CAPÍTULO 6

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Keila

Foram dez minutos até parar numa garagem de um prédio no subúrbio da cidade. Aquele prédio era antigo e o sistema de segurança ali, era zero. Então,  não precisava me preocupar em se esconder de câmeras e nem as provas do sequestro que estava cometendo. Posso respirar aliviada com isso? Não. Prédios de subúrbios tem um sistema de vigilância muito mais avançado que os tecnológicos chamados "olhares indiscretos de vizinhos". Mesmo assim, precisava me arriscar.

Estacionei numa vaga que mal coube o carro e comecei a analisar a parte mais difícil que viria a seguir. Não tinha planejado as coisas dessa maneira. Poderia ter meus defeitos. Mas, não era uma criminosa. Pelo menos, não a ponto de cometer um sequestro. Aquele momento de indecisão sugava todas as poucas energias que haviam sobrado dentro de mim. Precisava agir. Se decidi pelos riscos, era hora de assumi-los

Pelo espelho  dei mais uma conferida no meu prisioneiro emonado  no banco de trás.  Ele era forte. Sabia disso quando ganhei aquele abraço apertado dele no elevador. Só estava colaborando, pode me dominar facilmente e reverter a situação de forma rápida e talvez, até bem violenta. Por um momento, analisei que talvez tenha sido uma péssima ideia o trazer junto. Poderia ter pego o carro, o dinheiro e o obrigado a dar as senhas do cartão.

Mas, ele os bloquearia em minutos e estaria do mesmo jeito que estava dentro do elevador. Não posso usar meu dinheiro. Meu sogro  rastrearia todas as minha transações financeiras facilmente e descobria muito fácil onde estaria escondida ou para onde pretendia ir. Não posso voltar à minha casa. Pode ter capangas dele por lá me esperando. Não posso nem ir até o cofre da oficina...

---Sam... Meu noivo é um psicopata! Eu não  vou te machucar, só preciso que colabore comigo...--- falei séria o encarando pelo meio do banco.

Ele decidiu não falar mais comigo durante o trajeto até ali. A cara de irritado dele, deixava aquela promessa que me daria aquelas palmadas prometidas no primeiro momento que pudesse, muito realista. Porém, era também tentadoramente sedutora.

--- Me solta e a gente conversa...--- mostrou as mãos amarradas. Mas, a sua ira bem clara expressa no seu rosto  estava me deixando com medo.

--- Se eu te soltar, não seria um sequestro! Seria um encontro! E eu não sei se já estou preparada para esse evento...

--- Acha que não vão sentir a minha falta a qualquer momento? — Ele trincou os dentes irritado — Garota, cai na real, isso é sequestro! Sabe quantos anos de cadeia isso dá? — revirou os olhos tentando evitar me encarar.

--- Presta atenção...--- comecei de forma calma, embora a minha voz demonstrasse quase um desespero interior.--- Você vai descer comigo... Vamos até o apartamento que era meu e lá conversamos...

--- Vai me soltar? --- Se eu pudesse,  o teria amarradinho ao pé da minha cama o resto da minha vida, mas...

--- Não. Você vai comigo até meu apartamento. Conversamos. Depois quem sabe...--- mordi os lábios dando uma olhada bem detalhada nele e no corpo dele. Pra que ser tão tentador assim?

Sabia que se ele resolver revidar. Não vou conseguir detê-lo. Vou perder a chance de beijar aquela boca, cujo o desejo por ela vem crescendo a cada instante. Se ele fugir, tudo bem. Vou pensar em algum jeito de seguir o meu plano sem ser rastreada. Mas, se me imobilizar e chamar a polícia. Vou com certeza parar nas mãos do meu sogro outra vez. E isso era apavorante.

— Por favor, Samuel! Se comporta, ok?— Quase implorei. E talvez, minha cara de desespero o tenha convencido.

— Ok...— Não soou  de tudo muito convincente, mas não tinha outra opção no momento.

No Limite Da AdrenalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora