O começo de um novo dia deveria ser algo animador e que nos desse esperança para reverter os nossos erros. Só que é tudo diferente num apocalipse e não era apenas acordar e sentir a insegurança acerca da possibilidade de podermos morrer hoje, mas também pelo cheiro e os sons. O cheiro da morte que percorre as ruas desgastadas e abandonadas, o cheiro a sangue e a corpos mortos, o cheiro que nunca poderíamos apagar e que mesmo com o tempo, era difícil de nos habituarmos. Assim como os sons, os sons contínuos dos pés mortíferos que já perseguiram milhões de pessoas e que conduziu o mundo a ruína, o som dos grunhidos dos mortos ambulantes, esperançosos de encontrar novas presas, novos alimentos indefesos que eles possam saborear. Como eu odeio o apocalipse e desejava que pudesse voltar atrás, voltar e impedir que tivesse chegado a este ponto irreversível. Só que aqui, o apocalipse não é tão impiedoso, pelo menos, enquanto nós acreditamos nisso e acreditamos que estamos seguros dentro de uma barreira. Pobre ilusão que os ingénuos ousaram acreditar.
✓
O sol bateu sobre o meu rosto, fazendo com que me remexe-se ligeiramente na cama. O frio da manhã misturava-se com o calor do corpo do Thomas. Tenho a audácia e tocar o seu peito, com as minhas costas, na busca de obter mais contacto para além dos seus braços fortes a volta da minha cintura. Uma risada suave e rouca sopra sobre o meu ouvido, o que levou aos meus pelos se arrepiarem. O Thomas apoia a sua cabeça no meu ombro enquanto acariciava a pele da minha barriga com os polegares.
- Bom dia, princesa - ele murmura, preguiçosamente, com a sua sedutora voz rouca. Eu faço questão de entrelaçar os nossos dedos e sorrir carinhosamente para ele.
- Bom dia - eu viro ligeiramente o rosto para o olhar, mas ele aproveita a movimentar para depositar um carinhoso beijo na minha bochecha, que me levou sentir minhas bochechas esquentar rapidamente.
Ele riu da minha atitude e afrouxa levemente o abraço, dando-me oportunidade de puder virar-me para o abraçar de frente. Nós observamos um rosto um do outro por uns longos minutos, confortáveis com o ambiente. Thomas leva uma de suas mãos para acariciar o cabelo mais próximo ao meu rosto e eu repouso a minha mão sobre o seu pulso, relaxando com o toque suave das nossas peles. Eu queria prolongar este momento por mais um pouco, mas eu, quer dizer, nós, sabíamos que ainda tínhamos muito que fazer hoje, ainda mais, quando hoje é a vez do turno de vigia do Thomas e eu tenho de falar com a Sue acerca da sensação de ontem a noite e das minhas suspeitas.
Deposito um beijo suave sobre os seus lábios, antes de ser a primeira a cortar contacto e a afastar as mantas da cama. A aragem ainda mais gélida do que eu imaginava, levou-me a abraçar os meus próprios braços e a soltar um suspiro que mais saiu na forma de uma nublagem branca. Eu levanto-me da cama e começo a procura pelas minhas roupas, que foram abandonadas pela área do quarto. Thomas inspira fundo e senta-se na cama, procurando as suas cuecas box, algures de baixo da cama.
- Hey S/n - a sua voz atrai a minha atenção para ele, que parecia mais focado em vestir a sua roupa do que na pergunta que ele me pretendia fazer - Você está arrependida do que aconteceu ontem? - ele finalmente olha no fundo dos meus olhos, a busca da verdade, porém não foi necessário, já que as minhas palavras saíram de minha boca em total sinceridade.
- Não, não me arrependi e lhe devo um agradecimento, porque você realmente foi capaz de me distrair de todos os meus deveres. Parabéns, ruivinho - ri e sobre os seus lábios, um sorriso de canto faz-se presente. O seu olhar parecia mais perdido em alguma coisa e como se ele nem houvesse percebido, como se tivesse sido um reflexo emocional, a sua boca exclamou tais palavras que me chocaram.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ཻུ♡ 𝕰𝖘𝖈𝖔𝖑𝖍𝖆 ཻུ♡
Romance『Essa é a história da S/n, uma garota que teve que lidar com a sua vida a andar ao contrário (era o que ela achava), mas depois de 5 garotos a salvarem, ela finalmente descobriu o que era realmente ter um mundo a andar ao contrário. Esse novo mundo...