sinto por você. Você é a pessoa mais linda, forte, inteligente e gentil que eu já conheci. E se desse, depois disso, eu queria que você voltasse a dormir comigo - senti as minhas bochechas queimar, com a confissão, não conseguindo formular as palavras para conseguir responder-lhe. Ele também parecia envergonhado mas não arrependido. Quando dei por mim, ele beijava a minha bochecha com carinho. Senti o meu coração acelerar bruscamente, como se fosse explodir. Olhei no rosto dele quando ele se afastou e depois ele sorriu para mim - Pense nisso, S/n.

Ele sorriu e piscou para mim, voltando a caminhar para o portão da frente da paróquia. Eu fiquei uns segundos parada, a processar tudo o que ele falou. Estava tão confusa e isso deixava-me incomodada pelo facto de, na maioria das vezes, eu sabia exatamente como reagir. Mas agora....eu estava a testar todos os limites dos meus sentimentos, que isso deixava-me desorientada. O que eu estava a sentir?

Engoli em seco e abanei a cabeça em negação e segui o restante do grupo para fora. Quando cheguei lá, todos estavam a por-se em posição. Percebi que o Ethan não estava mais lá e senti o meu coração acelerar. Ele já deveria ter saído. Fui para perto do grupo, colocando-me no centro do círculo que faziam, a minha volta. Apertei o meu machado com mais força.

Os infectados que antes estavam ali, já deveriam desaparecido do portão e provavelmente, perseguiam o Ethan, naquele mesmo momento. Ele pensamento deixou-me desestabilizada com a proposta dele ser devorado a qualquer momento. Mas agora não tínhamos tempo para isso. Independentemente do que estiver a acontecer do lado de fora, agora teríamos de continuar, porque tudo isso é pela nossa sobrevivência e se não arriscarmos agora, poderemos arrepender-nos depois.

Todos os meus pensamentos roturaram quando ouvimos o som de aviso para esperarmos 5 minutos até o Ethan voltar. Um tiro. O meu coração acelerou mais ainda quando esse sinal foi dado e comecei a sentir uma mistura sufocante de sentimentos. Estava tão nervosa, empolgada e apavorada, que isso foi capaz de despertar a adrenalina sobre o meu corpo. Relembrei-me que não poderia exagerar e eu só iria atacar algum infetado, em casos de emergência. Mas eu sei como sou e como não me vou conseguir controlar quando vir algum dos meus amigos, em crise.

O tempo passava devagar em minha cabeça e todo o meu corpo sentia a necessidade de arriscar, de expulsar toda a energia que ele guardou durante essas semanas de recuperação. Todo o meu corpo estava a viver ao máximo, como não tinha vivido antes. Nunca me senti assim e isso é que era estranho. Só queria atacar aquelas coisas, logo. Precisava libertar a minha energia em alguma coisa. Olhava para todos os cantos possíveis, sentindo o olhar do Johnny e do Leonardo sobre mim.

- Calma, S/n - o Johnny fez um carinho no meu braço. Eu olhei para ele em silêncio e concordei com a cabeça. Comecei a tentar relaxar o meu corpo. Ele tinha razão. Eu tinha de me acalmar, já que não poderia gastar toda a minha energia agora, quando o plano estava só a começar. Eu vi-a todos os infectados a correr para onde estaria a vir o som. E nós, mantinhamo-nos a uma altura baixa, para eles não nos verem. Isso durou por mais uns minutos, até os zumbis pararem de passar.

Eu andei até ao portão, apoiando-me no portão para me manter abaixada e em equilíbrio, para não cair de bunda no chão. Olhei para o lado onde os infectados tinham estado a correr, vendo a rua completamente vazia. Olhei para o outro lado e apanhei um susto do caraças quando vi o Ethan a aproximar-se do portão. Eu caí de bunda no chão pelo susto, sentindo o meu coração bater bem rápido por causa daquilo, reclamando baixo enquanto eu e o Ethan nos olhavamos, eu assustada e ele neutro. Isso, até ele sorrir e começar a rir baixinho, passando por cima do portão sem fazer barulho, sendo bem rápido ao ponto de deixar-me espantada pela sua agilidade.

- Você está bem? - ele aproximou-se de mim, estendendo a mão para mim. Ele ainda ria, o que me fez suspirar antes de segurar a sua mão e ele me ajudar a levantar.

- Você é um idiota por me assustar desse forma.

- Desculpa.

- Bem, casalzinho aí, a gente tem de ir antes que os zumbis voltem - a Addison riu. Eu e o Ethan coramos e desviamos o olhar, indo cada um para a sua posição.

O Toni olhou para nós e fez um sinal com a mão para avançarmos. A partir daquele momento, iríamos apenas comunicar com gestos, para evitarmos sermos pegos. Com aquela ordem, todos começaram a passar por cima do portão, já que o portão estava ferrugento e iria fazer bastante barulho. Assim que todos passaram, voltei a olhar ao redor para ter a certeza que não haveria mais daquelas coisas. Não vi mais deles, enquanto os restantes voltavam a reformular as posições.

O Toni fez uns gestos a perguntar se estaríamos prontos, vendo todos a concordarem com a cabeça. Fui aí que voltei a sentir todo o meu corpo aquecer graças a adrenalina que voltou a correr pelo meu corpo, assim que pisei fora do portão. A sensação de insegurança. De imprevisibilidade. De medo. Tudo isso repetiu-se com os efeitos sobre o meu corpo. Por mais que estivesse nervosa, eu sabia que era essa a crua verdade, que eu teria de encarar constantemente. Mantendo-me inundada na incerteza.

ཻུ♡ 𝕰𝖘𝖈𝖔𝖑𝖍𝖆  ཻུ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora