Arin tirava os vários ingredientes de dentro dos potes do armário e colocava na bolsa. Eram muitos potes e não caberiam na mochila. Mas os ingredientes sozinhos sim. Podia ver os pés dos guardas do lado de fora da porta, guardando o quarto.
Se não tivesse com a adrenalina à mil, ela provavelmente não veria o pequeno ponto azul pulsando na imensidão da floresta. Aquela pequeno ponto brilhando em um ritmo que ela conhecia. Uma vez, ela e Azriel tinham combinado sinais, três vezes se estão bem, duas se estão com problemas. Ela via a luz piscando de três em três vezes, e entendeu que ele estava lá para ajudar se precisasse. Ela pegou um fósforo na mochila e sinalizou três vezes também.Arin esqueceu por um momento qual era sua missão.
Respirou fundo e voltou para o armário cheio de ingredientes. Reconheceu ingredientes caríssimos e muito raros. Raros do tipo que nunca tinha visto pessoalmente mesmo com a imensa coleção da Fortaleza. Pegou o que conseguiu dando prioridade aos que eram impossíveis de encontrar uma vez na vida, a Rainha nunca acharia de novo... não tão cedo. Pegou as cartas que tinha sob a mesa e os desenhos que seriam entregues para fabricarem as flechas no novo modelo.
Ouvindo vozes pelo corredor, ela se apressou em direção à janela. O pequeno parapeito de 4 centímetros não ajudava a ser rápida. Ela tirou o segundo pé da borda da janela no mesmo instante que a porta abriu. Aliviada, Arin suspirou.
.......
Azriel não se lembrava de respirar enquanto via a fêmea de espreitar na janela enquanto a porta abriu e o quarto era iluminando pela lamparina. Ela ainda estava do lado da janela, se os guardas se aproximassem minimamente veriam Arin.Os guardas avaliaram o local, algo devia estar errado porque estavam agitados. Alguém dava ordens e outros dois apareceram. Saíram do quarto com pressa e luzes começaram a acender em todos os quartos da torre.
Arin se arrastou torre acima, estava encolhida, todas as janelas da torre agora estavam acesas e sendo revistadas. Ela não tinha para onde ir. Em uma hora o sol nasceria e qualquer um poderia ver ela no telhado.- Temos que fazer alguma coisa. - Azriel resmungava.
- Vamos soar os alarmes se formos até lá. – o general falou com razão. – Espera, ela pode conseguir sair por conta própria.
Azriel e Cassian viram quando revistaram toda a torre. Estavam em todos os quartos. Arin não tinha para onde ir, apenas esperar.
Sentiam a leve garoa na extensão sensível das asas, tinham pouco tempo antes de amanhecer. Ela tinha que sair logo.Arin estava se equilibrando o quanto podia no telhado escorregadio da torre. O nervosismo suava sua mão ainda mais, fazendo ela constantemente precisar enxugar no couro da calça. Com os minutos na garoa, logo tudo estava molhado, os pássaros já cantavam ao longe, mas ainda estava escuro. Sua perna teria uma câimbra de tanto estar contraída na inclinação do telhado. Ela tinha que sair dali. Devagar ela se moveu para a lateral da torre, não tinha para onde ir. O mais perto dela era uma torre mais baixa que era ligada à outras duas por uma passarela.Sem opção e com pouco tempo, Azriel viu Arin se espreitar pela borda do telhado, com uma mochila quase maior que ela.
- Deixe a mochila Arin, vamos, saia daí. – ele torcia.
Azriel e Cassian não respiravam segurando a tensão.
Pegando impulso para passar por cima da janela, viu quando uma telha solta deslizou, Arin chocou o quadril no telhado com força e se agarrou a mais outra telha que também se soltou. Fazendo ela rolar até a beira do telhado. Pendurada, segurando apenas com as duas mãos, balançou-se tentando subir enquanto os guardas já com as espadas na mão saiam pela janela na direção da garota.
Azriel fez menção de voar, mas Cassian o segurou pela mão quando viu que Arin alcançou com o pé a borda do telhado e já subia novamente.
Os guardas, maiores que Arin, quase alcançavam a garota quando ela se jogou na torre mais baixa, rolando pelo telhado e caindo na passarela. O guarda mais próximo tentou fazer o mesmo, mas rolou para fora. O outro, no entanto refez os passos da fêmea, mas a viram já correndo corredor a frente.
Quando perdeu a visão de Arin, Azriel e Cassian rodaram a floresta acompanhando a proteção, e lá estava ela, os cabelos que deveriam estar presos estavam agora quase soltos, e apesar de mancar ela corria.
Guardas vinham de todas as direções. Arin que tinha virado à direita na passarela agora voltava, ofegante. Corria de volta para virar à esquerda. Azriel viu quando a fêmea estava rodeada, não tinha para onde correr, não tinha para onde escapar, o final das duas longas passarelas estavam ocupadas por dezenas de guardas, a fêmea estava encurralada à beira do castelo, atrás dela, apenas o precipício.Ele a viu derrubar a mochila sobre o ombro e rapidamente procurar algo, enquanto os guardas assumiram uma posição defensiva vendo que ela procurava algo na bolsa.
A caixinha de fósforo.
Arin acendeu e sinalizou duas vezes. Significava que algo aconteceu e ela precisava dele. Azriel arqueou a sobrancelha, não era possível que ela estava pensando isso. Não. Seu coração parou por uma batida quando ele a viu pular.
Como uma águia, Azriel voou mais rápido do que qualquer outra vez na vida. O vento cortava seu rosto, machucava as asas e secava os olhos. Ele deu a volta pelo palácio tão rápido que era pouco mais que uma sombra.
Arin olhava para ele enquanto caia, ela não gritava, apenas olhava. Era como se soubesse que esse era seu fim e não via problemas nisso. Maldita fêmea suicida. A poucos metros de distância viu que ela sorria. Os cabelos flutuando no vento e a leveza em que a queda a engolia o hipnotizaram.
Apesar da velocidade, era como se tudo estivesse em câmera lenta. Ele podia ouvir Cassian ao longe tentando alcançar, as ondas quebrando contra a costa, os guardas gritando para que alguém corra até embaixo para buscar o corpo da garota e a mochila.
Em algumas batidas de coração Arin encontraria o chão. Azriel apenas enviou as sombras rezando à Mãe que pudessem segura-la só por um maldito segundo. Se ela desacelerasse só por um mísero segundo ele alcançaria ela.
Arin fechou os olhos, abraçando a liberdade que era não ter nada abaixo de si. As sombras a alcançaram e se enrolavam por todo seu corpo, a abraçando.
A jovem sentiu a náusea do mundo se dobrando. O quê?
Abriu os olhos e viu os dedos do Mestre-espião em seu cabelo. Arin sentiu o frio castigar sua pele. Ela esticou os braços, e o Mestre-espião rapidamente pegou sua mão girando-a para cima dele quando o impacto veio. Ambos saíram girando pela neve. As asas de Azriel ao redor dela a protegeram da queda, apenas o frio machucava sua pele. Mas ela estava viva. Azriel havia acabado de salvar a vida dela.
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Corte de Adagas e Sombras - Fanfic Azriel
ФанфикArin, considerada a Princesa da Ordem dos Assassinos é enviada para uma missão em Sob a Montanha, onde conhece pessoas que mudariam sua vida para sempre, como Logan e Rhys, que a considerava uma irmã no meio de todo aquele inferno, mas nem tudo sai...