CAPÍTULO 2 - DIA RUIM

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DIA RUIM

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DIA RUIM

SAMUEL

Quando acordei hoje de manhã do breve cochilo na área destinada ao descanso médico no hospital, sabia que meu dia iria ser um verdadeiro desastre. Bastou levantar da cama para a cabeça começar latejar com uma enxaqueca avassaladora de tanto ficar acordado horas seguidas,  em frente da tela do computador.

Dr. Mauro gritando ao meu lado, que já tinha dormido tempo suficiente, não melhorava em nada a situação. Tempo suficiente? Enquanto ele não parava de falar asneiras ao meu cangote, tentava encher minha xícara com uma boa dose de cafeína. Olhei a tela do meu celular e percebi que foram exatas duas horas de descanso. Adiantava protestar? Não. Ele era o chefe! Para evitar confusão, preferi engolir o meu café quente de uma vez, sem açúcar, junto com meu orgulho e não proferir nenhuma palavra contra o meu superior.

Mas, confesso. Se ele visse o "Sam" dos meus pensamentos, revirando os olhos e remediando de forma cômica seus gracejos e falas, estaria como eu, quase me afogando com o café de tanto rir. Ou talvez, me despedisse por justa causa. Enfim, com ele no meu encalço falando sem parar, voltei aos prontuários, as amostras genéticas, a imensa lista inútil de hipóteses sem sentido sobre a situação dramática que ele dizia se abater sobre nós.

Mas, quando os olhos começaram a pesar novamente, a cabeça pender lentamente para frente e as letras começarem uma louca dança na tela do computador, senti falta de não ter feito um protesto, puxado as cobertas até acima da minha cabeça e ignorado o seu chamado de voltar ao trabalho.

Como já era de esperar, perdi a guerra para o sono de vez. Tudo escureceu diante de meus olhos e deixei a cabeça tombar com violência pra frente e acordando de sobressalto, com uma dor por causa de um belo galo que ganharia em minha testa por culpa da batida forte e idiota no teclado do computador. O som da consequência daquela cochilada fez toda a equipe voltar a atenção à minha mesa. E as gargalhadas, ecoaram pela sala.

Com tantos olhares voltados a mim ao mesmo tempo, não sabia se queria morrer de vergonha pelo barulho que a pancada fez. Ou tentava entrar na brincadeira e sorria do papelão que acabei de fazer. Preferi ficar mais vermelho que já era, sorrir timidamente e amaldiçoar uma doença bem cruel chamada, depressão.

Pois, poderia estar em qualquer outro laboratório mais avançado tecnologicamente do mundo. Mas, trabalhar num hospital público, por um terço do que poderia ganhar numa indústria farmacêutica famosa, me deixava mais perto da minha mãe. Ela tinha um currículo de depressão que vinha se tornando cada dia mais grave, graças ao meu irmão ter lhe contado que tive a brilhante ideia de me alistar no exército.

Começava a questionar se não seria uma canoa furada fazer as vontades dela, da mesma forma que foi se alistar e ficar bancando o herói em missões perigosas mundo afora, para conseguir chamar a tão almejada atenção da ONU. Por que no final das contas, junto com todas as missões, te sobre todos os estragos psicológicos das experiência vividas. Guerras, doenças, fome e toda sorte de desastres naturais.

No Limite Da AdrenalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora