capítulo 27

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SAMUEL

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SAMUEL...

Abrir os olhos em um lugar desconhecido era pior do que saber que já esteve em mãos perigosas. E quando eu fiz isso, senti o peito apertar em uma dor difícil de explicar. Estava cansado dessa situação. Cansado de lutar. Cansado da dor...

A cabeça latejava e o ambiente girava ao meu redor. Definia paredes brancas, instrumentos médicos acoplados em meu corpo, mas tinha certeza que não estava em um hospital. A boca seca denunciava os efeitos dos analgésicos. Pois a dor, era uma leve lembrança que insistia em persistir.

Segurei meu lado esquerdo do corpo e ensaiei levantar. Uma fisgada pulsou forte e deixei um gemido alto escapar pelos meus lábios. Sentei na cama que rangeu irritante com meu movimento. Respirar era difícil. E os pulmões pareciam pesar toneladas.

- Eu se fosse você, ficava deitadinho quietinho! - a voz feminina chegou aos meus ouvidos autoritária.

- Ayla? - deveria ser um sonho, uma alucinação das drogas que me deram.

Ela não poderia estar sentada na poltrona à minha frente trajada de mercenária. Ou podia? Esfreguei os olhos para ter certeza do que via e eles não me enganaram. Era realmente ela.

- Olá, bebê!- esboçou um sorriso tímido descruzando as pernas e levantando para caminhar em minha direção. - Me desculpe, Sam. Mas eu não poderia te arrastar pra esse caminho tão... Sórdido?

- Eu te amava tanto... - sibilei deixando o corpo cair para trás novamente ao abraço dos travesseiros. Era um sonho, tinha certeza. A Ayla que conhecia jamais trabalharia para Irina.

- Sam... Eu amava você também! Tanto que achei melhor te proteger...

Ayla se aproximou da cama um pouco temerosa, arrumou meu cabelo suado da testa, efeito de alguma febre causada com certeza por alguma infecção. Me encarou e recolheu a lágrima solitária que escorreu pela minha face com o polegar.

- Não faz isso por favor! A mulherzinha aqui sou eu!- ela gaguejou já recolhendo as suas lágrimas com o dorso da mão. - Eu precisava te proteger...

- Proteger? Proteger o caralho! - minha voz se alterou demonstrando ódio. - Só não me diz que você realmente não estava grávida! Que não planejou toda aquela cena com aquela cobra! Que pelo menos amava aquela bisca da Ester!

Um acesso de tosse me interrompeu. Não podia acreditar que tudo que ela fez fosse um teatro para esconder toda essa sujeira debaixo do tapete.

- Eu lembro, Ayla! Como se fosse hoje da Ana, com aquela cara de biscate interromper meu ensaio das palavras que lhe diria no jardim da casa de Leonardo. - deixei um sorriso dolorido se formar no meu rosto voltando ao passado. - Pelos céus, garota! Fazia um bom tempo que tinha saido do meio da multidão da festa para me esconder ali! E sabe pra quê? - ela negou - Para treinar o pedido de casamento que te faria! - bradei.

No Limite Da AdrenalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora