Keyla era uma garota que vivia no limite da adrenalina. Correr com seu Mustang clandestinamente pelas ruas da cidade, mesmo pondo em risco sua vida e de outros, era seu maior prazer.
Até em uma bela noite perder uma corrida e se tornar prêmio de um...
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SAMUEL...
Deixei um gemido baixo escapar com o toque macio dos lábios de alguém em meu rosto. Eles eram quentes e provocavam arrepios em minha pele por onde passavam. Desciam devagar da altura da minha testa em uma linha imaginária até a boca me fazendo recepcioná-lo de imediato num beijo ardente. Quis abrir os olhos e confirmar quem seria o dono daqueles lábios, mas eles não obedeciam.
Pareciam costurados, colados e tão doloridos...
O beijo era bom. Mas, a boca era de alguém que não estava reconhecendo. Parecia ser uma novidade ao meu toque. Retribui deixando a minha boca se abrir para que aquela língua travessa e sapeca pudesse a invadir e brincar com a minha. Era um beijo doce, mas ao mesmo tempo amargo. Retribui de forma implícita levando involuntariamente as mãos a contornar o rosto de quem me beijava. Era um fantasma sem rosto que me assombrava na escuridão que estava.
- Acorda idiota! - por um segundo, a voz de Leonardo invadiu o meu cérebro como um trovão muito alto e apovarante. - Acorda, cara! Quem sabe de olhos abertos você beija melhor!
Levantei de rompante sentando na cama. A dor abaixo da costela reverberou por toda região do estômago, o suor banhava meu rosto e o corpo ardia em febre. Vi Ayla me chamar pelo nome de arma em punho apontando na direção do corredor, escondida atrás do marco da porta.
- Bem vindo ao mundo, belo adormecido! - falou furiosa pela demora que levei para acordar.- Quanto tempo estava me chamando? Onde estava? Que diabos estava acontecendo?
Tentei me ambientalizar piscando várias vezes os olhos. O ambiente era estranho, um lugar ao qual não lembrava estar anteriormente. A cabeça parecia explodir numa enxaqueca violenta...
Ouviu-se um som de uma explosão ecoar pelo lado de fora das paredes. Me apressei a vestir o moletom jogado na cama aos meus pés, tirando logo em seguida aquela camisola ridícula. E mesmo com dor, passei a camiseta ali presente também sobre a cabeça ajeitando a torto e a direito ela em meu corpo. Respirei fundo pra tentar amenizar a dor com os olhos fechados e...
Uma boca conhecida colou na minha assim que me virei em direção a Ayla. Aproveitei a sensação daqueles lábios que me invadiam carrecagados de saudades. Era um beijo que andava desejando a um bom tempo. Um beijo intenso, porém rápido que me despertou aquela corrente elétrica que fazia todas as células do meu corpo responderem na mesma intensidade do desejo que sentia pela dona daqueles lábios, e quando abri os olhos e ela se afastou...
- Keyla! - a abracei com força mesmo sentido que aquele gesto machucava. - Você está bem?- A olhei por inteiro para averiguar seu bem estar, mas ela já me puxou pela mão.
- Tem dois minutos de vantagem! - Ayala mostrou a saída. - Depois vou caçar vocês!
- Mas, que diabos está acontecendo? - quis me inteirar da situação. A minha mente era um labirinto confuso, cheio de imagens desconexas.
