SOUZA...
O vento frio cortava a minha pele no caminho escuro da rodovia. Não lembrei de trazer um agasalho mais pesado. Ou o medo era tão insistente em me abraçar que parecia congelar o meu corpo. O calor de Irina era a única demonstração de esperança nesse rolo todo. Como confiar na própria diaba a sua vida? O coração era um elemento louco e desesperado por fuga. Era covarde. Não era um herói e nem queria esse título.
Via por seu ombro o Camaro preto a nossa frente, guiado pelo helicóptero numa velocidade surreal. Subitamente agarrei ainda mais forte o corpo da ruiva, um tombo de moto agora acreditava que poderia ser fatal. Tentava não pensar nisso no momento, imaginando Samuel agradecer o resgate, do mesmo modo que me socava a cara por essa sandice. Onde diabos estava com a cabeça de contratar mercenários para socorrê-lo? Num filme de ação?
Apoiei o capacete nas costas dela e comecei a rezar baixinho. É uma guerra, caralho! E numa guerra não vale tudo? Talvez, nem tanto...
O som da metralhadora da aeronave me trouxe à realidade. Ela limpava o portão muito bem guardado à nossa frente. Era chegado o momento da verdade. Respirei fundo e implorava que as forças do além me livrasse dos tiros que poderiam vir em nossa direção. Por que só agora, percebi que Irina tinha uma malha que deveria impedir isso sobre seu corpo, ao contrário de mim, que só o casaco jeans me cobria.
"Burro! Como pude ser tão burro?"
Questionei, tremendo de medo por dentro. Eu os viu armados. Pensava que fariam o quê com elas? Que estavam carregadas do quê? Confetes? Aumentei a reza. Era muito jovem ainda pra morrer!
Vi Ayla puxar a glock enquanto guiava a moto e eliminar como mosquitos dois seguranças que ainda tentaram impedir a nossa entrada. Quem pensaria que aquela judia roqueira pudesse ter esse espírito sanguinário? Ela era moça de família, cacete! Seu pai era um simples comerciante! Nunca mais teria coragem de brincar com ela em redes sociais...
O Camaro parou num cavalo de pau em frente a casa antiga de fazenda e antes que tomassem conta de sua presença Yuri e Ivan sacaram dos seus rifles automáticos, desceram e já eliminaram quem quer que aparecesse sem nenhum questionamento.
O meu coração batia no mesmo ritmo que as balas zuniam pelo ar. O sangue congelando aos poucos quando a princesa parou a moto e sem muito se importar com minha presença, já desceu com as pistolas em punho uma em cada mão. O andar serpenteado dela, tão sensual, mas que ao mesmo tempo demonstrava confiança de alto comando. Me transferi em pensamentos para aquelas cenas de jogo que Samuel tanto gostava.
Na enorme tela da televisão da sala, aquilo era de um tesão danado. Ali, no meio do fogo cruzado, não tinha todo aquele charme. Era apavorante. Fui acompanhando a ruiva no encalço da sua sombra como um bom covarde que era. Me sentia fraco e impotente diante dela. E aquelas minhas pistolinhas, pareciam brinquedos de barracas de camelo. Nem sequer consegui dar um único tiro. Tinha medo de errar e acertar um dos nossos e selar o meu túmulo.
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No Limite Da Adrenalina
RomanceKeyla era uma garota que vivia no limite da adrenalina. Correr com seu Mustang clandestinamente pelas ruas da cidade, mesmo pondo em risco sua vida e de outros, era seu maior prazer. Até em uma bela noite perder uma corrida e se tornar prêmio de um...