PRÓLOGO
A APOSTA
Toda sexta após o trabalho, eu e minhas amigas nos reunimos num barzinho perto da litorânea. Uma longa rodovia à margem de um lago adornada por postes de iluminação que deixam o lago todo iluminado parecendo ter estrelas dentro das suas águas escuras. A lua cheia, muitas vezes brinda-nos com seu esplendor fazendo parte da decoração do mesmo. Duas amplas pistas muito bem asfaltadas parecendo um belo tapete pronto à ser percorrido e um canteiro central muito bem cuidado a dividindo. Com um movimento surreal de carros até à uma da manhã. Depois, deserta era palavra que definia muito bem aquele cenário fantasmagórico que se formava depois daquele horário.
A fofoca da semana era posta em dia no bar do Zeca em meio a uma boa música ao vivo, petiscos, bebidas e muitas risadas. Um ambiente agradável todo decorado com temas sobre carros tunados e antigos. Atendimento exemplar, embora os preços ali fossem meio salgados.
Alguns anos atrás, após esses nossos encontros, nós nos reuníamos na cabeceira da ponte da litorânea e apostávamos corridas de carros, no calar da fria madrugada aproveitando a extensão das pistas e o trajeto perfeito que ela proporciona. Correr ali, era como deslizar nas cordas de um violão provocando as mais belas melodias. Haviam também os mais exaltados que traziam um rock muito mais pesado, com suas derrapadas e cavalos de paus. Foi ali, ganhando as provas uma atrás da outra, que comecei minha coleção de carros.
O primeiro? Bom, foi um Corvette Azul, depois uma BMW preta, um Camaro amarelo e atualmente o Mustang que tenho. Vermelho intenso com faixas pretas o adornando, uma fera que exige uma certa destreza ao pilotar. Afinal, domar todos aqueles cavalos de potência não é pra qualquer um. O coração acelerando de 0 a 300 km/h em poucos segundos, provoca sensações que nem todos conseguem administrar. Sinceramente? Ele é minha paixão! E em muitas vezes na minha vida, preferi estar de posse dele, sentindo o prazer que ele me proporciona, do que em braços alheios por minutos vãos.
Porém, depois da morte de Rodrigues num terrível acidente na cabeceira da ponte, decidimos que era hora de tomarmos juízo e acabar com essa brincadeira perigosa. Além do que, a polícia ficou mais vigilante e não queríamos que os nossos bebês parassem em um depósito todo empoeirado.
Só que hoje...
__Olá, donzelas! Quais destas beldades se intitula a "Gata Parda"? __ um belo moreno, alto, vestido com uma roupa de grife que tinha orgulho em exibir, embora nada mais fosse que uma camisa gola Polo e uma calça jeans, se aproximou da nossa mesa com um sorriso galanteador perguntando para as quatro amigas inseparáveis que ali estavam, mirando cada uma delas bem dentro dos olhos tentando ele mesmo encontrar a resposta.
__ Eu me chamo assim, por quê? __ devolvi o sorriso sem muito interesse no charme dele, conheço bem esse tipo de homem. Não valem a comida que comem.
__ Pensei que você talvez se interessasse por uma Ferrari... __ deixou a frase solta apontando a belezinha estacionada próxima ao bar pela vidraça.
Os olhares das garotas da mesa voltaram ao seu amarelo ouro que parecia fazer ela brilhar pela luz artificial do estabelecimento como uma estrela de cinema. Pomposa, soberba e para muitos, intimidadora. Chamando assim, a atenção de todos que estavam por ali ou passavam pela calçada ao lado dela.
__ Quanto está pedindo por ela? __ Lince foi a primeira a perguntar ao ver o veículo. Os olhos dela brilhavam fascinados pela máquina ali exposta.
__ Não estou vendendo. Estou apostando! __ O moreno piscou sutilmente para mim.
__ Ela não corre mais! __ Suzi interferiu. Sabia o quanto era tentadora aquela aposta.
__ Não é você quem decide! __ Lince se intrometeu na conversa. Sabe o quanto Suzi sofreu por minha causa no tempo que participava dessas apostas malucas. Ela é como uma irmã pra mim. E Lince, sabe a influência que exerce sobre minhas decisões. __ A unica coisa a qual interfere na vida da gata é sobre as questões da oficina! __ Falou com desdem para a morena. __Vai lá, ganha desse cueca exibido e vende ela pra mim... __ Sussurrou no meu ouvido arrepiando cada centímetro da minha pele já antecipando a emoção que seria voltar a correr.
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No Limite Da Adrenalina
Roman d'amourKeyla era uma garota que vivia no limite da adrenalina. Correr com seu Mustang clandestinamente pelas ruas da cidade, mesmo pondo em risco sua vida e de outros, era seu maior prazer. Até em uma bela noite perder uma corrida e se tornar prêmio de um...