Capítulo 23

133 11 1
                                    

Chego diante do quarto da Lorie e bato na porta...

__Lorie...

Chamo com um tom melodioso, é até meio engraçado.

__Me deixe em paz!

Suspiro e abro a porta, ela tem que parar com esse comportamento arredio.

__Eu trouxe algo para nós, você não quer vêr o quê é?

Ela estica os olhos pra minhas mãos...

__Eu não quero essa porcaria, não estou com fome!

__Humm... mas tá tão gostoso, tem pedacinhos de fruta, uma delícia!

Digo e como um pouco pra vêr se ela se anima.
Mas a menina só me olha de cara feia.

__Faça um esforço! Iogurte é nutritivo, faz você crescer bonita e saudável. Você não quer se tornar a moça mais bonita da cidade?

Estico a outra colher para que ela pegue mas ela não faz isso.
Lorie começa a fazer um beicinho de choro...

__Vá embora! Eu quero ficar sozinha!

Diz começando a chorar.
Não era isso que eu queria, fico chateada comigo mesma mas também não vejo motivo pra ela ficar desse jeito.
Me aproximo e pego suas mãozinhas numa tentativa de lhe explicar o porquê de eu insistir algumas coisas com ela.
Mas ao tocá-la percebo que a Lorie é tão fria quanto o Peter e só agora me dou conta disso.
Tem alguma coisa estranha aí... O quê será que eles tem?
Por via das dúvidas tento levar a mão até a testa da menina pra vêr se ela está com febre porém ela me bloqueia, deixando claro que não é para eu tocá-la.

__Já disse pra me deixar em paz!

Ela funga e me empurra com tanta força que eu bato com as costas na parede e o pote de iogurte cai no chão.

__O que é isso Lorie? Tá maluca?

__Eu disse pra você ir embora!

Puta da vida eu junto as colheres com o pote de iogurte do chão e sigo pra cozinha jogar fora.
Depois vou até a lavanderia e busco um pano pra limpar o chão que ficou respingado.
Novamente no quarto da Lorie, enquanto limpo o iogurte do chão, fico pensando...
Como pode uma garotinha ser tão forte?
Rapidamente termino a limpeza e volto pro meu quarto mas o episódio da super força da Lorie fica me martelando...
Logo lembro que outras coisas estranhas acontecem com essa família...
Não tem jeito, terei que investigar os  Bartholy!
Mas como?
Por onde começar?
Pelo lixo, claro!
Nos filmes a primeira coisa que um investigador faz é remexer o lixo do suspeito.
Volto apressadamente até a cozinha e abro a tampa do lixo de lá mas alguém já o esvaziou.
Decido ir pra caçamba de lixo que fica no quintal.
Abro e vejo que tem vários sacos, me animo porque alguma coisa eu devo descobrir.
Começo a desfazer o nó do primeiro saco...
Que loucura!
Por um momento sinto que estou perdendo a lucidez e isso preocupa...
Só espero que nenhum Bartholy me veja revirando o lixo, seria embaraçoso explicar minha motivação.
Nos primeiros sacos nada de suspeito mas ainda falta um...
Esse está todo sujo de alguma coisa viscosa que eu acho que é sangue, além de feder terrivelmente.
Toda essa nojeira está me fazendo ter ânsias de vômito.
Esse saco de lixo é muito suspeito e eu
não vou desistir agora!
Prendo a respiração...
O nó desse saco está bem mais apertado que dos outros, eu não consigo desfazer.
Decido rasgar e rasgo...
Um cheiro de carniça sobe...
O quê é isso?
Parece um animal morto...!?
Pego o cabo da pá de lixo e reviro o saco...
Não é um animal morto, são vários animais mortos!
Estou em choque...
Uma agitação interior toma conta de mim, eu devo encarar os fatos.
Tem um monte de cadáveres de animais em decomposição no lixo dos Bartholy!
E agora, o quê eu faço?
Ligo pra sociedade protetora dos animais?
Já sei, ligo pra Sara!
Corro pro meu quarto e quando atravesso a porta giro a chave trancando-a.

Drogo Bartholy - Um amor impossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora