SAMUEL...
Parece que a dor resolveu fazer parte da minha rotina. E ela estava vindo em ondas cada vez mais fortes a cada despertar. Além dela, a amostra grátis do limbo ao qual visitei, provocava náuseas ao meu estômago. Sentia o corpo reclamar em cada centímetro de pele que o recobria e respirar, parecia um tormento a cada lufada de ar que entrava em minhas narinas. Infelizmente, ainda estava vivo.
Fechei os olhos um minuto tentando lembrar em detalhes o que havia me trazido de volta à um quarto de hospital. E quando a imagem de Eduardo surgiu na mente, tive uma vontade incontrolável de pôr tudo que tinha no estômago para fora.
Cobri a boca rápido impedindo o vexame. Mais a ânsia era cada vez maior ao lembrar do sangue dele em minhas mãos. Os seus olhos indignados com a atitude traiçoeira que tomei me assombravam a mente. Felizmente, uma bacia foi colocada de forma estratégica frente ao meu rosto e fiz com que deixasse livre a passagem da podridão que sentia na alma. Um inspirar profundo, tão cortante como uma navalha, deixou um gosto amargo de derrota que agora invadia minha boca.
- Você quer água?- a voz doce ao meu lado trouxe a realidade. Rebeca engolia o enjoo pela cena com a mão cobrindo a sua boca esperando com a bacia se ainda tinha algo a mais para pôr fora.
- Quero...- respondi com a voz fraca e um pouco envergonhado por ela me ver daquele jeito. Um líquido gelado poderia aplacar aquele queimor intragável na garganta.- Tá tudo bem agora...- sinalizei que ela poderia retirar o objeto.
Ela recolheu o utensílio o levando ao banheiro e logo depois de livrar-se das provas da minha indigestão de dignidade, pegou um copo de água no frigobar do quarto.
- Não é água. Mas o médico disse para lhe dar assim que acordar... -ela abriu o envolcro de metal que cobria o copo plástico e com um auxílio de uma toalha me ajudou a beber.
- O que você está fazendo aqui?- perguntei entre um gole e outro da bebida amarga e grossa que mais parecia uma gosma líquida enquanto me ajeitava na cama escorando na cabeceira agora erguida por ela.
- Cuidando do meu futuro marido, oras? - limpou meu rosto com esmero e deixou o dorso da sua delicada mão percorrer toda a extensão num toque sutil e agradável.
- Quanto tempo dormi?- averiguava o quarto todo procurando uma chance de fuga.
- Umas dez horas...- ela segurou o meu queixo e me fez a encarar. - Está se sentindo bem? Sente alguma dor?- a mão dela pousou em minha testa testando a temperatura com certa preocupação.
- Não precisa fazer isso! Não é nada minha que exige que se submeta a ficar aqui assistindo minha convalescença! - ralhei afastando a mão dela do meu rosto.
- Sou sua noiva! Futura esposa! É minha obrigação, no mínimo lhe fazer companhia!- falou irritada.
- Rebeca, é de mentira! Não precisa fingir o tempo todo! Entenda, não vou ser seu marido de verdade!- talvez, precisasse de mais morfina. A dor insistente e latente estava me deixando irritado ao ponto de não querer aquele cuidado simplório e dedicado dela.
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No Limite Da Adrenalina
RomanceKeyla era uma garota que vivia no limite da adrenalina. Correr com seu Mustang clandestinamente pelas ruas da cidade, mesmo pondo em risco sua vida e de outros, era seu maior prazer. Até em uma bela noite perder uma corrida e se tornar prêmio de um...