Capítulo 28

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KEYLA...

Eu era uma leoa furiosa serpenteando o meu andar de um lado para outro naquela jaula, deixando que a pontas dos meus dedos batessem em cada barra de metal da curta distância de dois metros que era visualizada a minha frente. Volta e meia eu parava, dava um soquinho nas barras, respirava fundo e recomeçava.

Os neurônios estavam trabalhando incansavelmente numa busca astuta de soluções para sair dali. Ainda vestia a jaqueta de Souza sobre a minúscula camisola. Sentia vez ou outra um arrepio se abater sobre meu corpo e não sabia se era da baixa temperatura do lugar ou medo. Meus olhos astutos estudavam possibilidades viáveis a uma fuga.

Volta e meia um sorriso iluminava o meu rosto, desaparecendo de rompante por que tudo que imaginava não passava de uma sandice criada pela minha mente e logo meu olhar triste voltava a reinar.

O tempo se arrastava ali dentro. Parecia que já faziam um ano que me encontrava naquela prisão. Mas, tenho certeza que não deve ter passado nem sequer umas cinco horas. Onde estaria o ruivo? Essa pergunta não calava dentro da minha mente. Sabia dos seus ferimentos. Eles eram bem graves. Tinha certeza que Yuri deveria estar cuidando dele. Mas, precisava urgentemente de notícias suas. E essa angústia, me matava aos pouquinhos...

Me escorei com as costas nas barras de metal e olhei Souza e Lince à minha frente. Eles dividiam a mesma cama sentados e apoiados um nas costas do outro. Souza tinha uma perna recolhida. Apoiado no joelho com o cotovelo ele dava soquinhos na sua testa. Talvez, estivesse cogitando o quanto foi burro na sua atitude. Ou só contando os minutos que alguém viria até ali e escolheria um de nós para torturar.

Lince, tinha recolhido as pernas num abraço e escondeu o rosto nelas. Aquela garota nunca vai me perdoar. E se tiver oportunidade de sair dali viva, vai achar um meio de se vingar de mim. Deixei o corpo escorregar até ficar de cócoras e libertei as lágrimas para rolarem por meu rosto. Agora, não há espaço para vergonha. Não é fraqueza que elas representam. E sim, o tamanho da culpa e irresponsabilidade por todos que envolvi nessa caçada idiota.

Era tudo tão simples ao lado daquele cara! Por que eu tinha que complicar tudo? Pra que afogar um ego ferido, jogar todas as possibilidades de fuga fora, amarrar destinos com essa minha estupidez? Se ele tiver um pingo de juízo, nunca mais vai olhar na minha cara...

- Levanta daí loura!- A voz rouca de Yuri me fez levantar num salto e voltar toda a atenção para as barras de ferro.

- Yuri... Como ele está?- a conversa chamou a atenção de Lince e Souza que se aproximaram das barras um tanto desconfiados.

- Está vivo, isso é o que importa! - ele revirou os olhos demonstrando que algo estava muito errado.

- Então cara, sem pressão, mas o que vai acontecer com a gente? - Sousa perguntou ajeitando os óculos trincados no rosto.

No Limite Da AdrenalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora