Pov Eugênio Barbosa
Sabe aquela vontade que você tem de apertar o pescoço de uma pessoa? Estou com essa vontade há dez anos com aquela maluca da Violeta, todo dia ela arruma um jeito diferente de me irritar e faz isso com muito sucesso.
Nos conhecemos quando tentei comprar um pedaço de suas terras e ali eu vi uma mulher irritada mas, também forte e que luta pelo que quer, e ali de cara foi nosso primeiro embate, o que vem acontecendo desde então.
Mas sua vida não está sendo nada fácil, horas depois do nosso encontro ela recebeu a noticia que sua filha mais velha foi covardemente assassinada e ela já vinha da perda do pai, e desde então sua vida foi só descendo, seu marido ficou maluco e ela tendo que aguentar as pontas praticamente sozinha, esse fato é algo admirável, mas não vou falar isso pra ela, ou ela vai ficar ainda mais insuportável.
- padrinho, está tudo bem?- me assusto ao ver Joaquim me encarando, tenho esse menino como meu filho, o conheço desde que ele nasceu.
- está sim, o que foi?- pergunto.
- eu só vim avisar que sua sócia foi participar de uma reunião sem o senhor- fala e imediatamente me levanto, pombas que ela vai cuidar disso sozinha.
- é o que Joaquim?
- isso mesmo padrinho, ela está cuidando de uma reunião e foi acompanhada da Clarinha- fala e o vejo revirar os olhos, não sei porque eles dois não se dão bem, já que se conhecem a bastante tempo.
- e onde é essa reunião?
- em campos, foram no trem que acabou de sair- fala.
-me passa o endereço agora Joaquim- falo e ele concorda, pego minhas coisas e saio dali imediatamente, se essa maluca acha que vai cuidar de tudo sozinha e me tapear está enganada.
Vou para a estação e compro uma passagem para campos e o próximo trem só chega em meia hora.
...
- eu posso saber o que isso significa violeta?- pergunto assim que chego ao local e ela estava conversando com sua sobrinha, que parece mais sua filha, o gênio igualzinho.
- o que faz aqui Eugênio?
- com certeza seu genro falou o que estava acontecendo- Clarinha fala.
- ele não é meu genro- Violeta resmunga.
- Violeta pombas, você não pode marcar uma reunião sem mim, somos SOCIOS.
- e você vem falar isso pra mim? Ora bolas Eugênio, quantas reuniões voce já fez sim?- fala e eu me sento e não demora para o garçom chega e eu peço meu almoço, pois vejo que isso vai demorar.
- ela está certa senhor Eugenio- Clarinha diz.
- é claro que você vai falar isso, é igualzinha sua tia.
- e qual é o problema de sermos parecidas? Vai...lamber... sabão Eugênio.
- quer saber... vou almoçar e fazermos essa reunião e depois voltar para a tecelagem, sem brigas, por ora- digo e as duas se olham.
- vai ser meio difícil mas, vocês podem tentar- a menina fala e não demora e nós três estamos almoçando e logo em seguida os investidores chegam, depois de três horas de reunião conseguimos fechar mais um contrato e então vamos voltar para a tecelagem.
- meu amor, você não vem?- Violeta pergunta, pelo menos com a filha e a sobrinha ela é carinhosa, porque as vezes nem a irmã escapa de suas patadas.
- eu vou no próximo, tenho que comprar algo, mas não se preocupe- fala.
- está bem, e vá direto para a tecelagem- fala e Clarinha concorda e em seguida a menina vai embora e vamos para a estação, compramos nossos bilhetes e enquanto esperamos, claro que discutimos mais algumas vezes, pois se isso não acontecer, não seremos nós dois, essa mulher tem o dom de me irritar.